Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2019 | Page 6
Notícias
Dizem que os diamantes são
eternos, mas há também pessoas
que não podemos nunca esque-
cer. Uma delas teve o seu tempo de
grande envolvência, dinamização e
de apoio médico aos atletas. Há mais
de 30 anos que iniciou formações
específicas na Medicina Desportiva,
esteve na génese de órgãos nacionais
importantes para a MD, dinamizou
cursos académicos e esteve presente
em centenas de palestras. Mas é
agora notícia por outros motivos, os
quais representam a grandeza de ser
médico: o auxílio ao próximo, amigo
ou inimigo, desconhecido ou adversá-
rio. Foi no dia 7 de maio de 1995, no
Estádio José de Alvalade, que ocorreu
um acidente na estrutura do estádio
e do qual resultaram dois mortos.
Embora tenham passado 24 anos, o
Sporting não se esqueceu do apoio
que o Dr. Domingos Gomes rapida-
mente tentou prestar. “A primeira
coisa que fez foi socorrer a mais de
uma dezena de sócios que caíram do
varandim. Fez o que pôde”, referiu o
sr. Presidente do Sporting, o Dr. Fre-
derico Varandas, também médico, na
sessão de homenagem realizada no
“Dia do Leão”, ocorrida a 7/05/2019.
A imprensa refere que mesmo “entre
pedras e insultos lançados pelos
adeptos foi dos primeiros a assistir os
feridos”. Embora esteja agora menos
interventivo, o Dr. Domingos Gomes é
ainda uma referência, não esquecida,
e a imprensa desportiva fez que ques-
tão de divulgar amplamente esta sin-
gela sessão. Sim, não podemos nunca
esquecer o caminho que outros
fizeram e que agora caminhamos.
O Dr. Hélder Dores defendeu
a sua tese de Doutoramento
4 julho 2019 www.revdesportiva.pt
(Cardiovascular Risk Assessment in
Athletes: The Role of Electrocardiogra-
phy and Imaging) na NOVA Medical
School. Esta tese inclui 21 artigos
publicados na Revista Portuguesa de
Cardiologia e em várias revistas inter-
nacionais. A maioria é resultante de
investigação original e da parceria
entre várias instituições nacionais e
internacionais, nomeadamente com
o departamento de cardiologia Des-
portiva do St. George´s Hospital em
Londres. Alguns destes estudos têm
impacto direto na prática clínica,
permitindo otimizar a avaliação
pré-competitiva do atleta, aspeto
crucial na Medicina Desportiva. Esta
investigação centra-se na avaliação
pré-competitiva do atleta, desde
o atleta jovem ao veterano, com
ênfase em vários aspetos controver-
sos das metodologias recomendadas
na atualidade: no jovem a avalia-
ção clínica e eletrocardiograma; no
veterano a estratificação de risco
cardiovascular e prova de esforço.
Apesar de não estar indicada na ava-
liação inicial, a ecocardiografia é o
exame de imagem de primeira linha
na avaliação do atleta e foi também
abordada na avaliação da deforma-
ção miocárdica. O Dr. Hélder Dores,
do corpo editorial desta Revista, tem
dado um contributo enorme na área
da cardiologia desportiva, o que nos
tem permitido olhar melhor para o
praticante desportivo.
Siga o Assobio é uma campanha
lançada pela Direção Geral de Saúde
(DGS) no dia 18 de junho e tem
como objetivo motivar e colocar os
portugueses a praticarem (mais)
exercício físico, já que este é de
fácil execução, habitualmente é
barato e sempre aporta benefícios
para a saúde. Tem como parceiros
o Instituto Português do Desporto e
da Juventude e da Federação Por-
tuguesa de Futebol. A campanha é
destinada principalmente à popula-
ção na faixa etária entre os 35 e os
65 anos, que é tradicionalmente um
grupo populacional super-ocupado,
sem tempo para desfrutar dos bene-
fícios do exercício físico, de lazer ou
organizado, e que deve ser alertada
para incluir na sua agenda semanal
alguns períodos de prática despor-
tiva ou outra. Importa motivar as
pessoas, sendo este um dos objeti-
vos da campanha. De acordo com
a DGS, “as campanhas mediáticas
para a promoção da atividade física
são consideradas pela Organização
Mundial da Saúde um dos melho-
res investimentos no contexto do
combate às doenças crónicas não
transmissíveis como a diabetes,
as doenças cardiovasculares, ou a
depressão”. Esta campanha, inte-
grada no Programa Nacional para
a Promoção da Atividade Física da
DGS será avaliada no final do ano.
Felicita-se esta campanha e espere-
mos que os portugueses, que somos
nós, correspondam.
Os transportes públicos (TP) são,
curiosa e talvez obviamente, agen-
tes promotores de atividade física
na população. Há quem utilize até
o termo “substancialmente”, dado
que as pessoas têm de se deslocar
a pé para as paragens ou mudar de
estações no Metro. Um estudo de
2012 referia que o uso de TP estava
associado a 8-33 minutos de ativi-
dade física por dia, ao passo que
noutro referia-se que os que tinham
de mudar de estação conseguiam
30 min/dia de atividade física. Dois
estudos de 2014, com avaliações
objetivas, verificaram que o uso de
TP estava associado a 10,2 minutos
de exercício físico de intensidade
moderada a vigorosa em cada
viagem. Em termos objetivos, a
“evidência mostra que as pessoas
que caminham ou vão de bicicleta
para os TP têm menos adiposi-
dade, menos doença cardiovascu-
lar e mortalidade associada. Uma