Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2013 | Page 9
Resumos de congresso
Rev. Medicina Desportiva informa, 2013, 4 (1), pp. 7–9
Dr. Jorge A Ruivo (Introdução e Resumos)
Club Clínica das Conchas
Comissão Organizadora PRACTICE 2012
Com o intuito de reduzir o
distanciamento entre a classe
médica, fisioterapeutas e
técnicos do desporto na prevenção e tratamento de inúmeras patologias, o Club Clínica
das Conchas, a Universidade
Lusófona e a Gnosies promoveram pelo 6.º ano o Congresso
PRACTICE. Sob o slogan Prevenção e Reabilitação Ativa com o
Exercício esta conferência, com
o apoio da Sociedade Portuguesa
de Medicina Desportiva e do
Colégio Americano de Medicina
Desportiva, pretendeu pôr em
destaque as diferentes sinergias
que podem ser criadas entre a
Medicina e o Exercício físico na
abordagem de populações clínicas. Em particular, em 2012 centrou-se na avaliação/monitorização em
Medicina do exercício. Concluiu-se
que é necessário trabalhar em multidisciplinaridade, trocar informações
e analisar todos os dados que compõem a avaliação pré-participação do
doente, somando-se aqui a história
clínica, o exame objetivo, as medidas
antropométricas, os testes cardiorrespiratórios, de força e de flexibilidade,
a avaliação postural e funcional.
Somente uma abordagem tão ampla
e dinâmica permite a elaboração
de um programa de exercícios
realmente completo e seguro para
populações clínicas. Cabe ao médico
coordenar este processo e ainda a
monitorização, avaliar as medidas e
demais informações obtidas durante
a sessão de exercício e seus efeitos,
de forma a poder reformular a prescrição do exercício a par e passo.
Consequências cardiometabólicas
da obesidade pediátrica: um
legado para a vida
Prof. Doutora Carla Rêgo
(Pediatria e Medicina
Desportiva)
Faculdade de Medicina do Porto
Hospital CUF – Porto
A obesidade na infância e adolescência adquiriu nos últimos anos o
estatuto da doença pediátrica mais
comum (conceito de globesidade).
Em Portugal, cerca de 30% das
crianças/adolescentes apresentam
excesso de peso (COSI/SPEO, 2008-9).
A ocorrência de obesidade em
idade pediátrica é um forte preditor da sua persistência na idade
adulta. Efetivamente, cerca de 33%
das crianças com idades inferiores
a 6 anos, cerca de 50% das crianças
entre 6 – 11 anos e cerca de 80% dos
adolescentes que apresentam obesidade permanecerão adultos obesos.
Foram apresentados resultados
referentes ao seguimento (8 anos de
follow up) de uma população pediátrica (n= 580; IC: 2–18 anos, média:
9,9 ± 3,4 anos) referenciada a uma
consulta de obesidade pediátrica.
Tratava-se de uma população com
elevada prevalência de obesidade
parental (89% tinha pelo menos um
progenitor obeso) e uma obesidade
severa, de início precoce (73% antes
dos 6 anos de idade). Apresentava
elevada prevalência (30%) e início
precoce de perfil lipídico aterogénico,
independentemente da idade de
início e da duração da obesidade e
elevada prevalência de hipertensão
arterial sistólica (42%), com valores sobreponíveis aos registados
na população adulta portuguesa e
estando a adolescência associada a
uma duplicação da sua expressão.
Observou-se ”uma marcha diabética”
associada à obesidade pediátrica,
sendo a hiperinsulinemia um evento
precoce e estando de novo a idade da
adolescência associada a uma duplicação da ocorrência de PTOG alterada, independentemente da idade
de início ou da duração da doença.
A agregação de fatores de risco
cardiometabólico revelou-se, portanto, elevada, precoce e independente da duração ou da idade de
início da obesidade. Cerca de metade
da população apresentava agregação
de dois ou mais fatores de risco. Aos
8 anos de follow up, muito embora
houvesse redução da magnitude da
obesidade, a maioria da população
mantinha ainda critérios compatíveis com definição de obesidade
(zsc = 2,8 ± 2,1; MG (%) = 35,2 ± 12,0),
apresentava elevada prevalência de
comorbilidade, mas particularmente
triplicou a prevalência de resistência
à insulina. Pode, pois, concluir-se
acerca da dificuldade da resolução
da obesidade em idade pediátrica,
bem como da elevada comorbilidade
a ela associada. Exatamente neste
contexto de estabilidade da doença,
foi sublinhada a importância do
exercício físico como uma das poucas
intervenções capazes de modular a
história natural da doença. A OMS
através da European Heart Health
Charter preconiza que “Qualquer
criança que nasça no novo milénio
tem o direito de viver pelo menos até
aos 65 anos sem qualquer doença
cardiovascular”, pelo que a sensibilização dos clínicos para estes aspetos
fulcrais na avaliação e acompanhamento precoce do indivíduo em idade
pediátrica assume vital importância.
Avaliação da Composição Corporal
Prof. Doutora Analiza
Mónica Silva
(Exercício)
Faculdade de Motricidade
Humana da Universidade
Técnica de Lisboa
Foi destacada a organização conceptual e metodológica da composição
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