Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2016 | Page 9
com o estiramento da membrana
celular e ativação dos canais iónicos,
nomeadamente o de potássio, desencadeando alterações da repolarização, extrassístoles ventriculares e
arritmias de reentrada, culminando
na fibrilhação ventricular2.
As manobras de reanimação
destes eventos têm a mesma taxa
de sucesso quando comparado com
outras vítimas de morte súbita.
A arritmia que desencadeia o commotio cordis é a fibrilhação ventricular, logo o tratamento apropriado
é a desfibrilhação elétrica o mais
precoce possível. As manobras de
suporte básico de vida (compressões
torácicas e insuflações) são também
essenciais, até que a desfibrilhação
possa ocorrer. Com este cenário,
torna-se primordial a existência
disseminada de desfibrilhadores
automáticos externos (DAE) nos
eventos e recintos desportivos, o
reconhecimento imediato do evento
e o treino da população em manobras de reanimação, para que possa
ser instituído o tratamento apropriado1.
No que se refere à prevenção,
existem dispositivos para prevenir
o commotio cordis, mas a sua eficácia
fica abaixo do pretendido. Os coletes
de proteção de trauma torácico e
as safety balls, que são bolas menos
densas, não são totalmente eficazes.
Nos desportos competitivos, 37% das
vítimas de commotio cordis estavam
a utilizar os protetores torácicos
aquando do incidente1. Nos desportos com objeto esférico, basta que
o atleta eleve os braços para que
o protetor de trauma torácico se
desloque da região precordial, tornando-se ineficaz. No entanto, estas
medidas, especialmente as safety
balls, são importantes para prevenir
e reduzir o número de eventos, tal
como foi demonstrado em modelos
experimentais1.
O regresso à competição para
os sobreviventes só é possível após
um estudo cardíaco detalhado, que
poderá englobar vários exames complementares de diagnóstico, como
o eletrocardiograma, o ecocardiograma, a prova de esforço, o Holter
de 24 horas e a ressonância magnética cardíaca. Outros tipos de testes
podem ser efetuados, dependendo
da suspeita c línica e dos achados
encontrados em alguns dos exames
supracitados. Se a patologia cardíaca
for excluída o atleta não tem indicação para colocar um cardioversor
desfibrilhador implantável (CDI).
A decisão do regresso à competição
deve ser ponderada entre o médico
e o atleta, sendo que será prudente
evitar os desportos de contacto ou
que envolvam a possibilidade de
novos impactos no precordio1.
COM PLACAS TERMOPLÁSTICAS
PERNEIRA
Conclusões da task force do AHA/ACC
O commotio cordis, embora seja um
evento pouco frequente, causa
importante morbilidade e mortalidade, sobretudo nos jovens. Como
tal, devemos continuar a apostar
na prevenção, reconhecimento e
reanimação pronta e adequada das
vítimas1. Esta task force elaborou
cinco recomendações1:
1. Devem-se implementar medidas
para assegurar o sucesso da reanimação das vítimas de commotio
cordis, incluindo treino no reconhecimento, pedido de auxílio
e instituição de manobras de
reanimação cardiopulmonar com
desfibrilhador (Classe I; Nível de
Evidência B);
2. Deve ser realizada uma avaliação
para rastreio de patologia cardíaca
e estudada a suscetibilidade de
eventos disrítmicos nos sobreviventes de commotio cordis (Classe I;
Nível de Evidência B);
3. P
ode ser considerada a utilização de
“safety balls” de acordo com a idade
dos atletas para reduzir o risco de
commotio cordis e lesão cardíaca
(Classe IIa; Nível de Evidência B);
4. A implementação de legislação
desportiva e técnicas de treino
para redução dos impactos na
zona precordial pode ser útil para
diminuir a probabilidade de Commotio cordis (Classe IIa; Nível de
Evidência C).
5. Após a exclusão de patologia cardíaca, o atleta pode retomar com
segurança o treino e a competição
(Classe IIa; Nível de Evidência C).
COXA
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