Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2017 | Page 8

Em 28 de Abril de 2017 cumpriu-se um marco histó- rico para a Medi- cina Desportiva (MD) portuguesa, com a conclu- são do primeiro internato de formação específica em MD. O mérito e a responsabilidade são do José Pedro de Pinho Marques (e dos seus orienta- dores), que é agora o primeiro especialista em MD pela via do internato complementar. Este colega iniciou a sua formação específica em 2013 no Centro Hos- pitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) sob a orientação do Prof. Dr. J. Páscoa Pinheiro. Os dois primeiros anos foram cumpridos em contexto hospitalar. No CHUC realizou os estágios de Medicina Física e Rea- bilitação (4 meses), Cardiologia de Adultos e Pediátrica (9m), Pneumo- logia (3m); Ortopedia e Traumatolo- gia (6m), Ortopedia Infantil (2m). Na 2ª metade do internato fez estágio de MD geral no Centro de MD de Lisboa (12m), de Patologia Clínica e Toxicologia na ADOP (3m), de Fisio- logia do Exercício na Unidade de MD e Controle de Treino do Centro de Alto Rendimento do Jamor (3m) e fez um Estágio prático no depar- tamento médico da Associação Académica de Coimbra. Durante a formação colaborou com a Unidade de Saúde e Performance da Fede- ração Portuguesa de Futebol como médico das seleções nacionais de Sub-17 (Campeão Europeu em 2016) e Sub-19. Felicita-se este jovem especialista que, pelo seu empenha- mento e competência, obteve a nota final de 19 valores. A expetativa é de que outros colegas sigam este bonito exemplo. O novo consenso sobre a concussão no desporto, conhecido por “Con- senso de Berlim”, os instrumentos de avaliação e as 12 revisões siste- máticas que apoiaram a redação do consenso foram publicadas em 6 Julho 2017 www.revdesportiva.pt junho no British Journal of Sports Medicine. Os conteúdos que foram alterados ou adicionados ao texto do consenso estão salientados em itálico, o que facilita a identificação do que é novo. Em traços gerais houve: 1) uma clarificação na definição da concus- são; 2) uma melhor sistematização da abordagem inicial; 3) o repouso inicial (cognitivo e físico) na fase aguda continua a ser recomendado, mas apenas por 24-48 horas e não períodos mais prolongados como anteriormente; 4) reconhecimento da importância da reabilitação no tratamento de atletas com quei- xas vestibulares e cervicais; 5) a conclusão que o melhor preditor de recuperação mais lenta é o número e intensidade de sintomas no primeiro dia. Nas revisões sis- temáticas efetuadas não foi pos- sível estabelecer uma inequívoca causa-efeito entre a concussão e a encefalopatia traumática crónica e continua a não existir evidência clara sobre o papel protetor de capacetes, bandas e protetores de dentes na prevenção da concussão no desporto. As atualizações dos instrumentos de avaliação foram designadas de SCAT5, Child SCAT5 e CRT5 Dra. Rita Tomás, em Berlim. A Ordem dos Médi- cos publicou o mapa de capacidades formativas para o ingresso na formação específica do Inter- nato Médico para o ano de 2018. Para a Medicina Desportiva surgem apenas três vagas: Hospital Fernando da Fonseca e uma para cada um dos Centros de Medicina Desportiva, do Porto e de Lisboa. O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que recentemente formou um especia- lista, não apresentou qualquer vaga. Contudo, esta lista estará “em constante atualização, que será alvo de correção sempre que haja lugar a novas avaliações resultantes das visitas de idoneidade”. Haja espe- rança para mais vagas. Um estudo publicado muito recente- mente no British Medical Journal veio valorizar ainda mais a realização de exercício físico como estraté- gia importante na prevenção de doenças. Neste estudo observacio- nal participaram 263 450 pessoas (52% mulheres), recrutadas entre abril de 2007 e dezembro de 2010 por vários centros de avaliação do Reino Unido. Foi analisado o modo de transporte, de e para o trabalho (marcha, bicicleta, misto em relação ao não fisicamente ativo) e depois relacionado com a doença cardio- vascular (CV) e o cancro (fatal ou não), assim como com a mortalidade por todas as causas. Neste período houve 3 748 diagnósticos de cancro e 1 110 eventos CV, tendo morrido 2 430 participantes (496 por doença CV e 1126 por cancro). A análise dos resultados constatou que ir/vir de bicicleta para/de o trabalho esteve associado à redução em 45% do risco de desenvolver cancro e de 46% no risco de doença cardíaca em com- paração com as pessoas não ativas. Já ir/vir a pé, o risco reduziu-se em 27% para a doença cardíaca e 36% de morrer por doença CV. Contudo, não revelou benefício em relação ao aparecimento de cancro. Os autores concluem que “a saúde da popula- ção pode ser melhorada através de políticas que promovam a mudança, particularmente o andar de bici- cleta”. Ref. http://dx.doi.org/10.1136/ bmj.j1456. O texto completo tam- bém pode ser lido no site da Revista (www.revdesportiva.pt). A edição do Lancet de 24/09/2016 (DOI: http://dx.doi.org/10.1016/ S0140-6736(16)30383-X) publicou um texto com o título The economic burden of physical inactivity: a global analysis of major non-communicable diseases. Na Introdução refere-se que