Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2017 | Page 6

Comentário :
O exercício intenso e prolongado e o elevado grau de motivação ou de disciplina podem , em períodos de muito calor , forçar os atletas e os militares a cumprirem tarefas que excedem a sua capacidade de esforço e o estado de aclimatização . Apesar de a hipertermia ser o denominador comum , vários outros fatores predisponentes de grande relevância podem ter sido menosprezados , a saber : medicamentos que interferem com a sudação ( anti-histamínicos , anticolinérgicos , suplementos nutricionais , etc .), bem como a privação do sono e a falta de aclimatização ao calor . A desidratação é um fator primordial devido a significativa redução do fluxo sanguíneo para a pele , músculos e órgãos vitais .
É hoje consensual que ninguém deve morrer de golpe de calor se os cuidados forem apropriados e iniciados dentro de 10 minutos após o colapso , em especial nas situações em que a prestação dos cuidados médicos se faz em cenários organizados , como é o caso do desporto ou da formação militar .
Os autores identificaram como erros mais frequentemente cometidos nos cuidados terapêuticos :
• Avaliação inadequada da temperatura e consequentes erros de diagnóstico . Raramente se verificou a existência da hipertermia extrema (> 40 ° C ) através da medida da temperatura retal . A valorização incorreta dos sinais clínicos de disfunção cerebral ( alterações do comportamento e não necessariamente o coma );
• O arrefecimento rápido com imersão em água fria não foi realizado . O quadro clínico não foi reconhecido , o que gerou uma atitude expectante ( esperar para ver se passa ), em vez de se utilizarem imediatamente as medidas apropriadas – imersão em água fria , infusão IV de soro fisiológico ;
• Decidir pelo transporte da vítima sem verificar se existem as condições para o fazer . É fundamental descer a temperatura para valores inferiores a 40 ° C o mais rapidamente possível , pelo que os autores recomendam a imersão do corpo em água fria e efetuar o transporte apenas quando a temperatura está entre 38,9 e 40 ° C ;
• Retorno demasiado rápido a atividade sem o conhecimento da causa e dos fatores predisponentes do GCSE .
Sugerimos que complete os seus conhecimentos lendo ainda o artigo a seguir indicado : Consensus Recommendations on Training and Competing in the Heat .
Sports Med ( 2015 ) 45:925 – 938 . DOI 10.1007 / s40279-015-0343-6 .
Artigo 2 – Electrocardiographic Screening in National Collegiate Athletic Association Athletes . Am J Cardiol 2016 ; 118:754e759 .
Resumo :
A escolha do melhor protocolo para a triagem cardiovascular de atletas de competição permanece altamente controversa . Este estudo baseia-se na análise prospetiva e multicêntrica do rastreio cardiovascular realizado em 35 instituições da National Collegiate Athletic Association . A triagem incluiu a História e o Exame Físico padronizados de acordo com as recomendações da AHA e um eletrocardiograma de 12 derivações ( ECG ) em repouso . A interpretação do ECG foi centralizada , tendo-se usado os critérios de Seattle 5 . Os atletas com anormalidades identificadas no rastreio foram submetidos a uma avaliação
4 Janeiro 2017 www . revdesportiva . pt