Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2019 | Page 21

melhorar os seus hábitos alimen- tares. A ingestão de alimentos ricos em cálcio (Tabela 3), é uma medida simples e com impacto significativo. Em conjunto com outras estratégicas comportamentais será um contri- buto importante na prevenção da osteoporose, ajudando a maximizar a densidade óssea (principalmente em crianças e adolescentes) e retardando a perda de osso na idade adulta. Recomendações alimentares para uma boa saúde óssea: • Incluir diariamente alimentos ricos em cálcio na alimentação ao longo de toda a vida (pode, em determinadas condições, incluir suplementação) • Consumir diariamente 2 a 3 por- ções de leite magro ou produtos lácteos magros • Consumir diariamente cinco por- ções de frutas e hortícolas • Garantir adequada ingestão de vitamina D (salmão, sardinhas, atum, ovos, fígado, exposição solar e suplementação) • Garantir adequada ingestão de vitamina C (fruta) e vitamina K (legumes de folha verde, fígado e peixe) • Limitar a ingestão de sal (máximo de 5g por dia; i.e.: 2000mg de sódio) • Moderar ou abster-se do consumo de bebidas alcoólicas. Bibliografia 1. Ross AC, Manson JE, Abrams SA et al. The 2011 report on dietary reference intakes for calcium and vitamin D from the Institute of Medicine: what clinicians need to know. J Clin Endocrinol Metab 2011; 96(1):53-58. doi:10.1210/jc.2010-2704. 2. United States Department of Agriculture (USDA). Agricultural Research Service. USDA food composition databases. https:// ndb.nal. usda.gov/ndb/search/list. Accessed May 7, 2018. 3. Institute of Medicine. 2011Dietary refe- rence intakes for calcium and vitamin D. Washington, DC: The National Acade- mies Press. 4. Dietary Reference Values for nutrients Summary report European Food Safety Authority (EFSA). EFSA Supporting publica- tion 2017: e15121. 5. Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) Tabela da Composição de Alimentos Lisboa: INSA, 2007 Propriedade: INSA/Centro de Segurança Alimentar e Nutrição Depósito legal: 242944/06. 6. Lopes C, Torres D, Oliveira A, Severo M, Alarcão V, Guiomar S, Mota J, Teixeira P, Rodrigues S, Lobato L, Magalhães V, Correia D, Carvalho C, Pizarro A, Marques A, Vilela S, Oliveira L, Nicola P, Soares S, Ramos E. Inquérito Alimentar Nacional e de Ativi- dade Física, IAN-AF 2015-2016: Relatório de resultados. Universidade do Porto, 2017. ISBN: 978-989-746-181-1. Disponível em: www.ian-af.up.pt. 7. Scientific Opinion on Dietary Reference Values for calcium. EFSA Panel on Dietetic Products, Nutrition and Allergies (NDA). European Food Safety Authority (EFSA), Parma, Italy; EFSA Journal 2015; 13(5):4101. 8. Zhao, Y, Martin, BR and Weaver CM. Cal- cium bioavailability of calcium carbonate fortified soymilk is equivalent to cow’s milk in young women. Journal of Nutrition, 2005; 135, 2379-2382. Dr. Henrique Sousa 1,4 , Dra. Joana Matos 2 , Dra. Andreia Ferreira 3,4 1 Interno de formação específica de Ortopedia; 2 Interna de formação específica de Medicina Física e Reabilitação do Centro hospitalar entre Douro e Vouga 3 Assistente Hospitalar Ortopedia. 4 Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia-Espinho. Ossos fracos, ossos partidos Osteoporose é uma doença esque- lética sistémica caracterizada pela diminuição da densidade mineral óssea e degeneração da microar- quitectura óssea, com consequente aumento do risco de fratura. Afeta predominantemente idosos e mulheres pós-menopausa. A sua principal complicação, as fraturas osteoporóticas, acarretam uma elevada morbi-mortalidade e ele- vados custos económicos e sociais que tornam a osteoporose num dos principais problemas de saúde pública de uma população em enve- lhecimento. O risco da fratura osteoporó- tica – anca, coluna ou punho – ao longo da vida é cerca de 30-40% nos países desenvolvidos. 1 Entre 70 a 80% do total de fraturas ocorre em mulheres, percentagem que diminuirá nos próximos anos com o aumento da prevalência de osteoporose em homens. 2 Prevê-se que em 2050 o custo das fraturas osteoporóticas na Europa seja de 77 biliões de euros. 3 Fraturas vertebrais As fraturas vertebrais são as fratu- ras osteoporóticas mais frequentes. A sua prevalência na população é de 10 a 24% e sobreponível nos dois géneros. 4,5 Estas ocorrem habitual- mente após traumatismo minor, como quedas da própria altura, fletir e/ou rodar o tronco ou levantar pesos. Podem, no entanto, ocorrer na ausência de trauma. Dois terços das fraturas vertebrais são assin- tomáticas, sendo apenas deteta- das em exames de imagem. Após ocorrer uma fratura vertebral há aumento de 4 a 5 vezes do risco de nova fratura vertebral e 2 a 4 vezes de outras fraturas osteoporóticas, além de aumento significativo da mortalidade, riscos que aumentam exponencialmente com o acumular de fraturas. 6 As complicações da fratura vertebral incluem dorsalgia/ lombalgia crónica, défices neuro- lógicos, limitação da mobilidade/ marcha, cifose com limitação da mecânica ventilatória e aumento do risco de pneumonia. 7,8 O tratamento destas fraturas é habitualmente conservador com recurso a ortóte- ses, analgesia e alterações posturais. O tratamento cirúrgico está indicado em caso de lesão neurológica, para estabilização mecânica ou controlo de dor refratária a medidas conser- vadoras. 9 Fraturas do fémur proximal As fraturas do fémur proximal são das consequências mais temidas e nefastas da osteoporose. A incidên- cia aumenta não só com a diminui- ção da densidade mineral óssea, mas também com o aumento do risco de queda e, como tal, afetam caracteristicamente os idosos. 10 Estão associadas a um aumento de mortalidade de 15 a 25% no ano seguinte à fratura, sendo esta mais elevada nos homens. No entanto, o seu principal impacto faz-se sentir na elevada morbilidade que acar- retam, em metade dos casos com perda de autonomia e instituciona- lização, temporária ou permanente, incapacidade de marcha e deteriora- ção da qualidade de vida. 11,12 O tratamento é quase sempre cirúrgico e envolve a fixação da Revista de Medicina Desportiva informa janeiro 2019 · 19