Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2012 | Page 17

obtidas por testes cardiopulmonares ( VO 2 máximo ), sem que tenham sido reportados efeitos adversos importantes 2 , 10 . O seu efeito na função do músculo esquelético resulta na progressiva diminuição do stress HD para uma determinada força exercida pelo sistema muscular 11 .
A influência do exercício na função endotelial permanece inconsistente e controversa ( existem estudos que revelam aumento da circulação sanguínea regional em repouso após um programa de TF e outros que não demonstram diferenças significativas 12 , 13 ), sendo a discrepância atribuída a diferentes metodologias utilizadas . Outros trabalhos sugerem que o TF de intensidade baixa a moderada providencia a atenuação de marcadores de stress oxidativo , favorecendo a sua associação ao exercício aeróbio 14 .
Embora o efeito do TF nos FRCV seja ainda equívoco , o seu papel está estabelecido no que se refere a vários parâmetros : melhora a sensibilidade à insulina e diminui significativamente a HbA1c nos doentes diabéticos 15 ; reduz em 3 mmHg e 3,5 mmHg , respetivamente , a pressão sistólica e diastólica de repouso , o que se associa a uma redução de 5 a 9 % de morbilidade relacionada com a doença cardíaca 16 , 17 . Os benefícios do TF isolado no perfil lipoproteico são contraditórios , embora se comprove uma associação entre FM e trigliceridemia nos homens 18 e maior eficácia no aumento de HDL quando combinado com o TA 19 . O ganho de massa muscular leva ao aumento concomitante do metabolismo basal energético com efeito na manutenção ou redução do peso corporal 20 . Estão disponíveis na literatura resultados que evidenciam a redução da massa gorda em homens e mulheres , independentemente da restrição dietética calórica , contribuindo também para redução significativa do tecido adiposo visceral 21 .
O TF representa também um papel importante na manutenção da saúde do sistema músculo-esquelético e na abordagem das doenças articulares degenerativas , contribuindo para o fortalecimento das estruturas que suportam a articulação , com redução de sintomas potencialmente incapacitantes 22 . Influencia ainda a capacidade propriocetiva , a coordenação e o equilíbrio , diminuindo o risco de quedas , relevante numa população de escalão etário mais avançado 22 . Através do stress mecânico local reduz e previne a diminuição da massa óssea que acompanha o envelhecimento 23 .
A inclusão do TF num PRC traduz- -se igualmente em melhoria de bem- -estar psicossocial e qualidade de vida ( QV ), já que promove a redução de sequelas da inatividade que se associam ao declínio da capacidade de realizar as tarefas da vida diária 24 .
Segurança no treino de força
O risco associado a esta modalidade é dependente da intensidade , percentagem de massa muscular envolvida , número de repetições , duração da contração e do período de repouso intercalar 2 , 5 . A sobrecarga HD será menor quanto mais baixa a % 1RM e o período de contração ( 1 a 3 seg ) e mais longo o período de repouso intercalar 25 . Os estudos sugerem que o TF é seguro nos doentes clinicamente estáveis participantes nos programas 11 . No entanto , a segurança dos doentes com risco cardíaco elevado ( disfunção ventricular esquerda severa , doença valvular severa , disritmias não controladas , HTA não controlada , instabilidade clínica ) não está efetivamente estabelecida 1 .
Existe também uma lacuna na literatura no que se refere a mulheres e pacientes mais idosos com doença cardíaca . Estes últimos apresentam risco aumentado de complicações CV , para além do maior número de comorbilidades a serem consideradas : ortopédicas , neurológicas e respiratórias 1 . Pela escassez de estudos , as recomendações do TF não são claras , no entanto , a metodologia para a sua prescrição , globalmente , não difere das recomendações para adultos mais jovens , embora com ajustes específicos pela necessidade de acomodar necessidades especiais e limitações 1 , 2 .
Avaliação para o treino de força e sua prescrição
A eficácia e segurança do TF dependem da avaliação cuidadosa , que contempla o estado clínico atual , a
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