Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2012 | Page 14
foram divididos consoante a modalidade de TR, o treino isométrico por
pega manual em 3 grupos resultou
numa maior redução da PA –13,5
(–16.5; –10.5)/–6.1(–8.3; –3.9) mm Hg]
do que o TR dinâmico em 30 grupos –2.8 (–4.3; –1.3)/–2.7 (–3.8;–1.7)
mm Hg (Ilustração 2). O TR dinâmico envolve contrações musculares concêntricas ou excêntricas,
havendo alteração do comprimento
e da tensão das fibras musculares. Já
o TR isométrico envolve a contração
muscular sustida contra uma carga/
resistência imóvel, sem alteração
no comprimento das fibras musculares solicitadas. Em relação aos 2
tipos de TR, a redução da PAS parece
assim ser mais pronunciada na
sequência de TR isométrico quando
comparado com programas de TR
dinâmico, apesar de só estarem
disponíveis 3 estudos de exercício
isométrico. Ainda a favor do TR
isométrico, um estudo randomizado
controlado, não incluído na meta-análise, mas publicado antes do
cut-off da base de dados, demonstrou
efeitos similares tensionais24. Neste
estudo, foi realizado TR isométrico
no membro inferior, documentando-se diferenças significativas na PA
em repouso, quando comparados os
exercícios realizados a 10% e a 21%
da contração voluntária máxima.
Estes dados parecem apoiar o papel
do TR isométrico na redução da PA
em repouso em modalidades de
resistência isométrica manual e dos
membros inferiores24,25.
No entanto, é de notar que o
estudo25 que contribuiu com o maior
número de doentes sob TR isométrico
para a metanálise de 20117, os participantes tinham frequentado nos 2
anos anteriores um programa comunitário de TE e TR dinâmico combinados, podendo assim haver contribuições externas para a redução de
PA exibida isoladamento com o treino
isométrico. Inclusivamente, o TR
dinâmico mostrou ser mais favorável
em relação a outros FR cardiovasculares do que o TR isométrico. Após TR
dinâmico, o VO2 pico aumentou em
10.6% (P<0.01), enquanto que o índice
de massa gorda e os triglicerídeos
plasmáticos decresceram em 0.6%
(P<0.01) e 0.11 mmol/L (p<0,05), respetivamente. Não se encontrou qualquer outro efeito nos níveis lipídicos
e glicemia plasmáticos (Tabela 3).
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Tabela 3 – Caracterização do efeito do TR (Cornelissen et al, 2011)
Variable
n
Baseline
Mean (95% CL)
Net Change Mean
(95% CL)
P
Value
V02 peak, mL/kg per min
8
27.4 (22.1; 32.7)
+2.7 (+0.81; +4.6)
Resting heart rate, bpm
18
67 (64; 71)
+0.019 (–1.5; +1.6)
<0.05
NS
Body fat, %
12
30.2 (25.7; 34.7)
–0.55 (–0.91; –0.19)
<0.01
Body mass index, kg/m2
16
26.1 (24.5; 27.7)
–0.046 (–0.37; +0.28)
NS
Weight, kg
17
70.7 (65.3; 76.1)
–0.053 (–0.96; +0.82)
NS
All study groups
33
125.6 (120.9; 130.3)
–3.5 (–5.6; – 1.3)
<0.01
Dynamic resistance
30
124.4 (119.7; 129.2)
–2.6 (–4.7; –0.53)
0.015
Isometric handgrip
3
131.6 (90.4; 172.8)
–11.8 (–17.0; –6.7)
0.01
SEP, mm Hg
DBP, mm Hg
All study groups
33
74.7 (71.4; 78.1)
–3.2 (–4.4; –1.9)
<0.001
Dynamic resistance
30
74.3 (70.7; 77.8)
–3.1 (–4.4; –1.9)
<0.001
Isometric handgrip
3
74.7 (54.0; 97.5)
–5.8 (21.6; –10.0)
NS
Total cholesterol, mmol/L
11
5.2(4.9; 5.6)
–0.075 (–0.21; +0.061)
NS
HDL, mmol/L
11
1.5 (1.3; 1.7)
+0.0062 (–0.053;
+0.065
NS
LDL, mmol/L
11
3.2 (2.9; 3.6)
–0.082 (–2.3; +0.084)
NS
Triglycerides, mmol/L
10
1.1 (0.94; 1.3)
–0.15 (–0.22; –0.065)
<0.01
Glucose, mmol/L
8
5.0 (4.7; 5.4)
–0.001 (–0.14; +0.14)
NS
CL indicates confidence limit; V02 peak, peak osygen consumption; SBP, sytolic blood pressure; DBP, diastolic blood pressure; HDL, high-density lipoprotein cholesterol; LDL, low-density lipoprotein cholesterol; NS,
not significant.
Rastreio pré-participação em TR
O ACSM3 e a AHA26 defendem que
as contraindicações para o TR são
similares às colocadas para o TE,
acrescendo a restrição de treino de
alta intensidade a indivíduos com
retinopatia proliferativa moderada ou
não-proliferativa grave. Desta forma,
devem ser utilizados de um modo
geral os mesmos critérios de rastreio
pré-participação desportiva que no
TE. Deve-se atribuir atenção especial
a indivíduos com risco CV moderado
a grave, como homens>45 anos,
mulheres >55 anos, >3 FR CV, lesão
de orgão alvo ou equivalente de DCV
estabelecidos, recomendando-se a
realização de prova de esforço antes
do início de um programa de exercício de elevada intensidade3. Devida à
elevação da PA durante o TR, não se
deve permitir o início de um regime
de TR a indivíduos com hipertensão
não controlada (PAS>160 mmHg ou
PAD>100 mmHg) até se alcançarem
valores mais reduzidos. Deve-se evitar a manobra de Valsalva3.
Como prescrever TR para
hipertensos
As recomendações vão no sentido
de um conhecimento adequado
das comorbilidades do seu paciente
antes da aplicação do TR (Tabela 4):
Tabela 4 – Caraterização basal dos grupos
de treinos e alterações ponderadas em
resposta ao TR (Cornelissen et al, 2011)
Recomendações27
Frequência
2–3 vezes/semana, em dias
não consecutivos
Intensidade
Intensidade moderada,
p. ex. 50–70% de 1RM
Duração
8–10 exercícios/sessão,
consistindo em pelo
menos em 1 série de 8–12
repetições do exercício
Tipo
Deve envolver os grandes grupos musculares
(pernas, coxas, peito, dorso,
abdomen, ombro e braços).
A utilização de máquinas
de peso são mais seguras
que pesos livres. O TR deve
alternar o tronco e membros inferiors para permitir
o repouso adequado entre
os exercícios
Conclusão
Concluindo, o TE é o regime de
treino por excelência para a prevenção ou complemento no controlo tensional de hipertensos. No
entanto, o potencial do TR como
terapia adjuvante na prevenção e
tratamento da PA elevada não deve