Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2016 | Page 4

Rev. Medicina Desportiva informa, 2016, 7 (4), pp. 2 Entrevista 4. O que significa que a cooperação internacional é importante, mas os custos vão aumentar bastante... Dr. Rogério Joia Presidente da Autoridade de Antidopagem de Portugal (ADoP). Lisboa O que aconteceu com a acreditação do laboratório de antidopagem (LAD) de Lisboa? O LAD encontra-se suspenso pelo prazo de seis meses de efetuar análises de amostras recolhidas. Foi efetuado pedido à Agência Mundial de Antidopagem (AMA) para que este pudesse receber e armazenar as amostras recolhidas pela ADoP, o que foi deferido, mas optamos para garantir uma total independência, conservar as amostras na ESPAD, garantindo a indispensável cadeia de custódia e envia-las para outro laboratório acreditado. Quais são os problemas do LAD que motivaram a retirada da acreditação? O relatório da AMA, datado de 25 de Março de 2014, referia questões da independência do LAD e do atraso verificado na análise das amostras. Atualmente, a ADoP, o IPDJ – IP e a Secretaria de Estado da Juventude e Desporto encontram-se a colaborar com afinco para que sejam investidos no LAD os meios humanos e de equipamento necessários para que este retorne à sua normal laboração. 3. Está o Plano Nacional de antidopagem para 2016 em causa? Quanto ao Plano Nacional Antidopagem de 2016, o mesmo encontra-se a decorrer sem qualquer tipo de anomalia, sendo estas amostras depois de recolhidas e conservadas na ESPAD canalizadas, em princípio, para o Laboratório de Madrid. 2 Julho 2016 www.revdesportiva.pt O custo do LAD sempre foi um problema… Aliás, os custos destes laboratórios são sempre um problema e a este respeito veja-se o caso da Suécia, Finlândia e Dinamarca que possuíam um laboratório em cada um destes países e vão passar a um laboratório comum. Mesmo em países de alto nível económico, os custos destes laboratórios são um problema… 5. E as amostras em atraso, em fase de processamento, o que lhes vai acontecer? E vai haver mais controlos no imediato? Relativamente às amostras em atraso que se encontram no LAD, as efetuadas até 15 de Abril de 2016, estão a ser ultimados os procedimentos administrativos para que possam ser transferidas para laboratórios acreditados no estrangeiro e para que muito rapidamente possam ser conhecidos os resultados destas amostras. Estas ficam devidamente conservadas em câmara frigorífica entretanto adquirida, que se encontra na ESPAD e que cumpre com todo o rigor a cadeia de custódia necessária e indispensável nestes casos. O que é fundamental é que os controlos de dopagem continuam a ser efetuados com toda a normalidade, os atletas continuam sujeitos a todas as suas obrigações nesta área e, por último, a situação de combate à dopagem encontra-se completamente controlada. 6. Os atletas que vão aos Jogos Olímpicos ou ao Campeonato da Europa de Futebol foram / são sujeitos a controlo de antidopagem? Quanto aos atletas que irão concorrer nos Jogos Olímpicos foram tomadas todas as medidas para que sejam controlados antes da sua saída de Portugal, bem como os resultados destas amostras sejam conhecidos antes da saída. O mesmo acontece aos atletas que irão participar no campeonato Europeu de Futebol. O controlo antidopagem no futebol na época de 2015 /2016 A ADoP publicou em 01 de junho, na sua página da internet, as estatísticas referentes ao número de controlos de antidopagem realizados às equipas de futebol. Na 1ª Liga foram realizados 141 e 42 controlos, respetivamente, em competição e fora de competição (CFC), ao passo que na 2ª Liga foram 104 e 10. Os CFC, de surpresa, assim conhecidos, constituíram 17.9% e 8.8% do total de controlos realizados na 1ª e na 2ª Ligas. Contudo, na 2ª Liga apenas nove (um duas vezes) dos 24 clubes tiveram CFC, uma equipa nunca teve controlo (em ou fora de competição) e outra apenas teve um controlo fora de competição. Na 1ª Liga o número de controlos por equipa variou bastante, entre o máximo de 14 e o mínimo de dois, enquanto na 2ª Liga variou entre 9 e 0. Equipa Em / fora de competição Sporting 14 / 2 Porto 12 / 2 Rio Ave 12 / 1 Benfica 10 / 4 Paços de Ferreira 10 / 1 Estoril 5/1 Belenenses 3/2 Tondela 2/1 Em relação á época de 2014 / 2015, o número de controlos foi semelhante, mas diminuiu ligeiramente. Na 1ª Liga, naquela época, foram realizados 148 / 44 (em e fora de competição), ao passo que na 2ª Liga foram realizados 83 / 38. Os jogadores do campeonato nacional sénior foram sujeitos a 17 controlos e houve 20 controlos nos jogos da Taça de Portugal. Naquela data, os juniores tinham tido 2 controlos e os jogadores de futsal 21. Também se realizaram vários controlos no futebol (4) e no futsal feminino (7), assim como no futebol de praia. No total, mais de mil amostras biológicas foram colhidas, o que constitui um grande elemento também de dissuasão. Dr. Basil Ribeiro Fonte: http://www.adop.pt/estatistica/ coletivas.aspx