Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2019 | Page 11
Quadro I – Diagnóstico diferencial na apresentação inicial
Osso / Articulação
Sesamoidite; fratura de stress do sesamoide, metatarso, cuneiforme
medial ou navicular; Turf-Toe.
Ligamento Lesão ligamentar de Lisfranc; lesão dos ligamentos tarsometatarsais
plantares; lesão do ligamento de Spring; fasciite plantar / rotura da
fáscia plantar
Músculo Lesão de um músculo plantar medial do pé
Tendão Lesão do tendão do flexor do hállux; lesão da inserção do longo pero-
nial; lesão da inserção do tibial anterior ou do tibial posterior
Outra Bursite intermetatársica
Figura 2 – Imagem de RM, em plano
coronal T2, mostrando a rotura parcial
do tendão do longo peroneal na inserção
distal ao nível da base do 1º metatarso. É
possível observar aumento de sinal e des-
continuidade do tendão na sua inserção.
A seta indica a lesão e o asterisco indica
a base do 1º metatarso.
A RM revelou uma rotura parcial
da inserção distal do tendão longo
peronial, junto da base do 1º meta-
tarso, com líquido adjacente ao
tendão a nível da face plantar do pé
(Figura 2).
Reabilitação
Após feito o diagnóstico, foi decidido
o tratamento conservador. O trata-
mento inicial consistiu em repouso
Figura 3 – Imagem de ressonância
magnética, com plano coronal T2, duas
semanas após o primeiro exame
e descarga total durante três dias,
passando depois para carga parcial.
Durante este período iniciou fisiote-
rapia com agentes físicos, mobiliza-
ção passiva do tornozelo, mediopé
e hállux e técnicas de relaxamento
miofascial dos diferentes músculos
da perna. No final do tratamento
realizou crioterapia local e era
colocada uma ligadura de contenção
da fáscia plantar. Após 10 dias já
realizava carga total e assintomática,
passando a realizar bicicleta e exer-
cícios de reforço muscular sempre de
modo progressivo e evitando a dor.
Após 2 semanas de reabilitação
decidiu-se pela reavaliação imagio-
lógica (Figura 3). Esta segunda resso-
nância apresentava evolução muito
favorável e já sem sinais imagiológi-
cos de rotura.
A 3ª semana de reabilitação
teve foco no treino físico. Assim, e
além de realizar o fortalecimento
dos diferentes grupos musculares
envolvidos no futebol e ganho de
capacidade física aeróbia, também
se evoluiu nos exercícios dirigidos à
lesão, nomeadamente propriocetivi-
dade, trabalho de força concêntrica
e excêntrica dos músculos peroniais,
flexores do hállux e intrínsecos do
pé e aumento de amplitudes articu-
lares do tornozelo.
Entre a 3ª e 4ª semana iniciou um
programa de retorno à competição,
com trabalho específico de corrida,
drible, mudanças de direção, salto
e trabalho com bola. Durante este
processo o jogador referiu apenas
um desconforto inespecífico da
região plantar medial do antepé que
melhorava com o treino. Realizou
uma sessão de infiltração local com
anti-inflamatório não esteroide
(piroxicam) e anestésico (lidocaína)
com melhoria significativa das quei-
xas reportadas.
No final da 3ª semana de reabili-
tação, foi pedida uma avaliação pelo
podologista desportivo. Realizou-se
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