Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2012 | Page 7

Figura 2 – Rx apresentando uma fase evoluída do processo de resolução pós-cirúrgica da doença de Freiberg do 2.º metatarso, sendo visível o fio de aço utilizado no encerramento da osteotomia realizada degradação dos sinais radiologicos da doença (estadios III e IV), colocam a necessidade de recurso a tratamento cirúrgico2,3. Caso Clínico Em Janeiro de 2010 recebemos em consulta uma adolescente de 16 anos (d.n. 7-10-1993), saudável, estudante e praticante federada de basquetebol nas camadas jovens, com incursões frequentes no plantel sénior. Apresentava dor persistente ao nível do ante pé direito, com agravamento progressivo. A evolução da doença tinha cerca de 18 meses. Negava a existência de traumatismo de intensidade relevante. Fazia medicação regular com analgésicos. Inicialmente teria feito vários períodos de interrupção da atividade desportiva, seguidos de tentativas de retoma da mesma por períodos de duração imprevisível, até que cerca de 6 meses antes da consulta foi obrigada a parar por completo devido à intensidade das queixas dolorosas. Apresentava biótipo longilíneo, peso = 63 kg, estatura = 1,80 m e IMC = 19,44 kg/m2. Ao exame objetivo apresentava um pé egípcio, com uma fórmula metatarsiana de tipo primus minus. Queixava-se de dor muito viva na região da metatarso-falângica do 2.º dedo do pé direito, com edema e muito discreto rubor nessa região. Existia rigidez articular e o 2.º dedo apresentava-se em discreta hiperextensão sobretudo à custa da metatarso-falângica. Havia agravamento significativo da dor à tentativa de exploração das mobilidades articulares. A doente fazia-se acompanhar de um Rx e de uma RMN. O Rx confirmava a presença da doença de Freiberg (grau III de Smilie) (Figura 1). A RMN não acrescentava dados relevantes. Após uma ponderação de vários fatores, como a idade, a fase evolutiva da doença, o desporto praticado e o tipo de pé, foi proposto o tratamento cirúrgico para realização de uma operação de Gauthier (osteotomia de subtração dorsal na cabeça do metarso (Gauthier and Elbaz – 19795 (Figura 2). No pós-operatório foi colocada uma imobilização funcional, com carga parcial durante 3 semanas, após o que iniciou a fisioterapia. Reiniciou a atividade desportiva aos 4 meses de pós-operatório e a competição aos 6 meses. Retirou fio de aço utilizado no encerramento da osteotomia na cabeça do meta aos 14 meses após a cirurgia inicial. Atualmente encontra-se assintomática, o Rx apresenta matriz óssea de caraterísticas normais na cabeça do 2.º metatarso do Avançando para o seu bem estar! www.interorto.pt Revista de Medicina Desportiva informa Julho 2012 · 5