Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2017 | Page 28
a)
d)
a)
c)
e)
Figura 1 – a e b) Disseção tecidos moles e identificação do coto do tendão distal do bicípite braquial retraído proximalmente; c)
Sutura de tração tipo Krackow e tipo Bunnel para tensionamento do coto do tendão distal do bicípite braquial; d) Passagem de fio
Kirschner através do bordo póstero-ulnar da tuberosidade do rádio e dorso do antebraço; e) Controlo por fluoroscopia do posiciona-
mento do botão cortical na face dorsal da tuberosidade do rádio após suspensão do tendão distal do bicípite braquial.
Discussão
Figura 2 – Avaliação clínica ao 15º dia de pós-operatório – sem intercorrências, reti-
rada imobilização com tala gessada braquipalmar e aplicada ortótese com limitação
da amplitude articular do cotovelo a 60º de flexão com aumento gradual de 10º de
extensão por semana.
Às seis semanas, o doente regis-
tava flexão/extensão do cotovelo de
140°/10° e intensificou o trabalho de
força muscular de forma progressiva
durante 10 semanas, tendo iniciado
o retorno ao seu nível de função e
competitivo prévios por volta dos
quatro meses. Após dois anos de
seguimento, o doente registava
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mobilidade articular do cotovelo
sem limitações e pontuação máxima
no QuickDASH Score e no respetivo
módulo de desporto, traduzindo
uma elevada satisfação do doente
com o procedimento cirúrgico
(Figura 3).
A rotura do tendão do bicípite distal
corresponde a 10% de todas as rotu-
ras do bicípite braquial 1 , exigindo
uma avaliação diagnóstica criteriosa
focada na valorização da anamnese,
do mecanismo de lesão, do exame
objetivo e da pesquisa de testes
específicos. A presença de edema
e equimose na fossa cubital, asso-
ciado a um mecanismo de contra-
ção excêntrica do bicípite braquial
com o cotovelo em flexão, devem-
-nos fazer pesquisar o hook test (sen-
sibilidade e especificidade de 100% 9 )
e o biceps squezze test (sensibilidade
96% 10 ) e, se positivos, suspeitar
de uma lesão aguda do tendão do
bicípite distal. No sentido de auxi-
liar o diagnóstico perante uma forte
suspeita clínica, a RM é o exame de
eleição, permitindo o planeamento
pré-operatório e a exclusão de
outras lesões associadas. 11 A ecogra-
fia surge como alternativa atrativa à
RM, com uma sensibilidade de 95%
e especificidade de 75%, permi-
tindo avaliar a extensão da lesão,
bem como a retração tendinosa e