A carga e a consequente deformação da cartilagem causam modificações na matriz extracelular e no metabolismo celular . A compressão de 25 – 30 % poderá ser o limiar após o qual os condrócitos podem ser permanentemente deformados , pela rotura ou reorganização do citoesqueleto . A compressão estática facilita a down-regulate , a expressão génica e a produção de colagénio tipo II ( agrecanos e proteínas não-colagénicas ). A carga intensa e a carga cíclica aumentam a produção proteica e a imobilização prolongada e a carga reduzida leva à diminuição na síntese de proteoglicanos e ao amolecimento da cartilagem ( também denominada de condromalácia ). 3
Lesão , tratamento e prevenção
A lesão da cartilagem articular , com ou sem o envolvimento do osso subcondral , é uma condição clínica potencialmente grave , considerando a reduzida capacidade de cicatrização . O processo de reparação leva à formação de fibrocartilagem , não hialina , com propriedades biomecânicas diferentes , menos resistente e menos adequada ao suporte da carga articular . 8 Apenas as pequenas lesões podem regenerar e as lesões maiores e abrangendo maior espessura da cartilagem raramente cicatrizam espontaneamente . 9
A cartilagem articular das crianças e dos adolescentes é menos resistente às forças de compressão , tensão e forças de cisalhamento que a do adulto , sendo o risco acrescido nos períodos de crescimento mais rápido 10 . Existem dois mecanismos lesionais : a lesão aguda ( fratura condral ou osteocondral ) ou crónica , de sobrecarga ( osteocondrite dissecante e microtraumática ). Várias classificações de lesões da cartilagem têm sido descritas na literatura , sendo as mais utilizadas as classificações de Outerbridge 11 e a International Cartilage
12 , 13 .
Research Society ( ICRS ).
A recomendação terapêutica para as lesões da cartilagem articular , nomeadamente na população pediátrica , não é consensual e o mais indicado é a individualização do tratamento , que pode ser cirúrgico ou não-cirúrgico . 4 Uma área em grande expansão é a engenharia de tecidos , com a autotransplantação de condrócitos como primeira linha de tratamento , mas ainda com pouca evidência científica . 1 Apesar de ser uma patologia frequente , muito presente em crianças e adolescentes , a prevenção deste tipo de lesão é a chave do problema .
A educação do doente em relação à patologia e aos objetivos do tratamento é de extrema importância , de modo a estabelecer uma boa relação médico-doente . Além disso , a primeira abordagem em qualquer lesão musculoesquelética segue o princípio do PRICE ( protection , rest , ice , compression and elevation ), que significa proteção articular , repouso relativo ou absoluto , a crioterapia estática , a contenção local ( eventualmente com ortótese de estabilização ) e a elevação do segmento ( no caso do membro inferior ). A investigação clínica nesta patologia e neste grupo populacional é muito limitada e habitualmente de baixa evidência . Não existem consensos sustentados pela evidência e desta forma
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