Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2019 | Page 29
Figura 4 – O sinal do músculo iliopsoas
(http://mmiienfermagemuna.blogspot.
com/2014/06/musculos-do-membro-
-inferior.html)
as lesões do labrum, infeções articu-
lares, hérnias, necrose avascular da
cabeça do fémur, encarceramentos
do nervo obturador, entre outros. 2
Quanto ao tratamento, dada rari-
dade deste tipo de lesão, a literatura
é escassa. 8 Consequentemente, a
terapêutica implementada esteve
sempre, ao longo de todo o processo
de reabilitação, orientada para os
sinais e sintomas diários do atleta,
bem como para os princípios gerais
de tratamento das lesões muscu-
lares. 6,7 Por razões semelhantes
tivemos alguma dificuldade na
definição do prognóstico para este
caso em concreto. Estamos conven-
cidos que o facto de o jogador ser
esquerdino e a lesão ter acontecido
à direita teve um impacto positivo
na sua recuperação, tornando mais
rápido o regresso à competição.
Esta convicção deriva do facto de
as solicitações sobre o músculo
iliopsoas serem incomparavelmente
superiores no membro dominante
durante a prática de futebol. Este
facto permitiu que o atleta iniciasse
rapidamente treino condicionado
com a restrição da utilização da
coxofemoral direita para atividades
como o passe longo e remate. Além
disso, a probabilidade de recidiva,
tratando-se do membro não domi-
nante, seria também comparativa-
mente menor, aspeto que acabou
por pesar na decisão de regresso à
competição.
Uma das possíveis conclusões a
retirar é que após um correto diag-
nóstico, confirmado com recurso a
imagiologia, é possível ter um atleta
com uma lesão miotendinosa par-
cial do iliopsoas a competir ao mais
alto nível ao 13º dia pós lesão.
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A rotura do ligamento cruzado ante-
rior (LCA) é uma das lesões impor-
tantes do desporto pela incidência e
frequência da necessidade de trata-
mento cirúrgico. Apesar dos resulta-
dos terem vindo progressivamente a
melhorar, Arden et al 1 , numa meta-
-análise publicada em 2011, repor-
taram que apenas 82% dos doentes
operados foram capazes de retomar
o mesmo tipo de desporto e que
apenas 63% o conseguiram fazer
ao mesmo nível. Contudo, temos de
considerar que a evolução no trata-
mento das lesões do LCA sofreu pro-
gressos recentes muito importantes,
baseada num melhor conhecimento
anatómico, funcional e dos fatores
de rico de falência. Atenção ao que
se lê! Quando avaliamos publicações
sobre este tema temos que analisar,
a técnica usada, o protocolo de rea-
bilitação, lesões associadas, etc. Hoje
o objetivo é a reconstrução mais ana-
tómica e houve um desenvolvimento
técnico significativo. Num estudo
importante apresentado e realçado
no Congresso Anual da AOSSM
(American Orthopedic Society for
Sports Medicine), que envolveu cerca
de 1600 doentes operados entre
2002 e 2004, com mais de 10 anos de
seguimento, a esmagadora maioria
mantinha atividade similar à prévia
ou pelo menos atividades com alto
nível de exigência do joelho. Con-
clusão: a cirurgia proporcionou bons
resultados e os bons resultados não
se degradaram significativamente
no tempo. Foram identificados como
fatores de mau prognóstico: índice
de massa corporal elevado (excesso
de peso), fumadores, antecedentes
de cirurgia meniscal, cirurgia de revi-
são do LCA, lesões de cartilagem em
qualquer compartimento ou cirur-
gia subsequente no mesmo joelho.
Estes dados, entre outros, sugerem
que estamos num caminho positivo
para melhorar o resultado dos nos-
sos pacientes. O tratamento deve
ser adaptado ao perfil, ao tipo de
lesão e ás expectativas do paciente.
Devemos informar sobre os fatores
de risco e os resultados proporciona-
dos atualmente no tratamento das
lesões do LCA. Dr. Hélder Pereira
1. Ardern CL, Webster KE, Taylor NF, Feller
JA. Return to sport following anterior
cruciate ligament reconstruction sur-
gery: a systematic review and meta-
-analysis of the state of play. Br J Sports
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