Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2016 | Page 29
aos treinadores), distribuição de
folhetos/pósteres nos clubes desportivos e desenvolvimento de conteúdos online (seguindo os passos dos
programas de maior sucesso11). Estes
programas de prevenção de lesão
têm maior sucesso se aplicados em
sessões sucessivas, durante várias
semanas previamente ao período
competitivo e, posteriormente, repetidos mais de uma vez por semana
na fase competitiva4. Permitem,
assim, o tempo necessário para que
sejam eficazes, dado basearem-se
principalmente na melhoria dos
défices neuromusculares (proprioceção e controlo motor), dos desequilíbrios de força muscular entre
agonistas/antagonistas ou músculos
bilaterais e do gesto técnico. Não é
clara a influência do aquecimento
na prevenção de lesões, mas a evidência sugere um efeito positivo12.
Neste sentido, deve fazer parte da
rotina diária de treino em geral,
seguindo o esquema de RAMP13
(Raise, Activate and Mobilize, and
Potentiate). A melhor estratégia de
estiramento durante o aquecimento
varia com o tipo de desporto e deve
também ser abordada14.
O segundo objetivo é o de apoiar
a investigação na área de prevenção de lesões através da oferta de
prémios monetários (procurando o
apoio de empresas privadas). Os prémios COP Ciências do Desporto são
um exemplo atualmente em prática.
É essencial a promoção da investigação nesta área, principalmente para
a introdução de medidas de prevenção e para avaliação da sua implementação e efetividade6.
O Programa de rastreio e de
reabilitação, especificamente direcionado para os atletas integrados
no projeto dos JO (que podem ou
não qualificar-se), deve ser aplicado
periodicamente, e idealmente 6 a 8
semanas antes do início do treino
intenso, para oferecer o tempo adequado à reabilitação. Pode ser necessária uma avaliação especializada
subsequente para os problemas
identificados. É essencial que haja
uma elevada reprodutibilidade dos
testes (baixa variação inter e intra-observador) para posterior avaliação da eficácia do tratamento.
O programa de rastreio e reabilitação tem três objetivos gerais:
1.º conhecer o atleta e as suas
equipas técnica e médica, educar
para a abordagem imediata da
lesão e promover a introdução de
métodos de recuperação proativa (fornecendo considerações
práticas acerca de hidroterapia, promoção da quantidade/
qualidade do sono, nutrição,
hidratação, massagem, vestuário
de compressão, eletroterapia e
psicologia/relaxamento, periodizados conforme o objetivo seja a
adaptação ao treino ou a recuperação), envolvendo-os ativamente no programa da prevenção de lesões.
2.º identificação de fatores que
aumentam o risco de lesão futura,
principalmente dirigido aos fatores
de risco internos modificáveis para
as lesões mais comuns e mais
graves. Os elevados níveis de capacidade física não excluem desequilíbrios significativos de força e de
equilíbrio, défice de proprioceção
ou desequilíbrios na velocidade de
ativação/relaxamento muscular11.
Alguns destes défices são melhor
identificados em situações de
fadiga, dado que esta pode alterar
os padrões de recrutamento
motor15. Importa incluir testes de
capacidade física, nomeadamente
através da determinação do “índice
de fadiga” dado que existe uma
relação indireta entre fadiga e
risco de lesão16.
Alguns estudos
sugerem que uma
dieta desequilibrada ou restritiva
pode aumentar
o risco de lesão
(nomeadamente a
fratura de fadiga,
conforme descrito
na síndrome de
“Relative Energy
Deficiency in
Sport”). As perturbações do sono17
e o stress psicológico18 aumentam o risco de lesão e podem ser
um sinal precoce de síndrome de
overtraining19.
Recomenda-se o seguinte:
✓✓ recolha detalhada da história de
lesão prévia, respetivo tratamento e recorrência;
✓✓ exame físico, incluindo antropometria, saúde oral, força muscular (focada na musculatura do
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