Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2019 | Page 21
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Mesa 4: Particularidades
na patologia da coluna
versus desporto
Dr. Filipe Antunes
Medicina Física e reabilitação.
Braga
Síndromas miofasciais e
coluna vertebral
Palavras-chave: Síndroma miofas-
cial, ponto gatilho, banda tensa,
coluna vertebral
Introdução
A síndroma miofascial é um conjunto
de sinais e sintomas sensitivos,
motores e autonómicos provocados
pela presença de pontos gatilho e
tem uma prevalência estimada de
21-30% com incidência semelhante
entre ambos os géneros.
O ponto gatilho é entendido como
um ponto local doloroso na espes-
sura de uma banda muscular tensa,
sendo estes, ponto gatilho e banda
tensa, os fundamentos clínicos para
o diagnóstico da síndroma miofascial.
Discussão
A etiologia é diversificada, desde
decorrente de algum traumatismo
ou sobrecarga muscular, a secun-
dária a diferentes entidades noso-
lógicas, maioritariamente do foro
músculo-esquelético.
Segundo a teoria mais consensual, a
teoria integrada, na origem e manu-
tenção das síndromes miofasciais
está uma disfunção da placa motora,
com libertação excessiva de acetilco-
lina que leva a contração muscular
sustentada e à formação das bandas
tensas e ativação dos pontos gatilho. A
banda tensa e pontos gatilho com-
primem os capilares, diminuindo o
fluxo de sangue, provocando hipo-
perfusão tecidular e conduzindo a
uma crise energética, com acidose
local e libertação de substâncias pró-
-inflamatórias, como CGRP, bradici-
nina, histamina, serotonina e IL-1.
Estes mediadores responsáveis pela
inflamação neurogénica, sensificam
as fibras Adelta e C locais, contri-
buindo para os fenómenos neuroplás-
ticos centrais. O individuo sente dor,
dificuldade em realizar o relaxamento
muscular, fadiga precoce e diminuição
da força muscular por inibição.
Na coluna vertebral as síndromas
miofasciais são particularmente fre-
quentes nos segmentos mais móveis
(cervical e lombar), dada a sua função
de sustentação e suporte muscular
do crânio / tronco e transição para os
membros, funcionando em modo de
cintura. Essa circunstância implica
necessariamente menos pontos de
fixação óssea e mais superfície mus-
cular livre sujeita a tensão muscular.
Dentro do segmento cervical são
frequentes a cefaleia cervicogénea,
por afetação dos músculos trapézio,
esternocleidomastoideu ou suboc-
cipitais, e a cervicobraquialgia ou
cervicodorsalgia, afetando preferen-
cialmente os músculos escalenos e o
elevador da escápula. Na coluna lom-
bar, os músculos quadrado lombar,
iliopsoas, piriforme e nadegueiros são
os músculos chave nestas situações.
Na abordagem terapêutica devemos
considerar o individuo e particular-
mente o atleta na sua totalidade.
Neste contexto, é particularmente
importante a redução do stress emo-
cional, assim como a correção postural
e o plano de treino individual visando
ultrapassar a inibição muscular.
No tratamento consideramos os
fármacos como adjuvantes, sobre-
tudo se existirem sintomas asso-
ciados, como alterações do humor,
ansiedade ou sono. Na terapêutica
não farmacológica, o exercício, as
modificações posturais e ergonó-
micas são fundamentais para o
sucesso terapêutico, associados ou
não a técnicas cinesiológicas e agen-
tes físicos.
A inativação do ponto gatilho com
técnicas infiltrativas ou de punção
seca parece ter bons resultados,
desde que afastados quadros prévios
de ansiedade, parecendo ser a agu-
lha o fator determinante.
Conclusão
Mais importante de tudo parece ser
a mensagem motivacional que se
transmite ao individuo ou atleta,
promovendo as necessárias corre-
ções comportamentais a nível de
postura, sono, posto de trabalho ou
gesto desportivo.
Bibliografia
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Dr. Pedro Saraiva
Medicina Física e reabilitação,
Medicina Desportiva. Coimbra
Ortóteses na escoliose e
adequação desportiva
Palavras-chave: Escoliose, ortóteses,
coluna
Introdução
Para controlar a evolução da esco-
liose temos de conhecer as altera-
ções osteoarticulares e neuromus-
culares que a acompanham. É no
início da puberdade, altura de uma
aceleração de crescimento, que a
probabilidade de agravamento da
Revista de Medicina Desportiva informa julho 2019 · 19