Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2017 | Page 32

devemos adequar a agressividade do tratamento consoante os objeti- vos e expetativas dos atletas para o regresso à competição. Nas opções de tratamento cirúrgico há o enca- vilhamento endomedular (Fig. 3), o qual é o método preferido, estando associado a alta taxa de consoli- dação e a poucas complicações. O tempo de regresso à competição é em média de 10 a 12 semanas quando utilizado este tipo de trata- mento. 14,24,45,49 Conclusão Figura 2: Fredericson lesão grau 1: A (axial) e B (lateral) RMN da tíbio com edema periósseo visível (setas amarelas), sem alterações da medula óssea ou da cortical. Fredericson lesão grau 2: sem alterações em T1 (2 setas brancas) (C) mas edema da medula óssea em STIR (3 setas brancas) sem alterações na cortical (D). Fredericson lesão grau 4b – Axial (E) e corte sagital (F) com alterações periósseo, medulla óssea e cortical (setas amarelas) incluindo fratura linear que também é visível na TC (setas amarelas) (G) 42 Tratamento e orientação A localização da fratura, as carac- terísticas da fratura e o tipo atleta (nível de competição e de expetati- vas) devem ser levadas em conside- ração. O tratamento da fratura de stress é geralmente conservador. 43 Protocolos de reabilitação podem ser divididos em duas fases. A primeira fase foca-se essencialmente em alívio de carga e controlo álgico. Adi- cionalmente, nesta fase de recupera- ção os doentes podem utilizar o deep water running e o anti-gravity treadmi- lling para manterem uma boa forma cardiovascular. Alguns estudos demonstraram que se estes progra- mas adicionais forem implementa- dos o regresso à competição pode ser antecipado. 9-11 A segunda fase da reabilitação foca-se no regresso à competição, que deverá ser gra- dual. 44 Não há técnicas de imagem perfeitas, nem guidelines baseadas na evidência no que concerne ao return to play. É consensual que os atletas que sofreram fratura de stress não devem ter dor com a deambulação e treino aproximadamente durante duas semanas antes do regresso à competição. 21 Não é consensual entre vários autores a realização de nova imagem antes do regresso à competição. 45,46 No caso particular das fraturas de stress da tíbia, quando a fratura é na cortical anterior está recomendado um período de não carga entre 4 a 8 30 Julho 2017 www.revdesportiva.pt semanas e nas fraturas da cortical póstero-medial está recomendado um período de dias a três semanas até ao regresso à competição. 45,47 Utilizando a escala imagiológica de Fredericson: • no estádio 1 estima-se que os atle- tas possam voltar à competição em 2-3 semanas • no estádio 2-4a poderão voltar à competição em 6-7 semanas • no estádio 4b há um tempo de regresso à competição entre as 9-10 semanas. 12,13 As fraturas de alto risco, como a fratura da cortical anterior da tíbia, geralmente não respondem ao tratamento conservador. 48 O tratamento cirúrgico normalmente é reservado para estas fraturas de alto risco ou fraturas de baixo risco que não responderam ao tratamento conservador. No entanto, também As fraturas de stress são lesões raras, que ocorrem mais comumente em atletas envolvendo o membro inferior, particularmente a tíbia e o pé. Um alto índice de suspeita e a identificação precoce são essenciais para o sucesso do tratamento. Têm boa resposta ao tratamento con- servador. Visto que a maioria dos estudos aqui referidos utilizam uma metodologia de estudo retrospetiva, com as limitações que daí advêm, onde a ausência de dor parece ser o único fator de decisão do regresso à competição, esta revisão deverá ser complementada com estudos futuros, se possível prospetivos e de desenho experimental de coorte, de forma a obtermos uma maior evidência sobre a melhor abordagem diagnóstica e terapêutica nestes doentes. Neste momento com a evi- dência atual devemos nos focar em modificar os fatores de risco para que as lesões não ocorram. Figura 3: Encavilhamento endomedular de fratura de stress da tíbia