Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2016 | Page 21
qual esteve associado a um teste
genético negativo em 75% das vezes.
Entre os doentes com teste positivo,
os genótipos mais comuns foram o
MYBPC3-HCM e o MYH7-HCM.
Robert W. Loar, R. W., …, Ackerman,
M. J.: Genotype-phenotype correlations of hypertrophic cardiomyopathy when diagnosed in children,
adolescents and young adults.
Congenital Heart Disease, in press,
2015. http://dx.doi.org/10.1111/
chd.12280
Os autores referem que a cardiomiopatia hipertrófica é a doença cardiovascular hereditária mais comum
e a principal causa de morte súbita
identificada no jovem. Entre 1999 e
2011 realizaram teste genético a 1053
doentes não relacionados. Em 137 foi
feito o diagnóstico antes dos 21 anos
(13.2 ± 6 anos) e 64% eram do sexo
masculino. O teste genético no grupo
mais jovem foi positivo em 71 sujeitos (52%), bastante superior que no
grupo com mais de 21 anos de idade
(31%; P <0 .001). Entretanto, independentemente do genótipo, 26/137
doentes (19%) tiveram significativa
morbilidade/mortalidade relacionada
com CMH: insuficiência cardíaca progressiva (12), transplante (4) e morte
em 10. Os autores concluíram que
entre os doentes diagnosticados com
CMH até aos 20 anos de idade, a positividade do teste genético é bastante
superior em relação aos mais idosos,
assim como o seu fenótipo é pior em
relação aos mais tarde diagnosticados. Neles, também, o fenótipo nos
genótipo-positivo e genótipo-negativo
foi similar. Finalmente, independentemente do genótipo, quase 30% dos
doentes do estudo tiveram progressão dos sintomas, foram sujeitos a
transplante ou morreram.
Kimberly K. G., …, Ackerman, M. J.:
Incidence, cause, and comparative
frequency of sudden cardiac death
in national collegiate athletic association athletes a decade in review.
CIRCULATIONAHA.115.015431
Published online before print May
14, 2015, doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.115.015431
A CMH tem sido referida como
a causa de morte mais frequente
nos atletas. Foram contabilizadas
as mortes entre 2003 e 2013 (base
de dados da National Collegiate
Athletic Association. Houve 4 242
519 atletas-anos (AA), sendo os
acidentes a principal causa de morte
(257, 50%, 1:16 508 AA), seguidos das
causas médicas (147, 29%, 1:28 861
AA), sendo a morte súbita cardíaca
a principal causa neste grupo (79;
15%). Registaram-se 514 mortes
súbitas em estudantes atletas. O
risco foi superior nos homens que
nas mulheres, nos sujeitos de raça
negra que nos de raça branca. Os
resultados de autópsia disponíveis
revelaram que a morte súbita sem
diagnóstico ocorreu em 16 (25%) dos
casos e a CMH ocorreu em 5 (8%). Os
autores concluíram que a taxa de
MSC naquela associação nacional
foi alta, e que os homens, os de raça
negra e os jogadores de basquetebol tiveram risco substancialmente
maior. Na autópsia, a ausência de
explicação para a morte súbita foi o
achado mais referido.
Anderson, H. N., …, Ackerman,
M. J.: Phenotype of children with
QT prolongation identified using an
institution-wide QT alert system.
Pediatric cardiology. http://dx.doi.
org/10.1007/s00246-015-1164-y, 2015.
Refere-se que o prolongamento do
intervalo QT no eletrocardiograma
(ECG) é um fator de risco independente para a morte súbita nos adultos. No sentido de avaliar a prevalência desta entidade foram estudados
1303 ECGs pediátricos, obtidos entre
novembro de 2010 e junho de 2011,
tendo-se verificado que 68 (5%)
das crianças (9 ± 6 anos de idade)
tinham o intervalo QT prolongado
(494 ± 42ms) de modo isolado. Surpreendentemente, todas as crianças
tinham um ou mais fatores de risco
de prolongamento do QT e de modo
mais frequente tratava-se de medicação com capacidade de prolongar
este intervalo. Esta constatação fez
com que a medicação pró-arrítmica
prolongadora do intervalo QT fosse
alterada pelo médico assistente.
Apenas encontraram um caso de QT
longo congénito, não previamente
identificado. Este diagnóstico é
estabelecido se não houver fatores
de risco ou se o QTc não atenuar
após a remoção ou modificação de
fatores de risco. Os autores referem
que a medicação e outros fatores
modificáveis foram as causas mais
frequentes de aumento do intervalo
QT e que no período de um ano de
follow-up apenas morreu uma (1,5%)
criança de causa não cardíaca.
Loar RW, … Ackerman, M. J.:
Sudden cardiac arrest during sex
in patients with either catecholaminergic polymorphic ventricular
tachycardia or long-QT syndrome:
a rare but shocking experience.
J Cardiovasc Electrophysiol. 2015
Mar;26(3):300-4. doi: 10.1111/jce.12600.
Refere-se na Introdução do Resumo
que a taquicardia ventricular polimórfica (TVP) e a síndrome do QT
longo (SQTL) são potenciais causas
de acidentes cardíacos no contexto
de ativação do sistema nervoso
simpático. Os autores quiseram
calcular o risco de eventos cardíacos
durante a prática sexual em sujeitos portadores destas patologias.
Foi feita uma revisão eletrónica dos
registos médicos do Genetic Heart
Rhythm Clinic da Clínica Mayo,
tendo-se encontrado 445 doentes
com mais de 18 anos de idade, sendo
502 com SQTL e 43 com TVP. A idade
de diagnóstico dos primeiros foi
aos 30±16 anos e a dos segundos
foi 25±15 anos. Verificaram que
durante a prática do ato sexual não
induziu qualquer evento cardíaco
nos portadores de SQTL, ao passo
que no outro grupo houve dois
(4.7%) eventos de TVP1. Um dos
casos verificou-se numa mulher de
22 anos, que já havia tido paragem
cardíaca, a tomar β-bloqueadores
e que tivera vários choques apropriados do CDI durante a atividade
sexual. Um homem de 52 anos com
TVP1, não cumpridor da terapêutica com β-bloqueador, com história
de síncope induzida pelo exercício
físico, teve também síncope durante
o ato sexual. Os autores concluíram
que a ocorrência de um acidente
cardíaco durante a prática sexual e
um fenómeno raro no caso da TVP, e
mais raro na SDTL), pelo que ambos
intervenientes no ato sexual devem
ser tranquilizados neste aspeto.
http://mayoclinic.pure.elsevier.com/en/persons/
michael-john-ackerman%282e155a22-01b3-45ba-97148e32cdbddf26%29.html
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