Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2016 | Page 28
Tema 2
Rev. Medicina Desportiva informa, 2016, 7 (1), pp. 26–28
Programa de Prevenção e
Reabilitação de Lesões para o
Atleta Olímpico
Dr. Luís Lima1, Dra. Diva Jesus2, Dra. Ana Filipa Lima3, Alexandre Leitão4
1
Médico Interno de Formação Específica (FE) de Medicina Física e de Reabilitação, Centro Hospitalar
Tondela-Viseu; 2Médica Interna de FE de Medicina Física e de Reabilitação, Hospital Central do Funchal;
3
Médica Interna de FE de Medicina Geral e Familiar, USF Alto da Maia, ACES Maia/Valongo, Porto; 4Aluno
da Licenciatura de Dietética e Nutrição, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra.
RESUMO / ABSTRACT
Tendo por base a melhor evidência, sugerimos um programa de prevenção e reabilitação
de lesões consistindo em medidas/intervenções gerais adequadas para cada desporto.
Sugerimos também métodos de avaliação dos fatores de risco (e subsequente programa
individualizado de prevenção) de cada atleta envolvido no Programa Olímpico. De forma a
otimizar a gestão de recursos propõe-se orientar uma quantidade cada vez maior de recursos para os atletas que efetivamente vão participar nos Jogos Olímpicos. O investimento na
prevenção das lesões reduz os custos relacionados com o tratamento, reduzindo os gastos
totais e a morbilidade relacionada com a prática desportiva.
Based on the best evidence we suggest an injury prevention and rehabilitation program consisting
of general interventions, specific to each sport. We also suggest methods of assessing risk factors
(and subsequent specific individual preventive approach) for each athlete individually involved in
the Olympic Program. A cost-effective approach is kept in mind with an increasing need of resources
focused on an ever smaller number of athletes, mainly athletes that will participate in the Olympics,
optimizing resource management.
PALAVRAS-CHAVE / KEYWORDS
Prevenção de lesões, patologia musculoesquelética
Prevention and control, musculoskeletal diseases
Durante os Jogos Olímpicos (JO) de
2008 e de 2012 cerca de 10% dos atletas tiveram pelo menos uma lesão,
com consequente incapacidade
parcial ou total para pelo menos um
dia de treino ou de competição. Nos
desportos de maior risco a incidência
foi superior, atingindo até 39% dos
atletas1,2. Os desportos de equipa
com bola têm no geral o maior
risco de lesão aguda durante a fase
competitiva em comparação com o
risco durante o período de treino3.
Os períodos de treino acrescentam
um volume importante de lesões
devido ao tempo mais prolongado de
exposição ao risco de lesão, tal como
se verificou nos JO de Londres, em
que vários medalhistas olímpicos
portugueses ou do Campeonato do
Mundo estiveram impossibilitados
de participar por lesão ocorrida nos
treinos.
Os programas estruturados de prevenção de lesão demonstraram uma
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redução de 30 a 70% na incidência
(e gravidade) das lesões em todas as
idades e géneros, tendo-se mostrado
mais eficazes sobretudo em atletas
adolescentes e do sexo feminino4.
Sabe-se ainda que estes programas
permitem reduzir os custos relacionados com o tratamento. Segundo
um estudo neozelandês, cada dólar
neozelandês ($NZ) investido na
prevenção através destes programas
resultou na poupança de 4$NZ no
tratamento de lesões5. No entanto,
é necessário identificar os fatores
de risco internos (modificáveis ou
não) e introduzir programas específicos de prevenção para obter uma
redução significativa do risco de
lesão nos atletas de alta competição
e elevada capacidade física.
A prevenção de lesões desportivas
está em constante atualização científica6, nomeadamente para cada um
dos passos do modelo sequencial
da investigação para a prevenção de
les