Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2012 | Page 20

estatísticas antigas apontarem para valores de 5 % da população adulta , estudos recentes na população europeia demonstraram a existência desta afeção em mais de 20 % da população ( Projeto de Aquiles ). Num estudo recente , em Portugal , estimou-se a existência de cerca de 16 % da população portuguesa .
Em cerca de 70 % as infeções são provocadas por dermatófitos . Num estudo efetuado por Jenkins e coll , em atletas Olímpicos , as onicomicoses , onicocriptoses ( unha encravada ) e a dermatofitia plantar ( pé de atleta ) foram detetadas numa percentagem significativa de atletas .
Existem várias formas de apresentação clínica das onicomicoses que nos poderão orientar no diagnóstico diferencial e orientação terapêutica , mas o diagnóstico definitivo passa pelo exame micológico direto e cultural , sendo por vezes necessário recorrer ao exame histológico , com estudo pelo PAS . Constituem populações de risco os pacientes com infeções prévias por trichophytun rubrum , os idosos , os possuidores de morfologia anormal das unhas , os frequentadores de locais públicos , como balneários , como sejam os atletas , havendo ainda fatores genéticos e de imunodeficiência que concorrem , não só como fatores de risco para infeção , mas também para recaída ou reinfeção .
A incidência crescente nos últimos anos relaciona-se com atividades de desporto , sobretudo em áreas públicas , como ginásios e piscinas . É também mais frequente nas pessoas com atividades domésticas ou profissionais de limpeza , nos diabéticos , obesos , idosos e nos imunodeficientes por doença ou medicamentos . O calçado apertado e inadequado favorece microtraumatismos e hematomas das unhas o que predispõe ao aparecimento e recaída das onicomicoses .
Os primeiros sinais da doença correspondem à modificação da cor da unha ( amarelada ou esbranquiçada ), ao seu espessamento , com aparecimento de depósito ( tipo farinha ) por baixo da unha , com engrossamento progressivo e alteração da forma . As onicomicoses não são apenas um problema estético , originando por vezes problemas físicos ( dores e desconforto ao andar ou praticar desporto ) e psicológicos ( com perda da autoestima , ansiedade e isolamento social ), assumindo , dada a sua frequência , um importante problema de saúde pública . As onicomicoses não tratadas favorecem infeções associadas bacterianas e constituem um foco potencial de contágio para o próprio , para a família e para a comunidade .
As pessoas recorrem ao médico frequentemente numa fase avançada , quando têm dificuldade em andar , ou por contágio da micose a outras áreas , como os pés ( com prurido , descamação e gretas entre os dedos : ( o “ pé de atleta ”) ou as virilhas ( com vermelhidão e prurido ). Assiste-se frequentemente à automedicação , com utilização de cremes inadequados , por vezes com corticosteroides , para aliviar o prurido , e ao uso de exfoliações ou polimento das unhas , com utilização irregular de cremes ou vernizes que são frequentemente insuficientes para tratar as onicomicoses que envolvem a raiz da unha , prolongando e agravando estas afeções .
Os tratamentos atuais são mais eficazes , cómodos e seguros . A abordagem terapêutica pode ser tópica , oral ou combinada . Numa fase inicial a utilização adequada de vernizes antifúngicos poderá ser eficaz em cerca de 75 % das onicomicoses . Nos vernizes realce para o ciclopirox e a amorolfine , em verniz . Esta última destaca-se pela sua eficácia e comodidade posológica . No entanto , as melhores curas clínicas e micológicas são obtidas pela terapêutica combinada , tópica e oral , havendo orientações gerais internacionais para a sua utilização , em particular quando há envolvimento da matriz ou de mais de 50 % de uma ou várias unhas . Esta abordagem permite obter uma mais eficaz e alargada ação antifúngica . Da terapêutica oral destaca-se a terbinafina , o itraconazole e o fluconazol , em vários esquemas terapêuticos . O tempo de medicação oral , na maioria dos casos , varia entre 2 a 3 meses para as mãos e 3 a 4 meses para os pés , mas a medicação local é necessária até a unha ficar completamente bem , o que poderá durar , em média , 6 meses nas mãos e 12 meses nos pés , com esquemas de prescrição que devem ser adaptados à patologia ou agentes em causa e às medicações sistémicas coexistentes e função analítica . A interrupção do tratamento favorece a persistência do fungo , ou a sua recaída , por vezes , com desenvolvimento de resistências . As recidivas são por vezes minimizadas pela compensação / correção de defeitos biomecânicos do pé , sendo um dos contributos mais importantes que o podologista pode dar para o médico e para o paciente . É aconselhável uma reavaliação clínica após o tempo de tratamento recomendado para verificar se ficou de facto curado , para minimizar as insuficiências de tratamento ou recaídas .
O diagnóstico diferencial , nomeadamente com várias dermatoses com expressão ungueal constitui uma das etapas mais importantes na orientação do paciente com patologia ungueal . A prevenção primária e secundária das onicomicoses deverão ser estimuladas em toda a população , cabendo aos diferentes profissionais de saúde que trabalham com o pé a sua divulgação e implementação .
Perioníquia A inflamação dos tecidos periungueais ( perioníquia ou panarício ) é frequentemente traumática , pelo mau corte das unhas ou favorecida por curvatura inadequada das unhas . As complicações microbiológicas podem ser bacterianas ( por estafilococo ou Pseudomonas ), fúngicas ( frequentemente por Cândida ) ou mistas ( fig . 4 e 5 ). A terapêutica tópica , antibacteriana e / ou antifúngica , e por vezes sistémica impõem-se . No caso das unhas das mãos são fatores predisponentes a permanência frequente em água e a utilização de substâncias agressivas ou detergentes , sem proteção adequada de luvas .
Verrugas A infeção periungueal ou subungueal ( fig . 6 ) por vírus da família dos papilomavírus é uma situação frequente , por vezes recorrente , como nos atópicos ou nos indivíduos com alguma forma de imunodeficiência
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