Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2017 | Page 18

A vitamina D promove a absorção de cálcio no intestino e mantém concentrações séricas de cálcio e fosfato adequadas para permitir a normal mineralização do osso e prevenir a tetania hipocalcémica . É também necessária para o crescimento ósseo e remodelação óssea por osteoblastos e osteoclastos . A ingestão de uma quantidade insuficiente de vitamina D conduz a ossos finos , frágeis ou deformados .
Além do papel na saúde esquelética , a vitamina D tem outras funções no organismo , incluindo a modulação do crescimento celular , da função neuromuscular e imune e redução da inflamação . Muitos genes que codificam proteínas que regulam a proliferação , diferenciação e apoptose celular são modulados em parte pela vitamina D . Um estado pobre de vitamina D tem impacto a nível muscular , com uma redução da capacidade de força ( fraqueza muscular proximal ) 13 , 14 . A melhoria dos níveis de vitamina D reduz o risco de queda nos idosos , tendo assim um duplo efeito na prevenção de fraturas 4 .
Poucos alimentos contêm naturalmente vitamina D , pelo que , frequentemente , a ingestão deste nutriente é insuficiente 15 e a prevalência de inadequação é bastante elevada 16 .
Os meses de inverno constituem períodos de maior risco e as pessoas com maior risco de insuficiência de vitamina D incluem :
• Bebés amamentados
• Idosos
• Pessoas com exposição solar limitada : indivíduos que passam o dia em casa , mulheres que usam mantos longos e revestimentos para a cabeça por motivos religiosos , pessoas com ocupações que limitam a exposição ao Sol
• Pessoas com pele escura
• Pessoas com doença inflamatória intestinal ( doença de Crohn , colite ulcerosa quando o íleo terminal está inflamado ) e outras condições médicas causadoras de má absorção de gordura ( doença hepática , fibrose cística , doença celíaca ).
• Pessoas obesas ou submetidas a cirurgia de bypass gástrico
• Pessoas que usam regularmente protetor solar ou que intencionalmente evitam a exposição solar 17 . Neste sentido , na maioria dos adultos residentes em áreas urbanas ou em elevadas latitudes , os níveis adequados dependem frequentemente da utilização de suplementos alimentares .
A toxicidade por vitamina D , muito rara , pode causar sintomas não específicos , como anorexia , perda de peso , poliúria e arritmias cardíacas . Pode também elevar os níveis sanguíneos de cálcio que levam à calcificação vascular e tecidual , com subsequente dano cardíaco , vascular e renal .
Frutas e legumes
As frutas e legumes contêm ( 1 ) minerais tais como como potássio , magnésio e cálcio ; ( 2 ) antioxidantes , tais como polifenois ; ( 3 ) fitoestrógenios ; e ( 4 ) vitamina C e vitamina K , ambos necessários para a síntese da matriz óssea . Além disso , a alimentação rica em frutas e em legumes resulta numa menor carga ácida devido ao seu elevado teor de potássio e de magnésio . Sabe-se que o ambiente ácido estimula os osteoclastos e reduz a atividade dos osteoblastos .
Os antioxidantes exógenos desempenham um papel importante na redução do stress oxidativo envolvido na etiologia da osteoporose . Os antioxidantes exógenos são ricos em vitamina C , vitamina E e carotenoides e podem ser encontrados na maioria das frutas , legumes , nozes e sementes . A alimentação rica do ponto de vista nutricional associa-se a menor risco de fratura , independentemente de outros fatores de risco importantes 4 .
Proteína
Na perspetiva da prevenção de problemas do foro ósseo , parece prudente adotar uma alimentação com ingestão proteica que não seja excessiva ou insuficiente , tendo em conta as recomendações da Organização Mundial de Saúde ( cerca de 0,8 g / kg peso corporal ) 18 . Pela indução de excreção de cálcio e contribuição acídica , a elevada ingestão proteica , especialmente rica em proteína animal , pode ser desaconselhável ​para a saúde óssea a longo prazo , apesar de não existir evidência sólida de consequências adversas proveniente do seu consumo . Por outro lado , a baixa ingestão de proteínas , particularmente nos idosos , pode contribuir para o risco de fratura osteoporótica 19 .
Álcool
O alcoolismo é uma das principais causas de osteoporose secundária . Embora se verifique que a leve a moderada ingestão de álcool se associa a elevada densidade óssea , o elevado consumo de álcool tem sido associado a osteoporose e quedas . Uma bebida diária para mulheres e duas para homens é considerada segura na perspetiva da saúde óssea .
Bebidas não-alcoólicas
O consumo de refrigerantes é considerado um fator de risco de osteoporose , devido ao teor em cafeína e elevado teor de ácido fosfórico , mas também devido à substituição de bebidas mais saudáveis ( ex : iogurte ou leite ). O chá verde , dado o seu conteúdo em polifenois e propriedades antioxidantes , pode ter efeitos benéficos nos osteoblastos , com impacto positivo na saúde óssea .
Bibliografia
1 . Devlin , M . J . and M . L . Bouxsein , Influence of pre – and peri-natal nutrition on skeletal acquisition and maintenance . Bone , 2012 . 50 ( 2 ): p . 444-51 .
2 . Kalkwarf , H . J ., J . C . Khoury , and B . P . Lanphear , Milk intake during childhood and adolescence , adult bone density , and osteoporotic fractures in US women . Am J Clin Nutr , 2003 . 77 ( 1 ): p . 257-65 .
3 . Mahan , L . K ., et al ., Krause ’ s food , nutrition , & diet therapy . 11th ed . edited by L . Kathleen Mahan and Sylvia Escott-Stump ed . 2004 , Philadelphia , Pa . ; London : W . B . Saunders .
4 . Levis , S . and V . S . Lagari , The role of diet in osteoporosis prevention and management . Curr Osteoporos Rep , 2012 . 10 ( 4 ): p . 296-302 .
5 . Warensjo , E ., et al ., Dietary calcium intake and risk of fracture and osteoporosis : prospective longitudinal cohort study . BMJ , 2011 . 342 : p . d1473 .
6 . Abargouei , A . S ., et al ., Effect of dairy consumption on weight and body composition in adults : a systematic review and meta-analysis of randomized controlled clinical trials . Int J Obes ( Lond ), 2012 . 36 ( 12 ): p . 1485-93 .
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16 Janeiro 2017 www . revdesportiva . pt