Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2019 | Page 18

A disfunção do sistema passivo pode ser contornada pela ativação compensatória da musculatura envolvida. Deste modo, o bom estado e funcionamento destes grupos musculares é fundamental não ape- nas para o controlo postural, mas também para a prevenção de lesões. Conclusão As fibras tipo I (tónicas) são essen- ciais à manutenção postural do indi- víduo e, por este motivo, encontram- -se em grande número nos músculos responsáveis pela mobilidade da ráquis. Não obstante, a estabilidade da coluna vertebral conta também com subsistemas de apoio passivos. Quando estes últimos falham ou se encontram enfraquecidos, o fortale- cimento e bom controlo muscular é essencial para compensar os défices resultantes, tendo um papel aces- sório, mas de suma importância na prevenção de lesões. Bibliografia 4. Frontera W, Ochala J. Skeletal muscle: a brief review of structure and function. Calcif Tissue Int. 2015; 96(3):183-195. 5. Joyner M, Casey D. Regulation of Increased Blood Flow (Hyperemia) to Muscles During Exercise: A Hierarchy of Competing Physiologi- cal Needs. Physiol Rev. 2015; 95(2):549-601. 6. Greising S, Gransee H, Mantilla C, Sieck G. Systems Biology of Skeletal Muscle: Fiber Type as an Organizing Principle. Wiley Interdiscip Rev Syst Biol Med. 2013; 4:1-26. 7. Moreillon M, Alonso S, Broskey N, et al. Hybrid fiber alterations in exercising seniors suggest contribution to fast‐to‐slow muscle fiber shift. J Cachexia Sarcopenia Mus- cle.:1-9. doi:doi.org/10.1002/jcsm.12410 Mesa 2: A coluna lombar Prof. Doutor João Páscoa Pinheiro Medicina Física e Reabilitação, Medicina Desportiva. Coimbra A coluna vertebral e o desporto. A especificidade da dor lombar na criança e adolescente Palavras-chave: Dor lombar, criança e adolescente. 16 julho 2019 www.revdesportiva.pt Introdução A dor lombar é um sintoma fre- quente no atleta jovem, estando descrita com uma incidência entre 27 a 30%, surgindo 6% na compe- tição. 1 Apresenta especificidades no diagnóstico e na terapêutica e no processo de retoma desportiva. Apresenta alta prevalência no ado- lescente, particularmente na mulher e naqueles que apresentam deficites posturais. 2 Refere-se que 10% dos atletas apresentam anomalias con- génitas lombares, nomeadamente vértebra de transição, espina bífida oculta, megaprocesso transverso, hemivertebra e bloco vertebral. A dor é habitualmente mecânica e o diagnóstico etiopatogénico é for- temente recomendado. 3 É referida como uma das principais causas de absentismo e perda de performance desportiva. seguras para retoma da prática desportiva. Bibliografia 1. Minghelli B, Oliveira R, Nunes C. Low back pain in adolescents from the south of Portugal: prevalence and associated factors. J Orthop Sci. 2014 Nov;19(6):883-92. 2. MacDonald J, Stuart E, Rodenberg R. Musculoskeletal Low Back Pain in School-aged Children: A Review. JAMA Pediatr. 2017 Mar 1; 171(3):280-287. 3. Bockowski L, Sobaniec W, Kułak W, Smi- gielska-Kuzia J, Sendrowski K, Roszkowska M. Low back pain in school-age children: risk factors, clinical features and diagnostic mana- gement. Adv Med Sci. 2007;52 Suppl 1:221-3. 4. Hu H, Zheng Y, Wang X, Chen B, Dong Y, Zhang J, Liu X, Gong D. Correlations between lumbar neuromuscular function and pain, lum- bar disability in patients with nonspecific low back pain: A cross-sectional study. Medicine (Baltimore). 2017 Sep;96(36):e7991. 5. Metz J. Back pain in the adolescente. A user- -friendly guide. American Academy of Pediatrics. 2005; 17; 2. Discussão São fatores de risco a imaturidade do esqueleto, assimetrias no tronco e membros, a limitação na adaptação às exigências neuromotoras, obesi- dade, assimetrias musculares e flexi- bilidade, anomalias de transição e desadequação do treino. A dor lom- bar mantida apresenta forte impacto cinesiológico, promovendo atrofia muscular (paravertebral e parede abdominal), perda de força máxima e de resistência, deterioração propriocetiva, deficiência da dinâ- mica lombopélvica. A deterioração das componentes cinéticas origina aumento de dor e da incapacidade desportiva. 4 Existe uma diferença valorizável entre as principais cau- sas de dor lombar neste grupo etário comparativamente à população adulta. 5 Assim os principais quadros clínicos são a espondilólise (47-50%), a discopatia (11%), a lesão músculo- -ligamentar (6%), causas mecânicas diversas (26%) e sistémicas (reuma- tismais, infeciosas, tumorais) (6%). Conclusão Importa promover uma abordagem compreensiva no âmbito da tecno- patia, deve ser incentivado o diag- nóstico etiopatogénico, considerando a especificidade dos quadros clínicos e devem ser introduzidas medidas Dra. Helena Fernandes Medicina Física e Reabilitação, Medicina Desportiva. Porto Hérnia discal lombar e a gestão do esforço Palavras-chave: hérnia discal des- portista, hérnia lombar desporto Introdução A orientação terapêutica de uma hérnia discal (HD) lombar é um desafio acrescido para quem traba- lha em Medicina Desportiva, porque quando uma HD é diagnosticada a existem também fatores inerentes à sua prática desportiva que têm que ser tidos em conta. Discussão Após terem sido afastado outras causas para o quadro clínico que o atleta apresenta, e não esquecendo que a HD pode ser assintomática em 6 a 30.6% dos casos (constituindo um achado radiológico), tem de se ter sempre em mente que em 60 a 70% dos casos a HD vai apre- sentar uma resolução espontânea em 6 a 12 semanas e que a reab- sorção do material discal vai ser