Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2018 | Page 32

Este Inquérito 2015-2016 obteve informação descritiva sobre a alimentação e nutrição, sobre a atividade física e sobre o estado nutricional da popu- lação portuguesa. Faculdades de Medicina, de Nutrição e Alimentação e de Desporto, do Porto e de Lisboa, fizeram parte do consórcio que levou a cabo este projecto, o qual “permitirá a avaliação de indicadores e a sua comparação com outros países, bem como suportará a definição de políticas públicas e intervenções na área alimentar e de atividade física ao nível europeu, nacional e regional”. Assim se espera que tal aconteça. Em relação ao consumo alimentar refere-se que “os Portugueses estão a consumir mais do grupo ‘carne, pescado e ovos’ e laticínios e menos produtos hortofrutícolas, ‘cereais, derivados e tubérculos’ e leguminosas, compa- rando com os consumos recomenda- dos pela Roda dos Alimentos Portu- guesa”, que a “prevalência nacional de consumo de pequeno-almoço é de 94,7%” e que é “mais frequente- mente por volta das 8h da manhã”. Lamentavelmente, “10% das famílias em Portugal experimentaram inse- gurança alimentar, ou seja, tiveram dificuldade, durante este período, de fornecer alimentos suficientes a toda a família, devido à falta de recursos financeiros”, mas “5,9 milhões de Portugueses (quase 6 em cada 10 Portugueses) têm obesidade ou pré-obesidade”. A prática ‘regu- lar’ de atividade física desportiva e/ ou de lazer programada é de 41,8%, sendo mais elevada nas crianças (61%) e menor nos idosos (33%) e a “prevalência de sedentarismo – nível mais baixo de atividade física – é de 37% para os jovens, 42% para os adultos e 48% para os idosos”. Preo- cupante. Os dados são interessantes e também poem ser consultados no site desta Revista. 30 janeiro 2018 www.revdesportiva.pt “Até que idade um desportista profissional consegue estar na alta compe- tição? Estarão os desportistas verdadeira- mente prepara- dos para terminar uma carreira? Como são os dias depois da glória? E os jovens que iniciam agora a carreira, saberão quanto custa realizar um sonho? A pensar nas questões que envolvem o presente e o futuro dos desportistas, Tarantini desenvolveu um projeto que aposta na prevenção e na sensibilização de desportistas para a gestão das carreiras. Alerta para a necessidade de se investir na formação acadé- mica e na criação de projetos paralelos à carreira profissional, de forma a prepararem a nova vida que os espera, o futuro depois do des- porto. Para o jogador que quer deixar a sua marca no mundo é urgente alertar as consciências, mostrar que a realidade dos jogadores de futebol não é só cor-de-rosa. Por detrás de cada vitória pessoal tem de estar o empenho, o sacrifício, a resiliência, a noção de que o sucesso requer muito trabalho e o talento por si só não basta. A Minha Causa é a causa de muitos, a causa que Tarantini quer deixar como legado aos jovens, aos profissionais, aos educadores e aos treinadores. Todos fazem parte do sonho.” A editora. O médico neurologista e investiga- dor James Noble (foto), da Univer- sidade de Colômbia, Nova Iorque, verificou que as mulheres têm risco aumentado (mais 50%) de concussão cerebral (CC) que os colegas homens aquando da prática de desportos, como futebol, basquetebol e futebol americano. Os resultados apresen- tados na reunião anual (2017) da Academia Americana de Neuro- logia (abril 2017, Boston) revelam que a CC representa 5% das lesões ocorridas em atletas universitários (college) e que em alguns desportos pode ir até 20%. No estudo longitu- dinal (2000-2014) participaram 1203 atletas (822 masculinos e 381 femi- ninos). Pelo menos uma CC ocorreu em 88 mulheres (23,1%; P=0.01) e quase todos os sintomas pós-CC foram semelhantes dos dois sexos: exceção da amnésia, mais frequente nos homens, e da insónia, mais frequente nas mulheres. Constatou que o tempo médio de regresso ao jogo foi de 10 dias nos dois sexos. A CC é um fator de risco para nova CC nos dois sexos, sendo três vezes mais provável que em relação aos colegas que não tiveram CC. Não se sabe a causa do risco aumentado nas mulheres, mas as diferenças fisiológicas na cabeça e pescoço entre homens e mulheres e o modo