Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2019 | Page 18
A disfunção do sistema passivo
pode ser contornada pela ativação
compensatória da musculatura
envolvida. Deste modo, o bom estado
e funcionamento destes grupos
musculares é fundamental não ape-
nas para o controlo postural, mas
também para a prevenção de lesões.
Conclusão
As fibras tipo I (tónicas) são essen-
ciais à manutenção postural do indi-
víduo e, por este motivo, encontram-
-se em grande número nos músculos
responsáveis pela mobilidade da
ráquis. Não obstante, a estabilidade
da coluna vertebral conta também
com subsistemas de apoio passivos.
Quando estes últimos falham ou se
encontram enfraquecidos, o fortale-
cimento e bom controlo muscular é
essencial para compensar os défices
resultantes, tendo um papel aces-
sório, mas de suma importância na
prevenção de lesões.
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Mesa 2: A coluna lombar
Prof. Doutor João Páscoa
Pinheiro
Medicina Física e Reabilitação,
Medicina Desportiva. Coimbra
A coluna vertebral e o
desporto. A especificidade
da dor lombar na criança e
adolescente
Palavras-chave: Dor lombar, criança
e adolescente.
16 julho 2019 www.revdesportiva.pt
Introdução
A dor lombar é um sintoma fre-
quente no atleta jovem, estando
descrita com uma incidência entre
27 a 30%, surgindo 6% na compe-
tição. 1 Apresenta especificidades
no diagnóstico e na terapêutica e
no processo de retoma desportiva.
Apresenta alta prevalência no ado-
lescente, particularmente na mulher
e naqueles que apresentam deficites
posturais. 2 Refere-se que 10% dos
atletas apresentam anomalias con-
génitas lombares, nomeadamente
vértebra de transição, espina bífida
oculta, megaprocesso transverso,
hemivertebra e bloco vertebral. A
dor é habitualmente mecânica e o
diagnóstico etiopatogénico é for-
temente recomendado. 3 É referida
como uma das principais causas de
absentismo e perda de performance
desportiva.
seguras para retoma da prática
desportiva.
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Discussão
São fatores de risco a imaturidade
do esqueleto, assimetrias no tronco e
membros, a limitação na adaptação
às exigências neuromotoras, obesi-
dade, assimetrias musculares e flexi-
bilidade, anomalias de transição e
desadequação do treino. A dor lom-
bar mantida apresenta forte impacto
cinesiológico, promovendo atrofia
muscular (paravertebral e parede
abdominal), perda de força máxima
e de resistência, deterioração
propriocetiva, deficiência da dinâ-
mica lombopélvica. A deterioração
das componentes cinéticas origina
aumento de dor e da incapacidade
desportiva. 4 Existe uma diferença
valorizável entre as principais cau-
sas de dor lombar neste grupo etário
comparativamente à população
adulta. 5 Assim os principais quadros
clínicos são a espondilólise (47-50%),
a discopatia (11%), a lesão músculo-
-ligamentar (6%), causas mecânicas
diversas (26%) e sistémicas (reuma-
tismais, infeciosas, tumorais) (6%).
Conclusão
Importa promover uma abordagem
compreensiva no âmbito da tecno-
patia, deve ser incentivado o diag-
nóstico etiopatogénico, considerando
a especificidade dos quadros clínicos
e devem ser introduzidas medidas
Dra. Helena Fernandes
Medicina Física e Reabilitação,
Medicina Desportiva. Porto
Hérnia discal lombar e a
gestão do esforço
Palavras-chave: hérnia discal des-
portista, hérnia lombar desporto
Introdução
A orientação terapêutica de uma
hérnia discal (HD) lombar é um
desafio acrescido para quem traba-
lha em Medicina Desportiva, porque
quando uma HD é diagnosticada a
existem também fatores inerentes à
sua prática desportiva que têm que
ser tidos em conta.
Discussão
Após terem sido afastado outras
causas para o quadro clínico que o
atleta apresenta, e não esquecendo
que a HD pode ser assintomática em
6 a 30.6% dos casos (constituindo
um achado radiológico), tem de
se ter sempre em mente que em
60 a 70% dos casos a HD vai apre-
sentar uma resolução espontânea
em 6 a 12 semanas e que a reab-
sorção do material discal vai ser