Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2019 | Page 8

quando o ECG de repouso é ininter- pretável (por ex. BCRE) deverá fazer um teste de isquemia por imagem, sendo preferível o exame onde no local onde é realizado existe melhor experiência e disponibilidade (RMN com perfusão ou ecocardiograma de stress ou mesmo cintigrafia de perfusão miocárdica com radioisó- topos). Se há isquemia, então um AngioTC e SC deverá ser realizado para indicar a eventual necessidade de cateterismo cardíaco. Os auto- res referem adicionalmente que a presença de DAC não contraindica em absoluto a prática de exercício físico regular, exceto se a idade for superior a 60 anos e os desportos sejam de alta intensidade (triatlos, maratonas, etc). Todos devem ser revascularizados na presença de DAC funcionalmente significativa e os fatores de risco tratados de modo agressivo. 8. Mohlemkamp S, Lehmann N, Breuckmann F, et al. Running: the risk of coronary events: prevalence and prognostic relevance of coronary atherosclerosis in marathon runners. Eur Heart J. 2008; 29:1903-1910. 9. Merghani A, Maestrini V, Rosmini S, et al. Prevalence of subclinical coronary artery disease in masters endurances athletes with a low atherosclerotic profile. Circulation. 2017; 136:126-137. 10. Borjesson M, Dellborg M, Niebauer J, et al.Recommendations for participation in leisure time or competitive sports in athletes-patients with coronary artery disease: a position state- ment from the Sports Cardiology Section of the European Association of Preventive Cardiology (EAPC). Eur Heart J. 2018; ehy408. Analgesic and anti-inflammatory drugs in sports: Implications for exercise performance and training adaptations 1 Resumo Dr. João Almeida Santos 2 Bibliografia 1. Piepoli MF, Hoes AW, Agewall S et al. 2016 European Guidelines on cardiovascular disease prevention in clinical practice: The Sixth Joint Task Force of the European Society of Cardio- logy and Other Societies on Cardiovascular Disease Prevention in Clinical Practice (cons- tituted by representatives of 10 societies and by invited experts) Developed with the special contribution of the European Association for Cardiovascular, Prevention & Rehabilitation (EACPR). Eur Heart J. 2016; 37:2315-81. 2. Thompson PD, Franklin BA, Balady GJ et al. Exercise and acute cardiovascular events placing the risks introperspective. Circulation. 2007; 115:2358-68. 3. Berdowski J, de Beus MF, Blom M et al. Exercise-related out-of-hospital cardiac arrest in the general population: Incidence and prog- nosis. Eur Heart J. 2013; 34:3616-23. 4. Marijon E, Uy-Evanado A, Reinier K et al. Sudden cardiac arrest during sports activity in middle age. Circulation. 2015; 131:1384-91. 5. Kim JH, Malhotra R, Chiampas G et al. Car- diac arrest during long-distance running races. N Engl J Med. 2012; 366:130-40. 6. Braber TL, Mosterd A, Prakken NHJ et al. Occult coronary artery disease in middle-aged sportsmen with a low cardiovascular risk score: the Measuring Athlete’s Risk of Cardiovascu- lar (MARC) events study. Eur J Prev Cardiol. 2016; 15:1677-84. 7. Dores H, Gonçalves PA, et al. Subclinical coronary artery disease in verean athletes: is a new preparticipation required? Br J Sports Med. 2018; 0:1-6. 6 janeiro 2019 www.revdesportiva.pt Os anti-inflamató- rios não-esteroides (AINEs 3 ) são Actualmente fármacos de venda livre, sendo muito utili- zados pela população pelas suas propriedades analgésicas, anti- -inflamatórias e antipiréticas. Os atletas amadores e profissionais não só são consumidores, como chegam mesmo a registar taxas de utilização superiores, sendo que alguns atle- tas tomam estes fármacos com o intuito de adquirirem uma vantagem competitiva. Neste artigo, os autores fazem uma exposição dos vários trabalhos publicados sobre os efeitos dos AINEs no rendimento despor- tivo, na resposta aguda ao exercício e na adaptação ao treino a longo prazo. Relativamente ao rendimento desportivo, os primeiros trabalhos foram realizados nos anos 90 com o ácido acetilsalicílico (AAS). Concluiu- -se que uma toma única de AAS (em doses de 650mg ou 1000mg) antes de uma prova não alterava o desempe- nho. Foram também feitos estudos com o paracetamol, sendo que com este fármaco se verificou efetiva- mente uma melhoria no rendimento desportivo atribuída a vários fatores: (1) maior tolerância à dor, (2) menor perceção da intensidade do esforço executado e, relacionado com os dois primeiros, (3) atraso no apareci- mento da fadiga neuromuscular. Esta vantagem competitiva foi também verificada para esforços realizados em ambientes com temperatura elevada (30°C), onde a temperatura corporal registada foi significativa- mente inferior aquando da utilização do placebo, sugerindo que o efeito antipirético do paracetamol se possa eventualmente estender aos indi- víduos apiréticos. Relativamente à resposta aguda ao exercício, alguns estudos feitos com ibuprofeno e paracetamol (1200mg/d e 4000mg/d, respetivamente) mostraram supres- são da síntese proteica no músculo- -esquelético após um exercício de resistência com contrações excêntri- cas e pelo menos parte desta supres- são parece poder ser explicada pela diminuição da sinalização e transcri- ção genética. Contudo, nem todos os estudos com AINEs demonstraram redução da síntese proteica, possi- velmente por diferenças ao nível do protocolo e da via de administração do fármaco. De notar também que esta supressão da síntese proteica não se verificou com os inibidores seletivos da COX-2 (coxibs), o que aponta a COX-1 como responsável pelo aumento da síntese proteica no processo de reparação após o treino de resistência. Outra alteração provocada pelos AINEs, e também aparentemente pela inibição espe- cífica da COX-1, é a atenuação do aumento do número das células estaminais miogénicas, aumento este que é normalmente induzido pelo exercício e que se pensa ter um papel importante na reparação das fibras musculares. Relativamente à adaptação ao treino a longo prazo, a evidência preliminar parece mos- trar uma diferença na resposta aos AINEs consoante a idade: a resposta de adaptação ao treino (exemplo, massa muscular) sofre atenuação nos indivíduos jovens, enquanto nos indivíduos mais velhos (60-80 anos) parece aumentar face ao placebo. Uma explicação avançada para esta diferença reside no eventual estado pró-inflamatório de base da popu- lação idosa. Os autores abordam ainda o conceito de “dicotomia da recuperação”: por um lado, pode ser