Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2017 | Page 8

De 15 a 18 de março de 2017 decorreu no Mónaco a IOC WORLD CONFERENCE ON PREVENTION OF INJURY AND ILLNESS IN SPORT. Este evento internacional trianual reuniu muitos dos melhores especia- listas da Medicina Desportiva, contando com mais de 1.200 participantes, dos quais eram 12 portugueses. O programa incluiu 5 Keynotes, 33 simpósios, 72 workshops, 75 comunicações livres e 238 posters (divididos em 29 sessões temáticas). Todos os Resumos dos trabalhos apresentados nesta conferência foram publicados no BJSM de feve- reiro de 2017. O programa diver- sificado, chegou a ter 10 opções para um mesmo horário, abordou a investigação na medicina despor- tiva, patologias específicas, a pre- venção da lesão, a relação médico- -atleta, a especialização precoce e o exercício em ambientes extremos, entre outros temas. O holandês Wil- len Van Mechelen, responsável pelo modelo da sequência da prevenção da lesão, apresentou no primeiro dia a conferência 25 years after: The sequence of prevention revisited. Foi uma palestra simples, que mostrou as dificuldades de aceitação da sua obra na altura em que foi feita, mas que posteriormente se tornou universal, repetida e adaptada em várias das sessões da conferên- cia. Um segunda conferência, Why screening to predict injury does not work, transmitiu a ideia de que, independentemente do rastreio ser adequado e dos atletas colmatarem os seus défices, os programas de prevenção nada podem fazer contra o acidente, pois o desporto tem os seus riscos. A conferência Preventing 6 Maio 2017 www.revdesportiva.pt Sudden Cardiac Death: The Good, the bad and the Ugly foi realizada pelo Dr. Jonathan Drezner, um dos autores das novas diretrizes sobre eletrocardiograma nos atletas. Ele foi muito crítico em relação à polí- tica adotada no seu país sobre este assunto, defendeu e comprovou a necessidade da realização do ECG a todos os desportistas. O próximo evento será de 12 a 14 Março de 2020 no Mónaco. Dra. Ângela Gairifo Pedro, no Mónaco. O responsável clí- nico do Centro de Alto Rendimento do Jamor (CAR Jamor), o Dr. João Beckert, especia- lista em Medicina Desportiva e em Medicina Física e de Reabilitação, defendeu a tese de doutoramento Identificação da relação dinâmica entre a resposta fisiológica à hipoxia e o desempenho desportivo de atletas de alto rendimento. no passado dia 28 de março, na Sala de Atos da Nova Medical School – Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Esta tese desen- volveu um modelo matemático que permite a previsão da resposta fisiológica em diferentes condições de exercício e de altitude, com base nos mecanismos de regulação ener- gética e na regulação da perfusão muscular. Este modelo constitui um instrumento para melhorar a prescrição do exercício, sobretudo nos atletas de alto rendimento e nos indivíduos com acentuada limi- tação da capacidade funcional. A tese foi orientada pelo Prof. Doutor Nuno Neuparth, do CEDOC, da Nova Medical School – FCM-UNL, e co- -orientada pelo Prof. Doutor Fran- cisco Alves, do CIPER – Faculdade de Motricidade Humana da UL, e pelo Prof. Doutor João Pedro Mendes do Instituto Superior Técnico – UL. Foi defendida perante um júri presidido pelo Magnífico Reitor da Universi- dade Nova de Lisboa, o Professor Doutor António Rendas. Esta Revista felicita o novo Doutor pela obtenção deste grau académico e também pela nota máxima obtida: Muito Bom com Distinção e Louvor por Unanimidade. A questão da dopagem deve estar permanentemente na ordem do dia. O agente prescritor do atleta, de medicamentos e de suplementos, tem por obrigação de estar atento e evitar que de um controlo de antido- pagem surja uma resultado analí- tico adverso, vulgo, caso positivo. A prescrição dos medicamentos de uso médico é relativamente segura, pois não só a ADoP dá esclarecimentos, como existem alguns locais na inter- net que ajudam a decidir da segu- rança do medicamento no contexto da dopagem. Mas, por outro lado, é muito difícil garantir a permissivi- dade em relação aos suplementos usados no desporto. A leitura dos rótulos das embalagens não deve sossegar ninguém, pois a ausência de indicação de uma substância dopante na composição daquele pro- duto não garante que ele seja seguro. De facto, para além da eventual associação intencional ao produto que se pretende consumir, por exemplo de um esteroide anaboli- zante ou de um estimulante, poderá ter ocorrido alguma contaminação durante o processo de produção. Existe um sítio na internet (http:// informed-choice.org/) que ajuda a ultrapassar este potencial problema. Trata-se de “um programa de quali- dade garantida para os produtos da nutrição desportiva. … É um pro- grama de monitorização que certi- fica que um lote do suplemento, que possua o logotipo (na imagem), foi testado para substâncias dopantes”. Os lotes do suplemento são testados pelo menos uma vez por mês. Na mesma página pode ser averiguado se determinado lote passou neste processo de certificação, assim como se atualiza uma enorme lista de pro- dutos certificados. Em Portugal exis- tem empresas distribuidoras, cujos produtos não possuem este símbolo, mas que dão garantias de segurança. Contudo, o risco de consumo de qualquer substância, medicamento ou suplemento pertence sempre ao interessado, ao atleta, e este deve obter previamente a garantia que o que consome é seguro. A resolução da Presidência 01/10 da Confederação Brasileira de Futebol criou a Comissão Nacional de Médicos do Futebol (CNMF), constituída por sete membros. Já realizou o “Simpósio de Educaç ão Continuada” (foto) em 2015, para a “melhoria dos departa- mentos médicos dos clubes do Cam- peonato Brasileiro das Séries A, B e C; integração entre os médicos; padro- nização do trabalho; e outros”. De acordo com o Dr. Jorge Pagura, o Presi- dente, a comunicação entre médicos é importante, pois conseguem agora “comunicar no momento em que algo acontece, seja antes do jogo, após ou durante a semana nos treinamentos.” Também vistoriam os estádios, onde analisam “a estrutura para atendi- mento, ambulâncias, equipamentos e rotas de deslocamento para chegar a locais com serviços como cirurgia e radiologia”. Em parceria com a Escola Nacional de Arbitragem de Futebol, participa nos respetivos cursos “com palestras sobre atendimento de emer- gência no campo e aulas do programa FIFA 11+, de prevenção de lesão”. A temática da Concussão cerebral é também uma preocupação, para além do aconselhamento mantêm uma morada de e-mail para contacto. Têm sido muito ativos e, lá como cá, estas instituições funcionam. Mais uma obra que a Lidel edita com muita coragem e oportunidade. Este livro, de 326 páginas, reple- tas de imagens bonitas, típicas (e informativas) da termografia, é coordenado por seis especialistas nas áreas da medicina, da medicina dentária e da engenha- ria, aos quais se acrescentam mais 43 autores portugueses e estrangeiros. A nota de divulgação refere que a termografia é “utilizada para a dete- ção de doenças em fase inicial, como lesões malignas ou benignas” e que é uma “técnica não invasiva que possi- bilita identificar várias temperaturas no corpo humano através da própria radiação infravermelha”. A Parte I dedica-se ás considerações teóricas da termografia, das síndromes miofas- ciais, da fisiopatologia da dor, etc. Já na parte II são apresentados de modo sucinto bastantes casos clínicos onde a termografia se revelou fundamental como meio complementar de diag- nóstico. Também nesta Parte se abor- dam várias patologias muito familia- res na medicina dentária. É uma obra muito interessante “colorida”. a coluna vertebral, controlando os movimentos de torção, rotação e flexão. A sua boa tonicidade contri- bui para a pressão intra-abdominal protetora da região anterior da coluna vertebral. Contudo, assiste-se ainda à realização de abdominais” de forma rápida, em potência, com flexão exa- gerada do tronco e muita ajuda dos flexores das ancas. Coloca-se muita pressão na coluna e dores nos múscu- los abdominais desnecessariamente. Como, então, treinar os músculos abdominais? Qual a importância que atribuída aos músculos abdominais (retos e oblíquos)? Quais as diferenças mais relevantes no trabalho físico dos diferentes músculos da parede abdo- minal? São algumas perguntas para as quais se agradece a V. contribuição. A Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva iniciou em abril a publica- ção de Newsletters, cuja publicação é mensal. A participação dos sócios da SPMD será importante para que este excelente meio de comunicação, em formato digital (PDF), melhore ainda mais a comunicação entre os colegas interessados na Medicina Despor- tiva. A esta edição inaugural inclui três secções (Informações, Notícias e Agenda, nacional e internacional), com conteúdos de exposição simples, curta e eficaz. Felicita-se esta impor- tante iniciativa da SPMD. A Lista de Substâncias e Métodos Proibi- dos para o ano de 2017, início a 1 de janeiro, foi já publicada pela Agência Mundial de Antidopagem. É mais uma vez uma lista exaustiva, dividida em categorias e em substâncias / métodos proibidos em e fora de competição. Em rela- ção à Lista de 2016 existem algumas pequenas alterações, quase todas de pormenor técnico muito específico. Contudo, fica-se a saber que a suple- mentação de oxigénio por inalação é agora permitida, que existem algumas alterações em relação aos agentes β2 agonistas e em relação aos corti- coides não há alterações. Refira-se a inclusão da codeína e o uso combi- nado de β-agonistas no Programa de Monitorização, as quais se juntam ao tramadol, à cafeína, à fenilfrenina e sinefrina, aos corticoides quando aplicados pelos métodos não proibi- dos e outras. Estas substâncias podem usadas, mas são analisadas nas amos- tras biológicas para estudo do padrão de utilização. O álcool é proibido em competição em quatro desportos: desportos aéreos, desporto automóvel, motonáutica e tiro com arco. Neste caso, a violação ao Código acontece quando a concentração no sangue é superior a 0.10 mg/L. Já no sítio da Revista: www.revdesportiva.pt (clicar em Antidopagem no top menu). Continua em aberto o modo como realizar exercícios para reforço dos músculos abdominais. Estes são vários, com inserções e orientações diversas e com grau de solicitação variada. Não há dúvida que são músculos estabilizadores do core, do segmento abdominopélvico, da bacia, uma função muito importante para a ação dos membros inferiores. Não estão vocacionados para a realização de exercícios rápidos, mas principal- mente para trabalharem em isome- tria. Desenvolvem força para proteger Revista de Medicina Desportiva informa Maio 2017 · 7