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ou punção venosa ). 7-8 Afeta primariamente as extremidades , predominando no membro superior na idade adulta entre as 5 .ª e 7 .ª décadas de vida , é mais frequente no sexo feminino , sendo mais frequente no membro inferior em idade pediátrica . 1 , 4 , 6-8 Apesar de estar descrito , o seu aparecimento em atletas de alta competição é muito pouco frequente . 9-10 A baixa incidência da SCRD em idades mais jovens deve-se ao baixo grau de suspeição clínica nesta faixa etária . 11
Etiologia
Não existe correlação entre a gravidade da lesão inicial e a severidade da SDRC . Alguns estudos apontam para uma predisposição familiar e outros identificarem autoanticorpos contra estruturas do nervo periférico , mas continuando-se sem se conhecer uma causa específica . 12-13 Não existe igualmente consenso sobre a relação entre o desenvolvimento da SDRC e a presença concomitante de patologia psiquiátrica ( doentes com traços ansiosos de personalidade ), no entanto considera-se importante avaliar o perfil psicológico do paciente . 14 A SDRC pode ainda sem considerada uma complicação iatrogénica , pelo facto de existir quase sempre um fator desencadeante ( imobilização segmentar ou outro tipo de stress orgânico , como a agressão cirúrgica ). 15
Clínica
A SDCR apresenta evolução clínica e sintomatologia extremamente variável . 1 , 4 , 16-17 1 . Alterações autonómicas :
• edema distal precoce , que nas fases mais tardias se torna duro e associado a limitação da mobilidade
• alterações da temperatura e da coloração cutânea
• hiperidrose ou anidrose
• alteração nas unhas e fâneras
• atrofia cutânea e muscular , com retração aponevrótica
• desmineralização óssea e osteoporose .
2 . Alterações sensitivas :
• Dor ( severa , tipo choque elétrico e profunda – características de dor neurogénica ), dominante na fase inicial e de intensidade desproporcional ao evento traumático inicial
• pelo desuso de determinados segmentos e respetiva sobrecarga compensatória de outros grupos musculares verifica-se elevada incidência de dor miofascial
• disestesia ( alteração da sensibilidade percebida pelo doente como dor )
• hiperalgesia ( exagero da sensação de dor a um estímulo habitualmente doloroso , mas em menor grau )
• alodinia ( sensação dolorosa a um estímulo habitualmente não doloroso ).
3 . Alterações motoras :
• fraqueza muscular e diminuição das mobilidades articulares , no início provocadas pela dor e pelo edema e na fase avançada pela atrofia , fibrose e contratura muscular ) e tremor essencial
• mioclonias e distonias . Classicamente definem-se três estádios clínicos evolutivos ( tabela 3 ).
Fisiopatologia
Sem existir uma explicação definitiva para a síndrome , verifica-se
Tabela 3 . Fases evolutivas da SDRC e suas manifestações clínicas
Alterações sensitivas
Alterações autonómicas
Alterações motoras
Fase aguda inflamatória
Fase distrófica
Dor +++ Hiperalgesia , Alodinia
Dor ++ Hiperalgesia
Edema distal mole , hiperemia , alterações coloração cutânea
Edema duro , hiperidrose , cianose , alterações tróficas e fâneras
Fase atrófica
Dor +/ -
Friabilidade , cianose ,
atrofia cutânea , muscular
e óssea
Espasmo muscular , fraqueza muscular , diminuição mobilidade articular
Distonia , atrofia e fraqueza muscular , diminuição mobilidade articular
Atrofia e retração muscular , rigidez articular , anquilose disfunção do sistema nervoso com inflamação neurogénia , associada a hiperexcitabilidade simpática ( exacerbação de alguns mecanismos normais de reação tecidular a um estímulo nocivo ) e consequente dor neuropática , apesar de na SDRC tipo I não existir lesão orgânica do
1 , 4 , 16 , 18 sistema nervoso . A sensibilização periférica e central são descritas nas fases mais evoluídas como mecanismos responsáveis pela perpetuação e cronificação da dor , levando a que alguns autores a consideram a SDRC tipo I uma patologia do sistema nervoso central com manifestações periféricas . 19
Diagnóstico
Atualmente utilizam-se os critérios de diagnóstico de Budapeste ( tabela 1 ). 3 Por ser um diagnóstico fundamentalmente clínico , que exige intervenção clínica precoce , deve manter-se um elevado grau de suspeição . Devem ser excluídas as doenças reumáticas , artropatias infeciosas , celulites , lesões neurovasculares e síndromes compartimentais . Numa percentagem importante de doentes com lesões crónicas sequelares , verifica-se que os mesmos são observados por vários médicos com consequente atraso no diagnóstico e respetivo tratamento . 20
Estudos complementares de diagnóstico ( ECD )
Os ECD são utilizados sobretudo para exclusão de diagnósticos diferenciais . Os estudos analíticos são úteis para avaliar a presença doenças infeciosas ou reumatológicas . A radiografia e a ressonância magnética ( RM ) permitem observar o processo de desmineralização e reabsorção óssea local com padrão mosqueado , mas que só é visível após as primeiras 2 a 6 semanas de evolução do quadro clínico . Na RM pode ainda observar-se edema local , atrofia das massas musculares e alteração da espessura da epiderme da região lesada . 21
A cintigrafia óssea apresenta boa especificidade numa face precoce do diagnóstico . Verifica-se aumento
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