Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2012 | Page 29

No estudo em análise verifica- -se que o grupo de atletas que usou meia elástica até ao joelho com grau de compressão I , parece tirar vantagem em relação ao grupo de controlo no que se refere á tolerância á fadiga , com menor V · O 2máx e menor frequência cardíaca máxima .
Nesta avaliação não há informação sobre a normalidade da circulação venosa dos membros inferiores dos atletas , pelo que a presumimos . Assim sendo , como explicar esta vantagem da utilização da meia elástica em atletas de alta competição submetidos a esforço máximo ? A utilização da contenção elástica condiciona compressão do leito venoso superficial dos membros inferiores , reduzindo o volume sanguíneo circulante e minimizando a insuficiência valvular se existente . Em repouso , o volume sanguíneo do setor superficial corresponde a cerca de 5 % do total do membro . Com o esforço este volume aumentará . O uso da contenção elástica tenderá a manter baixos estes débitos , reconduzindo-os para o sistema venoso profundo . Sabemos que este facto é importante na prevenção da trombose venosa , mas como é que melhora a performance ?
A meia elástica poderá ter um efeito “ moldante ” sobre a musculatura da perna , melhorando o efeito da bomba muscular , em particular nas situações de desgaste extremo . Poderemos ainda considerar um discreto efeito redutor sobre a circulação arterial da pele , melhorando a irrigação do músculo .
Na minha perspectiva como cirurgião vascular e se me perguntarem se os atletas de alta competição devem usar meia de contenção elástica até ao joelho para melhorar a sua performance deverei responder : provavelmente sim , mas deve ser experimentado caso a caso e avaliado de forma objetiva ( tempo de prova ) o resultado da sua utilização . Se acho que poderemos pela sua utilização prevenir casos de trombose venosa dos membros inferiores após esforço ? Provavelmente sim .
(*) O Dr . Ferreira Peneda é Assistente Hospitalar Graduado e desenvolve a sua atividade profissional na R . Prof . Correia de Araújo , 593 E-3 sala-3 – 4250-205 Porto
Prática de exercício físico em ambiente frio e a hipotermia
Durante o exercício físico o corpo produz bastante calor . Na contração muscular apenas cerca de 30 % da energia consumida é utilizada para a eficiência mecânica , enquanto o restante se liberta sob a forma de calor , pelo que a taxa metabólica é o principal determinante na prevenção da hipotermia . Contudo , a exposição prolongada e a falta de proteção adequada poderão ser excessivos , tornando a produção calorífica interna insuficiente . Por exemplo , o participante lento numa maratona realizada em Janeiro corre o risco de hipotermia , não só porque a temperatura no exterior é baixa , mas porque , e principalmente , porque a baixa velocidade de corrida corresponde a baixa produção metabólica de calor . À medida que a fadiga se instala , o participante torna-se mais lento , com consequente pobre produção calorífica interna .
Para além do frio importa considerar o vento , que rapidamente remove o calor da superfície corporal exposta e assim facilita o gradiente térmico no sentido de perda de calor para o meio ambiente . Pele fria significa maior arrefecimento do sangue , o qual voltará ao interior do organismo mais arrefecido e maior capacidade de induzir a hipotermia . A chuva é outra grande inimiga , pois , a menos que a roupa tenha boa capacidade de isolamento , o encharcamento corporal motiva maior perda de calor , já que a água é bastante melhor condutora do calor ( para o exterior ) que o ar .
Nas condições ambientais em Portugal é difícil acontecer a hipotermia durante a prática exercício . Contudo , é preciso estar atento e preveni-la . A alimentação prévia adequada tem como objetivo fornecer os hidratos de carbono para combustível muscular . A proteção , cobertura da pele , incluindo as pernas e a cabeça , minimiza a perda de calor por convecção . A utilização de várias camadas de roupa leve , não de algodão , sendo a mais exterior à prova de chuva e refletora do vento . A boa velocidade de corrida permite boa produção calorífica endógena . BR
CLASSIFICAÇÃO DA HIPOTERMIA :
• ligeira – entre 32 e 35 º C
• moderada – entre 30 e 32 º C
• grave – abaixo de 30 º C
Revista de Medicina Desportiva informa Janeiro 2012 · 27