Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2016 | Page 26

Tabela 1: Dados demográficos dos atletas Características Idade, média em anos (dp) 16.8 (± 1,5) Género (M) 145 (68.4%) Nacionalidade (n, %) Portuguesa Estrangeira 112 (52.8%) 100 (47.2%) Escalão (n, %) Cadetes Juniores 118 (55.7%) 94 (44.3%) Anos de prática, média (dp) 9.7 (±3.1) N.º treinos/semana, média (dp) 5.5 (±1.9) Tempo médio de aquecimento em min, média (dp) 23 (±8.8) Exercícios de alongamento (n, %) 185 (87.3%) Treino de musculação (n, %) 137 (64.6%) M: masculino. dp: desvio padrão Tabela 2: Tipologia e frequência de lesões desportivas em judocas de alto nível competitivo. Características Atletas com lesão (n, %) 176 (83%) Média de lesões / atleta 1.97 Fase da luta (n, %) Pé Solo 304 (87.6%) 43 (12.4%) Contexto (n, %) Treino Competição 71.2% 28.8% Acção desencadeante (n, %) Ataque Defesa Outra 159 (45.8%) 160 (46.1%) 28 (8.1%) Segmento corporal (n, %) Membro superior Membro inferior Axial Cabeça Tipo de lesão (n, %) Entorse Rutura muscular Contusão Fractura Luxação Tendinopatia Paragem desportiva (n, %) 73,7% ocorreram durante o treino. A ocorrência de lesão foi semelhante relativamente à ação que a desencadeou para o ataque [45,8%] e a defesa [46,1%], tendo-se verificado que em 8,1% dos casos não houve qualquer interação com o atleta oponente. Quanto à distribuição por segmento corporal identificaram-se 40,1% de lesões do membro superior, 44,7% do membro inferior, 11,2% do esqueleto axial e 4% da cabeça (Tabela 2). Verificou-se que as lesões do membro superior são mais prevalentes no solo [55,8%] e as do membro inferior durante a luta em pé [46,7%]. O ombro foi o segmento 24 Maio 2016 www.revdesportiva.pt mais lesado [n=87, 25,1%], seguido do 139 (40.1%) joelho [n=68, 155 (44.7%) 19,6%], tor39 (11.2%) 14 (4.0%) nozelo [n=37, 10,7%] e da 126 (36.3%) coluna ver60 (17.3%) tebral [n=31, 56 (16.1%) 8,9%]. O meca44 (12.7%) nismo de lesão 44 (12.7%) mais comum 17 (4.9)% foi o contacto 280 (80.7%) direto [n=249, 71,8%], seguido da sobrecarga dinâmica [n=50, 14,4%] e da sobrecarga cíclica [n=48, 13,8%]. Os tipos de lesão mais comum foram o entorse ligamentar [36,3%], a rutura muscular [17,3%] e a contusão [16,1%] (Tabela 2). A fratura e a luxação tiveram a mesma frequência [12,7%], identificando-se estas como as que implicaram maior gravidade de lesão. A tendinopatia verificou-se em 4,9% dos casos. O entorse e a contusão foram mais frequentes nas lesões do membro inferior, enquanto a rutura muscular, fratura, luxação e tendinopatia foram mais comuns no membro superior. A maioria das lesões reportadas condicionou paragem desportiva [81%], sendo que 78,9% destas foram consideradas graves [n=221]. Em 18,2% das lesões não houve recurso a qualquer medida terapêutica e em 72,3% das lesões o tratamento contemplou pelo menos a utilização de mecanismos de contenção elástica/imobilização. Os atletas recorreram a tratamentos de fisioterapia em 56,2% dos casos e a cirurgia foi necessária em 6,6% das lesões, a maioria [52,2%] por lesão meniscal e/ou rutura do ligamento cruzado anterior (LCA). Discussão A amostra tem uma distribuição diversificada por diferentes países, normalizada de acordo com o escalão e prevalência para categorias de peso centrais, à semelhança da tendência europeia. A elevada graduação dos atletas justifica-se pelo alto nível competitivo e técnico requerido nestes eventos, que obrigam a um intenso esforço e exigência na carga de treino diária, frequência de treino semanal e prática de musculação. Esta maior e mais precoce especialização e competitividade na