Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2012 | Page 30
por Hambrecht et al, num estudo
prospetivo de 1993 onde se demonstrou que o exercício com dispêndio
calórico adequado pode condicionar positivamente a evolução ou
mesmo causar regressão da doença
coronária8. O acompanhamento
deve manter-se pelo menos por 12
meses, de acordo com a evidência
de que programas de longa duração10 produzem benefícios de maior
amplitude.
No início e no fim do PHD o doente
deve ser submetido a uma consulta
médica associada à realização de
prova de esforço, exames laboratoriais e questionários de qualidade de
vida para determinação dos parâmetros do treino e da intensidade
da atividade física, de acordo com a
capacidade funcional3,6,7.
Durante a entrevista inicial
deverá ser entregue ao paciente um
“Manual do Coração”, com os exercícios diários a realizar, um diário de
registo da atividade física e da nutrição, bem como informação escrita
ou vídeos sobre prevenção secundária para o utente e família1,5,6. É
nesta altura que se recolhem os contactos telefónicos e se faz o agendamento de visitas domiciliárias ou de
deslocações do paciente ao centro de
reabilitação que deverão ser realizadas na 2.ª, 3.ª, 4.ª e 6.ª semana1,5.
Para minimizar risco de lesões, o
TF deve realizar-se com intensidade
moderada, prescrita pela avaliação
subjetiva de 1RM, de forma a provocar inicialmente estímulos com um
nível de perceção de intensidade de
esforço de 12–13 na Escala de Borg,
os quais produzem uma sobrecarga
mínima para o miocárdio, e utilizando para os membros superiores
uma carga 20% mais baixa1,7,12. Com
este propósito escolheu-se para a RC
em HB o 1.º estadio do TF, onde se
utiliza preferencialmente o peso corporal, exercícios calisténicos, devido
à natural inexistência de materiais
de carga adicional (pesos, halteres,
bandas elásticas, etc.) no espaço
residencial4,9. Assim, a intensidade
prescrita deve, num 1.º estadio,
realizar-se a 30 a 50% de 1RM, com
1 série de 12 a 25 repetições executadas confortavelmente, evitando a
manobra de Valsalva, com o objetivo
de melhoria da resistência local e da
coordenação4,9. Como incremento
num 2.º estadio deve realizar-se o
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exercício com uma intensidade de
40 a 60% de 1RM, igualmente com
1 série de 8 a 15 repetições, com o
adicional objetivo de aumento de
volume muscular4,9. O treino deve
ser realizado 2 a 3 vezes por semana,
deixando um intervalo de pelo
menos 24 horas entre as sessões4,9,12.
Conclusão
O TF é considerado atualmente como
um componente importante do PRC
que deve complementar o treino
aeróbio, sem o substituir. Um conjunto de pesquisas recentes demonstraram que o TF não só melhora a
força muscular e a endurance cardiovascular, mas também influencia
positivamente os fatores de risco,
como a dislipidemia, a hipertensão,
a obesidade e a diabetes, para além
de produzir aumento da densidade
óssea. Considera-se que estes ganhos
também podem ser obtidos em
programas de RC em HB desde que
sejam atingidos níveis adequados
de treino aeróbio e de força, contrariando o sedentarismo e associando-o ao controlo dos fatores de risco.
De acordo com os estudos realizados
no Reino Unido, os benefícios atrás
descritos para os programas de RC
em HB têm a amplitude semelhante
aos dos PRCs realizados de centros
especializados. Esta experiência
carece de replicação e comprovação
noutros enquadramentos.
Bibliografia
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and Pulmonary Rehabilitation. Guidelines
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the American Heart Association Exercise,
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3. Bell