Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2019 | Page 9
interessante a utilização de uma
intervenção que acelere a recupera-
ção, mas por outro lado esta ace-
leração (1) ocorre à custa do adia-
mento (ou mesmo impedimento) da
resolução da resposta inflamatória
desencadeada pela agressão (i.e., o
exercício), (2) pode ter repercussão
na funcionalidade máxima do atleta
e (3) pode mesmo aumentar o risco
de lesão ou de agravar uma lesão já
existente, nomeadamente quando o
atleta não sente dor e se sente apto
para treinar/competir. É importante
lembrar algumas limitações de
muitos dos estudos mencionados no
artigo, entre elas: (1) foram realiza-
dos com atletas amadores e, como
tal, os resultados não podem ser
diretamente extrapolados para os
atletas profissionais; (2) os resulta-
dos são relativos a uma intervenção
pontual (toma de AINE), não sendo
possível prever com segurança o
resultado da intervenção se fosse
continuada ao longo do tempo e (3)
os estudos sobre a resposta aguda
foram feitos com exercícios com
contrações excêntricas, o que poderá
não corresponder à realidade de
treino a que a maioria dos atletas
está sujeito. Concluindo, os AINEs
parecem ter capacidade de modular
as respostas de adaptação ao exer-
cício, tanto a curto como a longo-
-prazo, e poderão eventualmente
dar uma vantagem competitiva
em certas situações. Contudo, são
necessários mais estudos para (1)
melhor compreender este fenómeno
e os mecanismos que o explicam,
(2) melhor caracterizar a eventual
vantagem competitiva, (3) perceber
se esta vantagem se aplica também a
atletas profissionais, (4) definir quais
os fármacos, a dose e o momento
eficazes e (5) considerar se faz sen-
tido acrescentar algum dos AINEs à
lista de substâncias da WADA. Sobre
este último ponto, e apesar de haver
autores que defendem a integração
do paracetamol na referida lista por
poder fornecer uma eventual vanta-
gem competitiva, é útil recordar que
este é um fármaco eficaz, seguro e
de grande utilidade numa série de
situações clínicas, situações essas
que também ocorrem nos atletas
profissionais.
1. Tommy R. Lundberg, Glyn Howatson. Scand
J Med Sci Sports. 2018; 1-11.
2. Interno de Medicina Geral e Familiar, USF
Monte Pedral. Aluno do Curso de Pós-
-graduação em Medicina Desportiva da
Faculdade de Medicina do Porto.
3. Por uma questão de simplicidade de
exposição, o paracetamol foi incluído na
designação de AINE, mas, em bom rigor,
o paracetamol tem uma atividade anti-
-inflamatória muito fraca, que leva alguns
autores a não o considerarem um AINE.
A SPAT, a Sociedade
Portuguesa de Artros-
copia e Traumatologia
do Desporto, tem um
novo site. Está um site
muito bem estrutura-
do, não atafulhado de conteúdos,
que “respira” e com uma visualiza-
ção interessante. Nele é possível co-
nhecer a história da SPAT, os seus
fundadores, os atuais elementos dos
corpos gerentes, o anúncio de algu-
mas reuniões científicas e de outras,
algumas notícias e mais alguns con-
teúdos. Um link importante relacio-
na-se com o procedimento para se
adquirir a categoria de sócio. É im-
portante ser sócio, para a SPAT que a
engrandece e também para o novo
associado que fará parte de uma es-
trutura científica que lhe dará bene-
fícios e prestígio. A quota anual é
pequena, pelo que não será este o
aspeto desmobilizador. É um site re-
novado, mas ainda muito jovem,
pelo que está em processo de cresci-
mento, certamente também na dire-
ção da divulgação de textos médicos
atuais, tão importantes para a atua-
lização contínua. A secção do anún-
cio dos Congressos será também
uma área de crescimento no imedia-
to. É um site vistoso, é um site clean.
Parabéns à SPA, parabéns ao seu
então Presidente, o Dr. Henrique
Jones, pela obra que deixou.
E n t r e t a n t o,
o Dr. Henrique
Jones (à direi-
ta) passou o
testemunho ao
Dr. Luís Bran-
co do Amaral, o qual é agora o novo
Presidente da SPAT para o próximo
biénio. A SPAT continua, assim, com
boa liderança e continuará a ser
uma referência nacional de forma-
ção e aglutinadora do saber nesta
tão específica e importante área da
ortopedia e da medicina desportiva.
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