Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2012 | Page 23

Resultados
A amostra foi constituída por 374 indivíduos , sendo 205 ( 54,8 %) do sexo masculino e 169 ( 45,2 %) do feminino , com idades compreendidas entre os 16 e os 61 anos , sendo a média de idades de 27,5 anos . A maioria dos frequentadores de ginásio eram solteiros ( 77 %), em 50 % dos casos estudantes , sendo 44,7 % licenciados . O IMC era normal em 73,3 % dos casos , as modalidades praticadas eram na grande maioria ( 82,9 %) actividades de ginásio , seguindo-se a musculação ( 17,1 %).
Em relação ao consumo de suplementos os resultados revelaram que 25,1 % dos frequentadores consumiam suplementos alimentares / nutricionais , destes 79,8 % ( 75 ) eram do sexo masculino .
Gráfico 3 – Início do consumo de suplementos alimentares pelos frequentadores de ginásio
Os principais locais de aquisição referidos foram as lojas de desporto ( 44,7 %), a internet ( 20,2 %), os ginásios ( 18,1 %) e por último as farmácias ( 17,0 %) ( gráfico 4 ).
Gráfico 4 – Local de aquisição dos suplementos alimentares
No nosso estudo verificamos que os suplementos proteicos foram os mais consumidos , o que é corroborado por diversos estudos ( 4 , 9 , 12 ) . Segundo Applegate e Grivetti ( 1997 ) as proteínas são o recurso ergogénico mais utilizado até aos dias de hoje . Uma forte crença no meio desportivo é portanto , que a alta ingestão proteica ou de certos aminoácidos aumentariam a força e a massa muscular ( 12 ) . Araújo et al . ( 2002 ) ( 9 ) e Hirschbruch et al . ( 2003 ) ( 2 ) mostraram nos seus estudos existir uma grande procura por suplementos proteicos com o objectivo de aumentar a massa muscular , o que reflecte o desejo dos indivíduos em obter esse resultado . No nosso trabalho também se verificou essa procura , sendo o principal objectivo o aumento da força / massa muscular .
Em relação a quem indica o consumo de suplementos verificamos que a auto-prescrição foi a mais prevalente , o mesmo verificou Hirschbruch et al . ( 2008 ) ( 1 ) no seu estudo .
Gráfico 1 – Consumo de suplementos pelos frequentadores de ginásio
Os cinco suplementos mais consumidos foram por ordem decrescente os proteicos ( 30,9 %), seguindo-se os complexos de vitaminas e minerais ( 18,4 %), a creatina ( 17,9 %), os aminoácidos ( 13,0 %) e as bebidas energéticas ( 10,6 %) ( gráfico 2 ).
Gráfico 2 – Tipo de suplementos alimentares consumidos pelos frequentadores de ginásio
A associação de dois ou mais produtos utilizados simultaneamente ocorreu em 58,5 % dos casos . A maioria ( 75,6 %) dos indivíduos referiu ter iniciado o consumo de suplementos sem a orientação de um profissional especializado , ou seja por auto- -prescrição ou indicação dos amigos ( gráfico 3 ).
O valor monetário médio gasto mensalmente na aquisição de suplementos variou entre os 3 e os 200 euros , sendo que 57 % gasta menos de 50 euros mensais . A maioria ( 62,8 %) dos frequentadores de ginásio consome suplementos com o objectivo de aumentar a massa / força muscular e 95 % não possuí qualquer doença ou problema de saúde .
Discussão
Na amostra deste estudo verificou- -se que o consumo de suplementos pelos frequentadores de ginásio era de 25,1 %, valor este corroborado por outros estudos nesta área , que apontam para valores entre os 25 e os 32 % de consumo ( Pereira , Lajolo , Hirschbruch , 2003 ; Araújo , Soares , 1999 ; Rocha , Pereira , 1998 ) ( 5 , 9 , 10 ) .
A constatação de que os homens ( 79,8 %) usam mais suplementos do que as mulheres ( 20,2 %), vai ao encontro de outros estudos que mostram que os indivíduos do sexo masculino são os maiores consumidores de suplementos ( resultados variam de 63 % a 83,3 %), situando-se portando os nossos resultados entre os encontrados ( 11 ) .
Conclusão
A prevalência do consumo de suplementos foi elevada ( 25,1 %), tendo em conta que o seu uso só deveria ocorrer em situações especiais , não supridas por uma alimentação equilibrada .
Os estudos científicos demonstram que o uso de suplementos é controverso , devendo-se o seu elevado consumo ao fácil acesso a todo este tipo de produtos e à grande influência do marketing e dos meios de comunicação social .
O seu consumo tem por base princípios empíricos não cientificamente comprovados e é feito em detrimento de uma alimentação equilibrada . Torna-se urgente , portanto , a educação nutricional do público em geral , principalmente nos locais de prática desportiva , visando melhorar o grau de informação e garantir a segurança na utilização deste tipo de produtos .
Dado o seu elevado consumo seria importante existir nos ginásios um acompanhamento e aconselhamento dos seus utilizadores , relativamente ao consumo de suplementos alimentares / nutricionais , por profissionais especializados .
Revista de Medicina Desportiva informa Janeiro 2012 · 21