Figura 1 – Aspeto do pé após o traumatismo . Seta indica equimose e região dolorosa no bordo medial do antepé .
sinais de consolidação , admitindo-se uma situação de não consolidação assintomática ( Figura 3 ).
Discussão
As fraturas agudas dos sesamoides do hállux ocorrem mais frequentemente por traumatismos em hiper- -dorsiflexão da primeira articulação metatarso-falângica e por carga axial abrupta sobre o antepé , no entanto podem também ocorrer por traumatismo direto , tal como no caso clínico presente 2 , 5 . A maioria das fraturas agudas dos sesamoides são simples e transversais e , devido aos múltiplos estabilizadores locais , apresentam frequentemente diástase e desvio ligeiros 2 . O sesamoide medial ou tibial tem maiores dimensões , suporta mais peso corporal e está mais exposto a traumatismos que o sesamoide lateral ou fibular , o que justifica ter uma incidência superior de lesões 3 , 4 , 5 .
O diagnóstico diferencial de dor na região da primeira articulação metatarso-falângica inclui patologia de compressão nervosa , patologia da bolsa sinovial , artrose metatarso- -falângica e patologia dos sesamoides , que inclui fraturas agudas ou de stress , inflamação , infeção e osteonecrose 2 . Os sinais , sintomas ( essencialmente dor , equimose e , raramente , edema ) e as alterações no exame físico ( dor e hipersensibilidade à palpação local ) encontrados nestas patologias são semelhantes , o que torna o diagnóstico diferencial difícil 2 . Deste modo , o mecanismo de lesão e a duração dos sintomas são muitas vezes fundamentais para conseguir alcançar o diagnóstico correto 2 , 3 .
O estudo inicial do complexo dos sesamoides do hállux em contexto traumático são as radiografias do
pé em incidências ântero-posterior em carga , perfil , oblíquas e axial dos sesamoides . Esta última incidência pode ser obtida através dos métodos de Lewis e de Holly , que consistem basicamente na desprojeção dos sesamoides através da dorsiflexão do pé e do hállux com os raios-x a incidirem perpendicularmente ao solo ( Figura 2-D ). A presença de solução de continuidade óssea completa através do sesamoide medial com margens irregulares não escleróticas , a interrupção das trabéculas ósseas e a formação de calo ósseo são sinais radiológicos a favor de fratura aguda 2 , 5 , 10 ( Figura 2 ). Quando as dúvidas sobre ao caráter agudo da lesão persistem , estas devem ser esclarecidas por exames mais sensíveis , tais como a tomografia computorizada , a ressonância magnética nuclear ou a cintigrafia óssea 2 , 5 , 11 , 12 . No entanto , tal como se verifica neste caso clínico , a combinação de mecanismo de lesão , clínica e sinais radiográficos suspeitos são muitas vezes suficientes para fazer o diagnóstico de fratura aguda .
Os ossículos sesamoides resultam de vários centros de ossificação que muitas vezes não se fundem ou
A
C
Figura 2 – Na ida ao serviço de urgência : A , B – Radiografia do pé direito em incidência ântero- -posterior . C , D – Radiografia do pé direito em incidência axial de sesamoides . Setas indicam fratura oblíqua simples do sesamoide medial do hállux .
B
D fundem-se de forma incompleta , resultando em sesamoides multipartidos . A presença de sesamoides do hállux multipartidos ocorre em até 30 % da população geral , atinge mais frequentemente o sesamoide medial e está presente bilateralmente em 25 % dos casos 3 , 4 , 5 , 13 . Face a estes dados , os sesamoides multipartidos devem ser sempre considerados em termos de diagnóstico diferencial da fratura aguda , sendo recomendado estudo radiológico de ambos os pés 5 . O atingimento bilateral , a presença de soluções de continuidade incompletas , sem interrupção das trabéculas ósseas e com margens arredondadas , regulares e escleróticas , estão a favor da presença de um sesamoide multipartido . Além disso , o sesamoide multipartido apresenta dimensões superiores ao sesamoide unipartido , sendo que as suas várias partes têm dimensão superior e não permitem reconstituir um sesamoide unipartido , ao contrário do que acontece com os fragmentos fraturários 2 .
O tratamento inicial das fraturas agudas dos sesamoides do hállux deve ser conservador , incluindo descarga do pé e uso de ortótese ou bota imobilizadora durante 8 a 12 semanas , crioterapia local e anti-inflamatório 3 , 5 . A localização plantar e a vascularização limitada dos sesamoides do hállux tornam o seu tratamento difícil e conduzem muitas vezes a situações de atraso e não consolidação das fraturas , o que pode impedir a prática desportiva durante um longo período de tempo 2 , 4 . Em condições normais , o calo ósseo torna-se visível na radiografia após 2 a 3 semanas e a consolidação está completa após 6 semanas 2 . No entanto , muitas das vezes por diagnóstico tardio e imobilização inadequada , são frequentes situações de não consolidação sintomática de fraturas dos sesamoides do hállux 4 , 14 . Em outras situações , tal como o caso clínico apresentado , a consolidação óssea não se verifica , mas os fragmentos ósseos são unidos através de um calo fibroso ,
Revista de Medicina Desportiva informa Julho 2016 · 9
Figura 1 – Aspeto do pé após o traumatismo. Seta indica equimose e região
dolorosa no bordo medial do antepé.
sinais de consolidação, admitindo-se
uma situação de não consolidação
assintomática (Figura 3).
Discussão
As fraturas agudas dos sesamoides
do hállux ocorrem mais frequentemente por traumatismos em hiper-dorsiflexão da primeira articulação
metatarso-falângica e por carga
axial abrupta sobre o antepé, no
entanto podem também ocorrer por
traumatismo direto, tal como no
caso clínico presente2,5. A maioria
das fraturas agudas dos sesamoides
são simples e transversais e, devido
aos múltiplos estabilizadores locais,
apresentam frequentemente diástase e desvio ligeiros2. O sesamoide
medial ou tibial tem maiores dimensões, suporta mais peso corporal e
está mais exposto a traumatismos
que o sesamoide lateral ou fibular,
o que justifica ter uma incidência
superior de lesões3,4,5.
O diagnóstico diferencial de dor
na região da primeira articulação
metatarso-falângica inclui patologia
de compressão nervosa, patologia
da bolsa sinovial, artrose metatarso-falângica e patologia dos sesamoides, que inclui fraturas agudas
ou de stress, inflamação, infeção e
osteonecrose2. Os sinais, sintomas
(essencialmente dor, equimose e,
raramente, edema) e as alterações
no exame físico (dor e hipersensibilidade à palpação local) encontrados
nestas patologias são semelhantes,
o que torna o diagnóstico diferencial
difícil2. Deste modo, o mecanismo
de lesão e a duração dos sintomas
são muitas vezes fundamentais para
conseguir alcançar o diagnóstico
correto2,3.
O estudo inicial do complexo dos
sesamoides do hállux em contexto
traumático são as radiografias do
pé em incidências ântero-posterior
em carga, perfil, oblíquas e axial dos
sesamoides. Esta última incidência
pode ser obtida através dos métodos
de Lewis e de Holly, que consistem
basicamente na desprojeção dos
sesamoides através da dorsiflexão
do pé e do hállux com os raios-x a
incidirem perpendicularmente ao
solo (Figura 2-D). A presença de solução de continuidade óssea completa
através do sesamoide medial com
margens irregulares não escleróticas, a interrupção das trabéculas
ósseas e a formação de calo ósseo
são sinais radiológicos a favor de
fratura aguda2,5,10 (Figura 2). Quando
as dúvidas sobre ao caráter agudo
da lesão persistem, estas devem ser
esclarecidas por exames mais sensíveis, tais como a tomografia computorizada, a ressonância magnética
nuclear ou a cintigrafia óssea2,5,11,12.
No entanto, tal como se verifica
neste caso clínico, a combinação de
mecanismo de lesão, clínica e sinais
radiográficos suspeitos são muitas
vezes suficientes para fazer o diagnóstico de fratura aguda.
Os ossículos sesamoides resultam
de vários centros de ossificação que
muitas vezes não se fundem ou
fundem-se de forma incompleta,
resultando em sesamoides multipartidos. A presença de sesamoides do
hállux multipartidos ocorre em até
30% da população geral, atinge mais
frequentemente o sesamoide medial
e está presente bilateralmente em
25% dos casos3,4,5,13. Face a estes
dados, os sesamoides multipartidos
devem ser sempre considerados em
termos de diagnóstico diferencial da
fratura aguda, sendo recomendado
estudo radiológico de ambos os pés5.
O atingimento bilateral, a presença de soluções de continuidade
incompletas, sem interrupção das
trabéculas ósseas e com margens
arredondadas, regulares e escleróticas, estão a favor da presença de um
sesamoide multipartido. Além disso,
o sesamoide multipartido apresenta
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