Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2019 | Page 21
melhorar os seus hábitos alimen-
tares. A ingestão de alimentos ricos
em cálcio (Tabela 3), é uma medida
simples e com impacto significativo.
Em conjunto com outras estratégicas
comportamentais será um contri-
buto importante na prevenção da
osteoporose, ajudando a maximizar a
densidade óssea (principalmente em
crianças e adolescentes) e retardando
a perda de osso na idade adulta.
Recomendações alimentares para
uma boa saúde óssea:
• Incluir diariamente alimentos
ricos em cálcio na alimentação
ao longo de toda a vida (pode, em
determinadas condições, incluir
suplementação)
• Consumir diariamente 2 a 3 por-
ções de leite magro ou produtos
lácteos magros
• Consumir diariamente cinco por-
ções de frutas e hortícolas
• Garantir adequada ingestão de
vitamina D (salmão, sardinhas,
atum, ovos, fígado, exposição solar
e suplementação)
• Garantir adequada ingestão de
vitamina C (fruta) e vitamina K
(legumes de folha verde, fígado e
peixe)
• Limitar a ingestão de sal (máximo
de 5g por dia; i.e.: 2000mg de
sódio)
• Moderar ou abster-se do consumo de
bebidas alcoólicas.
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Dr. Henrique Sousa 1,4 , Dra.
Joana Matos 2 , Dra. Andreia
Ferreira 3,4
1
Interno de formação
específica de Ortopedia;
2
Interna de formação
específica de Medicina Física
e Reabilitação do Centro
hospitalar entre Douro e
Vouga
3
Assistente Hospitalar
Ortopedia. 4 Centro
Hospitalar Vila Nova de
Gaia-Espinho.
Ossos fracos, ossos partidos
Osteoporose é uma doença esque-
lética sistémica caracterizada pela
diminuição da densidade mineral
óssea e degeneração da microar-
quitectura óssea, com consequente
aumento do risco de fratura. Afeta
predominantemente idosos e
mulheres pós-menopausa. A sua
principal complicação, as fraturas
osteoporóticas, acarretam uma
elevada morbi-mortalidade e ele-
vados custos económicos e sociais
que tornam a osteoporose num
dos principais problemas de saúde
pública de uma população em enve-
lhecimento.
O risco da fratura osteoporó-
tica – anca, coluna ou punho – ao
longo da vida é cerca de 30-40%
nos países desenvolvidos. 1 Entre 70
a 80% do total de fraturas ocorre
em mulheres, percentagem que
diminuirá nos próximos anos
com o aumento da prevalência de
osteoporose em homens. 2 Prevê-se
que em 2050 o custo das fraturas
osteoporóticas na Europa seja de 77
biliões de euros. 3
Fraturas vertebrais
As fraturas vertebrais são as fratu-
ras osteoporóticas mais frequentes.
A sua prevalência na população é
de 10 a 24% e sobreponível nos dois
géneros. 4,5 Estas ocorrem habitual-
mente após traumatismo minor,
como quedas da própria altura,
fletir e/ou rodar o tronco ou levantar
pesos. Podem, no entanto, ocorrer
na ausência de trauma. Dois terços
das fraturas vertebrais são assin-
tomáticas, sendo apenas deteta-
das em exames de imagem. Após
ocorrer uma fratura vertebral há
aumento de 4 a 5 vezes do risco de
nova fratura vertebral e 2 a 4 vezes
de outras fraturas osteoporóticas,
além de aumento significativo da
mortalidade, riscos que aumentam
exponencialmente com o acumular
de fraturas. 6 As complicações da
fratura vertebral incluem dorsalgia/
lombalgia crónica, défices neuro-
lógicos, limitação da mobilidade/
marcha, cifose com limitação da
mecânica ventilatória e aumento do
risco de pneumonia. 7,8 O tratamento
destas fraturas é habitualmente
conservador com recurso a ortóte-
ses, analgesia e alterações posturais.
O tratamento cirúrgico está indicado
em caso de lesão neurológica, para
estabilização mecânica ou controlo
de dor refratária a medidas conser-
vadoras. 9
Fraturas do fémur proximal
As fraturas do fémur proximal são
das consequências mais temidas e
nefastas da osteoporose. A incidên-
cia aumenta não só com a diminui-
ção da densidade mineral óssea,
mas também com o aumento do
risco de queda e, como tal, afetam
caracteristicamente os idosos. 10
Estão associadas a um aumento
de mortalidade de 15 a 25% no ano
seguinte à fratura, sendo esta mais
elevada nos homens. No entanto, o
seu principal impacto faz-se sentir
na elevada morbilidade que acar-
retam, em metade dos casos com
perda de autonomia e instituciona-
lização, temporária ou permanente,
incapacidade de marcha e deteriora-
ção da qualidade de vida. 11,12
O tratamento é quase sempre
cirúrgico e envolve a fixação da
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