Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2018 | Page 18

aceleração significativa após a menopausa ( perda anual de 3-5 %). Sabemos , no entanto , que a osteoporose é transversal a outras faixas etárias . Como tal , a sua prevenção deve iniciar-se precocemente , idealmente logo na infância .
De acordo com os mais recentes dados do EpiReumaPt ( publicados em 2016 ), a prevalência de osteoporose na população portuguesa ronda os 10,2 %, com predomínio franco de doentes do género feminino , corroborando os dados previamente publicados na literatura .
Não obstante a utilidade da densitometria óssea e de outros exames complementares de diagnóstico , a literatura tem demonstrado que a presença de determinados fatores de risco pode ser tão ou mais determinante do risco de fratura e , portanto , é perentória a sua avaliação . Para além da idade ( já anteriormente referida ), um dos fatores de risco major mais significativos é a existência de fratura prévia . Sabe-se que acarreta um risco aumentado em 86 % da ocorrência de nova fratura . Assim , foram desenvolvidas novas ferramentas , com especial destaque para o FRAX , que se têm mostrado muito úteis dado incluírem alguns desses fatores de risco . Não obstante , o FRAX apresenta naturalmente algumas limitações pelo que os seus resultados devem ser interpretados com a necessária atenção às caraterísticas de cada caso em concreto .
Conclusão
A osteoporose é considerada uma “ epidemia silenciosa ”, uma vez que a sua primeira manifestação pode ser a fratura , com todas as sequelas que daí advêm . O seu impacto socioeconómico torna-se óbvio , não só pelos custos diretos associados aos cuidados de saúde , mas acima de tudo pelos custos indiretos associados às incapacidades resultantes e restrições na capacidade de realização de atividades e participação do doente nos seus diversos contextos sociais , profissionais e familiares . A intervenção atempada , com destaque para a prevenção das potenciais complicações médicas acima mencionadas através de medidas educativas e programas de exercício físico , irá minorar as incapacidades e limitações descritas , repercutindo-se significativamente num incremento da qualidade de vida .
Bibliografia
1 . www . iofbonehealth . org
2 . Kanis JA . Assessment of fracture risk and its application to screening for postmenopausal osteoporosis : synopsis of WHO report . WHO Study Group . Osteoporos Int . 1994 Nov ; 4 ( 6 ): 368-81 .
3 . NIH Consensus Statement . Osteoporosis prevention , diagnosis , and therapy . 2000 ; 17 ( 1 ): 1-45 .
4 . Catalano A , Martino G , Morabito N , Scarcella C , Gaudio A , Basile G , Lasco A . Pain in Osteoporosis : From Pathophysiology to Therapeutic Approach . Drugs Aging . 2017 Oct 4 . doi : 10.1007 / s40266-017-0492-4 . [ Epub ahead of print ]
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Os exames e o tratamento da osteoporose
Dr . André Dias Medicina Geral e Familiar ; Unidade de Saúde de Ermesinde , Ermesinde ; Rio Ave FC
A relação entre a diminuição da densidade mineral óssea e o risco de fratura encontra-se bem estabelecida desde há várias décadas , constituindo a base das intervenções diagnósticas e terapêuticas destinadas à redução do risco de fratura e das suas consequências . Como em qualquer intervenção clínica , a intervenção médica no rastreio e no tratamento da osteoporose deve ser norteada pela melhor evidência científica disponível e devidamente enquadrada pelo sempre necessário bom senso clínico .
Em 2010 e 2011 a Direção Geral da Saúde emitiu Normas de Orientação Clínica relativas ao diagnóstico e tratamento da osteoporose , respetivamente . Tais instrumentos de governação clínica , desde que baseados em evidência científica sólida e bem-adaptados à realidade da prática clínica quotidiana , revelam- -se ferramentas de trabalho muito úteis e facilitam a atualização de conhecimentos . Muitas outras entidades nacionais e internacionais emanaram recomendações relativamente a este tópico , destacando-se mais recentemente a emitida pelo britânico National Osteoporosis Guideline Group , “ NOGG 2017 : Clinical guideline for the prevention and treatment of osteoporosis ”.
Não existindo atualmente evidência científica que fundamente um programa de rastreio de base populacional para a osteoporose , é adequada uma estratégia de identificação de casos em que se selecionam para avaliação formal do risco de fratura osteoporótica utentes com mais de 50 anos de idade , de ambos os sexos , com base na presença de determinados fatores de risco : idade , índice de massa corporal ( IMC ) menor que 18,5Kg / m 2 , história pessoal de fratura de fragilidade , história familiar de fratura da anca , tabagismo , história pessoal de utilização prolongada de glicocorticoides , consumo excessivo de bebidas alcoólicas e história pessoal de artrite reumatoide . Na ausência dos fatores de risco referidos , as utentes do sexo feminino deverão ser formalmente avaliadas quanto ao risco de fratura a partir dos 65 anos de idade e os utentes do sexo masculino a partir dos 75 anos de idade .
A ferramenta FRAX , que estima o risco de fratura da anca ou fratura osteoporótica major , encontra-se facilmente acessível na página da internet www . shef . ac . uk / FRAX e está agora validada para a população portuguesa . O cálculo pode ser realizado com ou sem dados relativos à densidade mineral óssea e , entrando em linha de conta com os fatores de risco anteriormente referidos , esta ferramenta permite identificar indivíduos que eventualmente beneficiariam de investigação adicional e / ou tratamento . Para utentes assintomáticos com estimativa de risco de fraturas osteoporóticas major inferior a 7 % e de fratura da anca inferior a 2 % é admissível a não realização de qualquer estudo adicional ou tratamento . Por outro lado , para utentes com estimativa de risco de fraturas osteoporóticas major superior a 11 % e de fratura da anca superior a 3 % é dispensável a realização de densitometria óssea e poderá estar indicado instituir tratamento farmacológico . Os utentes com estimativas de risco intermédias deverão ser submetidos a densitometria óssea do colo do fémur , integrando-se o resultado obtido no
16 janeiro 2018 www . revdesportiva . pt