Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2012 | Page 24

apesar de especulativo , baseia-se no facto do mecanismo de atrito poder ser o resultado das variações de pressão intra-abdominal , com excursões diafragmáticas mais amplas na resposta aguda ao exercício , associados aos mecanismos de contração e distensão visceral , agravados em esforço na fase pós-prandial .
Como prevenir a DATE ?
A generalidade dos estudos refere a repleção gástrica como uma das causas mais comummente aceites . De facto , a sintomatologia dolorosa é mais frequente na fase pós-prandial . Nesta circunstâncias , as conhecidas regras de ingestão de alimentos , sólidos e líquidos , parecem jogar um papel fundamental na prevenção . A generalidade dos autores consultados apontam para a necessidade de uma criteriosa estratégia de hidratação pré-esforço , com restrição de líquidos hipertónicos . Importa também a implementação de corretas metodologias de intervenção em treino e competição , invariavelmente relacionadas com o nível de condição física ( atletas mais treinados e em melhor condição física apresentam menos queixas ), com a intensidade inicial do exercício , com um deficiente “ aquecimento ” e com as condições ambientais – baixa temperatura em que se realiza o exercício . A idade e o sexo também se afiguram como fatores a considerar , sendo clara a prevalência em atletas jovens e mais frequente no sexo masculino .
Para além dos aspetos referidos no parágrafo anterior , algumas estratégias podem ser alvitradas : 1 . Controlo do ritmo ventilatório , alternância entre tempos expiratório e expiratório . Este controlo objetiva a sincronização entre a técnica e a amplitude dos ciclos ventilatórios , nomeadamente na fase expiratória permitindo um movimento diafragmático mais amplo . Não é errado , diremos mesmo que é aconselhável , que se incremente a “ respiração abdominal ” aquando do surgimento dos primeiros sintomas . Apesar das avaliações por espirometria em episódios de DATE não revelaram alterações significativas , os atletas reportam alivio da sintomatologia através de controlo da ventilação .
2 . Treino da musculatura abdominal , nomeadamente da parede antero- -lateral . Acredita-se que a parede abdominal , na sua fundamental ação de suporte dos órgãos intra- -abdominais e também como músculos respiratórios , permite uma mais rápida adaptação às alterações agudas , frénicas e hemodinâmicas , verificadas na fase inicial de exercícios intensos de caraterísticas gerais .
3 . Reeducação postural e reforço da musculatura dorso-lombar . A manifestações de dor abdominal relacionada com o exercício são mais frequentes em portadores de desvios da coluna vertebral , particularmente cifose da coluna dorsal .
Bibliografia
1 . Morton DP , Callister R . Electromyography and spirometry measurements during ‘ stitch ’ [ abstract ]. Sydney , October , 1999 . ACT : Sports Medicine Australia , 1999 ; 226 .
2 . Morton DP , Callister R . Characteristics and etiology of exercise-related transient abdominal pain . 2000 ; 32:432 – 8 .
3 . Morton DP , Aragon-Vargas LF , Callister R . Effect of ingested fluid composition on the experience of exercise-related transient abdominal pain . Perth , October . ACT : Sports Medicine Australia , 2001:63 .
4 . Morton DP , Aune T . Role of the thoracic spine in the experience of exercise-related transient abdominal pain . Perth , October . ACT : Sports Medicine Australia , 2001:80 .
5 . Morton DP , Callister R . Factors influencing exercise-related transient abdominal pain . 2002 ; 34:745 – 9 .
6 . Morton DP . Exercise related transient abdominal Pain . The causes of exercise related transient abdominal pain remain to be elucidated . Br J Sports Med 2003 ; 37:287 – 288 .
7 . Morton DP , Aune T , Callister R . Influence of body type and posture on the experience of ‘ stitch ’ [ abstract ]. Muir , B . Exercise related transiente abdominal pain : a case report and review of the litarature . J . Can Chiropr Assoc 2009 ; 53 ( 4 ).
8 . Plunkett BT , Hopkins WG . Investigation of the side pain ‘ stitch ’ induced by running after fluid ingestion . 1999 ; 31:1169 – 75 .
9 . Rehrer NJ , Brouns F , Beckers EJ , et al . 1992 ; 64:1 – 8 .
10 . Steege FRW , Geelkerken RH , Huisman AdB , Kolman JJ . Abdominal symptoms during physical exercise and the role of gastrointestinal ischaemia : a study of 12 symptomatic athletes . Br J Sports Med . 2011 Oct 20 .
Glucose and caffeine effects on sustained attention : an exploratory fRMN study . J M S-Grabulosa , et al . Human Psychopharmacology : Clinical and Experimental , Volume 25 , Issue 7 – 8 , pages 543 – 552 , Nov 2010 .
“ Um estudo levado a cabo pela Universidade de Barcelona sugere que o cérebro pode tornar-se mais eficiente sob o efeito da cafeína e glicose quando ingeridos em simultâneo , precisando de menos recursos para obter o mesmo rendimento que os indivíduos que ingeriram placebo ou cafeína e glicose separadamente , sendo contudo necessários estudos adicionais ”, esta é a introdução deste artigo , publicado na última trimestral newsletter na CocaCola ® ( http :// www . cocacolaportugal . com / ps _ newsletter . aspx ).
40 sujeitos , pouco consumidores de cafeína , participaram neste estudo duplamente cego , randomizado . Ingeriram 4 soluções : água , só glicose ( 75 gr ), só cafeína ( 75 mg ) e glicose ( 75 gr ) + cafeína ( 75 mg ). Foram sujeitos a 2 RMN funcionais , 30 minutos antes e após a ingestão , e realizaram um teste de rendimento contínuo para avaliar a atenção sustentada e a memória de trabalho . Os resultados revelaram que os indivíduos quando consumiram glicose e cafeína simultaneamente apresentaram diminuição da ativação cerebral associada com a tarefa no córtex parietal bilateral e no córtex pré-frontal esquerdo , sem diminuição do rendimento , o que sugere que o cérebro é mais eficiente sob o efeito combinado das 2 substâncias , dado que “ necessita de menos recursos para produzir o mesmo nível de rendimento ,… o que sugere o efeito sinérgico destas 2 substâncias ”.
22 · Julho 2012 www . revdesportiva . pt