Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2016 - Page 5
O que andamos a ler
Dr. José Ramos, Medicina Desportiva; Dra. Patrícia Costa, Cardiologia Pediátrica; Prof. Doutor Ovídio Costa, Cardiologia
Nesta rubrica pretendemos dar notícias dos artigos recentes que, pela sua importância, merecem ser (re)lidos ou
comentados. Será uma página aberta a todos os colegas que pretendam colaborar descrevendo ou comentando
temas de medicina desportiva. Nesta edição vamos sugerir a leitura de um artigo que obriga a refletir sobre achados ou alterações cardíacas que frequentem ente suscitam dúvidas aquando da decisão de aptidão médico-desportiva: O padrão electrocardiográfico de Brugada Tipo-2 e os padrões de Brugada-like.
Sugerimos que complemente os seus conhecimento consultando o seguinte artigo desta mesma revista:
http://www.revdesportiva.pt/files/PDFs_site_2015/1_jan/Rev_Olhar_e_ver_ECG_locked.pdf
Artigo escolhido para esta edição:
New electrocardiographic criteria
to differentiate the Type-2 Brugada
pattern from electrocardiogram of
healthy athletes with R’-wave in
leads V1/V2.
Serra G, Baranchuk A, Bayés-De-Luna A, Brugada J,
Goldwasser D, Capulzini L, Arazo D, Boraita A6, Heras
ME, Garcia-Niebla J, Elosua R, Brugada R9 Brugada
P.: Europace. 2014 Nov;16(11):1639-45. doi: 10.1093/
europace/euu025. Epub 2014 Mar 6.
RESUMO
Objetivos
O diagnóstico do padrão de Brugada
Tipo-2 permanece desafiador e pode
ser confundido com outros padrões
do eletrocardiograma de 12 derivações (ECG) muito frequentes em atletas saudáveis que apresentam uma
onda R’ nas derivações V1-V2. Este
achado pode vir a afetar a sua capacidade de realizar desportos de competição. O objetivo do estudo foi avaliar,
como prova de conceito, os novos
critérios de ECG para diferenciar o
padrão Tipo-2 de Brugada do padrão
eletrocardiográfico R’ nas derivações
V1-V2 dos atletas saudáveis.
descende nte da onda R’ nas derivações V1-V2 (figura 1). A duração da
base do triângulo aos 0,5mV (5mm)
superior ou igual a 160ms (4mm)
tem uma especificidade de 95,6%,
sensibilidade 85%, valor preditivo
positivo de 94,4% e valor preditivo
negativo de 87,9%. A duração da
base do triângulo na linha isoelétrico
superior ou igual 60ms (1,5 mm) em
V1-V2 tem uma especificidade de 78%,
sensibilidade de 94,8%, valor preditivo positivo de 79,3% e valor preditivo negativo de 93,5%. A proporção
da base em relação à altura em R’
– V1-V2 tem uma especificidade de
92,1%, sensibilidade 82%, valor preditivo positivo 90,1% e valor preditivo
negativo de 83,3%.
Conclusões
Os três novos critérios do ECG foram
eficazes para a distinção do padrão
de Brugada Tipo-2 do padrão benigno
com uma onda R’ em V1-V2 em
atletas saudáveis. A duração da base
do triângulo aos 0,5mV a partir do
ponto alto R’ é mais fácil de medir e
pode ser utilizado na prática clínica.
Comentário
Prof. Doutor Ovídio Costa, Dra. Patrícia Costa
Faculdade de Medicina do Porto
A síndrome de Brugada (BrS) é uma
canalopatia autossómica dominante
com penetrância variável e que
afeta os canais de sódio. O diagnóstico da BrS faz-se pela forma típica
(saddle back pattern) da elevação do
Métodos e resultados
Foram analisados os ECGs de 50
pacientes com síndrome de Brugada
e padrão de Brugada Tipo-2 e 58 ECGs
de atletas saudáveis com uma onda
R’ nas derivações V1-V2. Foram comparados os diferentes critérios com
base nas características do triângulo
formado pelos braços ascendente e
1. L
ocalização dos segmentos pelo observador. (A) sinal original (B) localização dos segmentos ascendente e descendente da onda R. (C) Localização da linha isoelétrica.
2. L
ocalização dos segmentos para posterior medida. (A) duração (d) aos 5mm. (B)
Medida da base (d) e altura do triângulo (h). (C) medida do ângulo.
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