Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2019 | Page 20

raquidianas cervicais de C5 a T1, a distinção clínica entre uma e outra patologia pode ser desafiante. Discussão Iniciou-se a exposição da temática da radiculopatia cervical e da sua frequente associação a défices neurológicos motores e sensiti- vos e hiporreflexia, manifestada como doença do 2º neurónio motor. Descreveram-se os testes provoca- tivos de sintomas de radiculopatia cervical através da compressão dos orifícios de conjugação ou foramina intervertebrais, nomeadamente o teste de Spurling e teste de laterali- zação cervical, e os testes de alívio dos sintomas através da distração dos foramina intervertebrais,o teste de abdução do ombro de Badoky e o teste da distração cervical. Definiu-se a síndrome do desfila- deiro torácico e os seus dois tipos, o síndrome neurogénico (95%, por compressão do plexo braquial) e o síndrome vascular (compressão da artéria e/ou veia subclávias), podendo ainda apresentar-se como misto. Apresentaram-se os locais mais frequentes de compressão destas estruturas, o espaço inter- costoescalénico, o espaço costo- clavicular e o espaço subpeitoral. O síndrome neurogénico é classifi- cado segundo o nível de compres- são nervosa, sendo mais frequente a compressão da porção inferior do plexo braquial, nomeadamente do tronco inferior, suas divisões anterior e posterior e corda medial, com origem nas raízes raquidianas C8 e T1. Os sintomas são variáveis em duração e magnitude de acordo com o grau e tempo de compressão (dinâmica ou estática), bem como da localização da compressão no desfiladeiro. Os testes provocati- vos consistem em manobras que aumentam a compressão do feixe vasculonervoso no desfiladeiro torácico ou canal cervicoaxilar, reproduzindo sintomas neurológi- cos e/ou vasculares (tais como dor irradiada através de dermátomo, parestesias, hipostesias, diminuição do pulso radial). O teste de Adson (extensão e inclinação cervical contralateral) desencadeia sinto- mas na radiculopatia cervical e no síndrome do desfiladeiro torácico 18 julho 2019 www.revdesportiva.pt interescalénico. O teste de abdução do ombro de Wright provoca alívio das queixas no síndrome do desfi- ladeiro torácico costoclavicular e agravamento das queixas do sín- drome do desfiladeiro torácico do túnel subpeitoral. Por fim, a tração longitudinal inferior do membro superior desencadeia os sintomas do síndrome do desfiladeiro torá- cico costoclavicular. Conclusão A distinção semiológica é difícil mas essencial e baseia-se em manobras provocativas de simulação da compressão nervosa e compressão vascular. É essencial uma correlação clínico-imagiológica evidente e clara para poder proporcionar um trata- mento adequado tanto do ponto de vista conservador como cirúrgico. Bibliografia 1. Muizelaar JP, Zwienenberg-Lee M. When it is not cervical radiculopathy: thoracic outlet syn- drome--a prospective study on diagnosis and treatment. Clin Neurosurg. 2005; 52:243-9. 2. McGillicuddy JE. Cervical radiculopathy, entrapment neuropathy, and thoracic outlet syndrome: how to differentiate? J Neurosurg Spine. 2004 Sep; 1(2):179-87. 3. Kuhn JE, Lebus V GF, Bible JE. Thoracic outlet syndrome. J Am Acad Orthop Surg. 2015 Apr; 23(4):222-32. Dr. Raul Maia e Silva Medicina Física e Reabilitação, Medicina Desportiva. Porto Tratamento da dor cervical – Graus I e II Palavras-chave: Dor cervical, reabi- litação Introdução A doença discal cervical degenera- tiva pode produzir várias síndromes 1 : dor cervical, radiculopatia, mielopa- tia e outras (cefalalgias, insuficiência vertebrobasilar, disfunção simpática). O Grupo que estudou a Dor Cervical, no âmbito da Década do Osso e da Articulação 2 , classificou-a em quatro graus: os dois primeiros sem sinais neurológicos e os dois últimos, ou com sinais neurológicos ou acompanhando patologia major, como fraturas, luxações, lesões medulares, infeções, tumores, etc. A dor cervical pode originar défices de força, endurance, coorde- nação, posicionamento da cabeça, estabilidade postural, controlo oculomotor e na mobilidade das regiões cervical e dorsal superior. 3 Atuar sobre todos estes aspetos será o objetivo de todo o programa de tratamento. Encontram-se na literatura muitos protocolos, carate- rizando-se, a maioria, por baixa evidência e reduzido consenso. Discussão A base de qualquer programa de reabilitação da dor cervical deve ser a mesma que se aplica em toda a pato- logia músculo-esquelética, com uma progressão, degrau a degrau, come- çando no controle da dor e o repouso relativo e progredindo pela restaura- ção das amplitudes, fortalecimento muscular, treino postural, treino em atividades específicas, terminando na instituição de um programa de manu- tenção para o domicílio. Segundo vários trabalhos, não se podem fazer afirmações definitivas sobre a eficácia da farmacoterapia, modalidades de eletroterapia ou acupunctura no controle da dor cervical. Por outro lado, há unanimidade geral sobre o interesse das terapias manuais para libertação dos tecidos moles, em que se incluem a massagem (eficácia incerta), tração manual e mecânica (interesse na dor discogénica), mobi- lização cervical (suave e na direção da não dor) e manipulação cervical (risco de eventos adversos, raros mas graves). 4 Os exercícios terapêuticos para restauro muscular e ganho da função são também muito importan- tes (estiramentos musculares, reforço, correção postural, reposicionamento da cabeça e pescoço). Conclusão A melhor evidência sugere que em pacientes com dor cervical, interven- ções envolvendo terapia manual e exercício supervisionado e educação dirigida a uma melhoria de com- portamentos são mais eficazes que estratégias alternativas. 2