Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2016 | Page 27
medular transitória no atleta
com estenose medular aumente
substancialmente o risco de lesão
medular permanente2,27. A reduzida
frequência de ocorrência de ambas
as lesões neurológicas, transitória e
permanente, torna difícil considerar um episódio de lesão medular
transitória como um fator de risco
para a lesão neurológica permanente2,12,27.
A taxa de recidiva em atletas
adultos com episódio prévio de
neuropráxia medular cervical é
elevada.12,13,28 No estudo de Torg JS
et al., com 110 casos de neuropráxia
cervical, verificou-se a taxa de recidiva de 56% após regresso à prática
desportiva, com relação estatisticamente significativa de proporcionalidade inversa com o diâmetro
sagital do canal vertebral10. Apesar
da forte relação entre estenose
medular cervical e neuropráxia
medular em adultos, o mesmo não
se verifica nas crianças, sendo que
nesta faixa etária as recidivas de
episódios de concussão medular
não são frequentes7. Torg J. S. indica
que a presença de uma razão canal-corpo vertebral igual ou inferior
a 0,8 não é contraindicação para a
prática de desportos de contacto em
indivíduos assintomáticos, reconhecendo que a estenose medular cervical não complicada num
indivíduo com coluna vertebral
estável não é fator de risco para
lesão neurológica permanente6,12,13.
Existe controvérsia em relação aos
atletas com critérios radiográficos
de estenose medular e com episódio
prévio de neuropráxia medular cervical quanto ao regresso à prática
de desportos de contacto, devendo
ser avaliados individualmente,
nomeadamente quanto a presença
de discopatia e outras alterações
degenerativas associadas com
deformação medular13. Considera-se
que há contraindicação absoluta
para participação em desportos de
risco em indivíduos com neuropráxia medular cervical, com sinais
de instabilidade ligamentar, ressonância magnética com evidência de
lesão ou edema medular, sintomas
neurológicos com duração superior
a 36 horas e mais do que um episódio de concussão medular6,12,13.
Prevenção
Os desportos de colisão e contacto,
pelas suas características, vão estar
sempre associados a algum risco de
lesão medular28. As lesões cervicais
no desporto podem ser prevenidas
com instrução e técnicas desportivas corretas e seguras. As regras dos
desportos devem evitar posições e
manobras de risco de modo a reduzir
os traumatismos crânio-cervicais e
os equipamentos de proteção devem
ser concebidos de modo a proteger também o pescoço do atleta2. É
importante o ensino e sensibilização
dos atletas, treinadores e pais ou
outros responsáveis pelo s desportistas em relação a este tema28.
BOXIA
para o pé pendente
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