Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2017 | Page 9
“a pandemia da inatividade física
(IF) está associada a uma enorme
gama de doenças crónicas e mor-
tes prematuras”. Métodos: foram
calculados os custos diretos com
os cuidados de saúde, as perdas de
produtividade e a incapacidade ajus-
tada para o número de anos com a
melhor informação disponível para
142 países. Nas doenças considera-
ram-se a doença cardíaca coronária,
o AVC, a diabetes tipo 2 e os cancros
da mama e do cólon atribuídas
à inatividade física. Nos Resulta-
dos os autores refe rem que, numa
estimativa conservadora, o custo da
IF para os sistemas de saúde foi no
Mundo inteiro igual 53.8 biliões ($
internacionais) em 2013, dos quais
31.2 e 12.9 biliões vieram de fundos
públicos e privados, respetivamente.
Referem ainda que as mortes rela-
cionadas com a IF originaram perdas
produtivas no valor de 13.7 biliões.
Os autores concluem referindo que
“para além da morbilidade e morte
prematura, a IF é responsável por
um enorme encargo económico…
havendo necessidade de dar priori-
dade à promoção de atividade física
regular à escala mundial, como
estratégia na redução das doenças
não-transmissíveis”.
O Despacho n.º 3632/2017; Diário
da República n.º 83/2017, Série II de
2017-04-28 constitui a Comissão
Intersectorial para a Promoção da
Atividade Física, com o objetivo de
elaborar, operacionalizar e monitori-
zar um Plano de Ação Nacional para
a Atividade Física.
O facto do Governo português
reconhecer que “o sedentarismo, a
par da má alimentação e do con-
sumo de álcool e tabaco, está com-
provadamente na origem das prin-
cipais doenças não-transmissíveis
causadoras de sofrimento e morte
prematura, incluindo o cancro, a
obesidade e a diabetes. A prevalência
da inatividade física em Portugal é
muito elevada e tem uma distribui-
ção desigual pelos grupos socioeco-
nómicos e educacionais, refletindo
desigualdades nas oportunidades
e motivações para ser fisicamente
ativo” e de não esquecer “as respon-
sabilidades do Estado português
quanto à promoção da atividade
física, conforme inscrito na Consti-
tuição da República Portuguesa e na
Lei de Bases da Atividade Física e do
Desporto - Lei n.º 5/2007, de 16 de
janeiro, designadamente no seu n.º
1 do artigo 6.º” levou à criação desta
comissão constituída por personali-
dades de várias Secretaria de Estado.
Esta Comissão deve apresentar o
Plano de Ação até 31 de dezembro
de 2017.
“Mas a tecnolo-
gia e termino-
logia médicas
continuam
a afligir ou a
encantar a
maioria dos
doentes, que
presumem ser
essencial e mandatório efectuar um
grande número de exames, para
“descobrir a doença“, ignorando que
o exame clínico clássico é, e continua
a ser, básico e fundamental. Recordo,
com um sorriso, as inúmeras vezes
em que sou abordado pelos doentes,
para fazer este ou aquele exame,
nomeadamente os “tacs” – a que
um doente há tempos designou por
“traque”, dizendo que se me trou-
xesse um, olhando para ele logo lhe
diria que doença tinha, sem perder
tempo com outros exames! Santa
inocência, que se justifica e desculpa
com a ânsia e receio da doença e da
morte...” – Dr. Fernando Reis Lima,
Chefe de Serviço de Cirurgia Aposen-
tado do Hospital de S. João, Porto, em
Nortemédico, 2017:(19)1:34-35.
Na prática clínica diária em geral,
como na prática da medicina despor-
tiva no clube ou no atleta, o para-
digma mantém-se, com a diferença
que nestes casos podem ser também
os responsáveis que rodeiam o atleta
e o jogador a perguntarem “quando
vai fazer o exame” momentos depois
da ocorrência da lesão ou, mais
tarde, por vezes horas depois, se “já
fez o exame”. E nós mandamos fazer
o exame para nossa tranquilidade
e sanidade mental. Somos médicos
modernos.
O maior evento de medicina despor-
tiva (bianual) do futebol ocorreu de
13 a 15 de maio de 2017, no emble-
mático Estádio do FC Barcelona, o
Camp Nou. A Conferência “O Futuro
de Medicina do Futebol”, organizada
pelo Grupo ISOKINETIC, em associa-
ção com a FIFA, reuniu mais de 2.500
congressistas de 90 países e 197 dos
mais renomados palestrantes do
todo Mundo. Durante três dias,
investigadores e clínicos orquestra-
ram palestras e workshops sobre as
mais recentes novidades em medi-
cina desportiva, prevenção de lesões,
reabilitação e otimização de perfor-
mance de jogadores e equipas. A
missão portuguesa esteve muito
bem representada com mais de 30
representantes dos mais variados
pontos do país. De entre os pales-
trantes, destacam-se os portugueses
Prof. Dr. João Espregueira-Mendes e
Dr. Hélder Pereira, a representar o
que melhor se faz na Medicina
Desportiva Portuguesa, com as
intervenções New trends in managing
ACL and associated meniscal injuries e
The ankle impingement, respectiva-
mente. Football medicine outcomes: are
we winning? será o tema da próxima
edição, já programada para maio de
2018, também no Estádio Camp Nou,
onde esperamos ter mais represen-
tantes de Portugal. Parabéns a toda a
organização pelos magníficos dias
de ciência e convívio. Drs. Alexandre
Rebelo-Marques e Marcos Agostinho,
em Barcelona.
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