Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2012 | Page 28
teste, em termos de
frequência cardíaca,
pois a melhoria do
fluxo circulatório,
facilitou o retorno
venoso e o volume
tele-diastólico.
Os autores
concluíram que
as meias de compressão elástica
progressiva reduziram a percentagem da frequência
cardíaca máxima
atingida num teste
de corrida levado a
cabo até à exaustão,
assim como revelaram tendência para
o prolongamento do
tempo de prova até
à fadiga e da per·
centagem do VO2máx.
Já em relação à economia e corrida não
foram encontradas
diferenças.
Comentário
melhor corrida de 10 km anteriormente realizada (velocidade média
igual a 17 ± 2 km/h), a utilização de
MCP originou diminuição (p <0.01)
da percentagem da frequência cardíaca máxima (% da FC máxima),
·
e também do VO2máx (não significativo), obtidos durante o teste,
assim como o tempo de prova foi
superior, embora as diferenças não
tenham sido estatisticamente significativas. No entanto, a diferença
de tempos entre as médias obtidas
nas duas provas, foi cerca de 50
segundos, o que se poderá considerar importante numa corrida que
durou pouco menos de 7 minutos.
Mas a leitura destes dados deve
ser feita com algum cuidado, pois
os sujeitos apenas realizaram um
dos testes, pelo que a comparação é feita entre dois grupos e não
num grupo que realizou os dois
testes, com e sem as MCP, apesar
de serem iguais em termos de capa·
cidade aeróbia, de VO2máx (64.7 vs
66.2 ml.kg-1min-1). A diminuição
da % da FC máxima é sugerida
pelos autores como um indicador
de menor stress cardíaco durante o
26 · Janeiro 2012 www.revdesportiva.pt
Dr. José Carlos da Silva Ferreira Penêda
Especialista de Angiologia e Cirurgia Vascular (*)
A utilização de meias de contenção elástica é de longa data
consensual entre a comunidade
médica, e em particular na área
da Angiologia e Cirurgia Vascular,
para prevenção e tratamento das
patologias venosa e linfática dos
membros inferiores.
Os pontos atuais de reflexão
dirigem-se à utilização adequada
deste tipo de meia elástica. É muito
relevante a qualidade da meia,
sendo indispensável que ela seja
de compressão regressiva, isto é, a
compressão ao nível do tornozelo
será a mais elevada, reduzindo á
medida que se avança no sentido da
coxa e região inguinal. Uma meia
que não cumpra este requisito não
só será inútil para o fim a que se
destina, como será perversa a sua
utilização garrotando o membro
inferior.
O tamanho da meia é outro
ponto fundamental. Uma excelente
meia de tamanho inadequado não
só não é tolerada pelo paciente,
como poderá ser causa de extremo
desconforto. A meia até ao joelho
deverá terminar 1 ou 2 cm abaixo da
prega genicular (poplítea) sem que
a sua extremidade superior cause
compressão exagerada.
O grau de compressão é também
muito relevante. O grau de compressão a utilizar (I-ligeiro: 15-21 mmHg;
II-médio: 23-32 mmHg; III- forte:>34
mmHg) é função dos quadros clínico
e patológico, mas de forma simplista
poderíamos dizer que o grau I se
destina a prevenção e tratamento
das classe CEAP I e II. O grau II para
tratamento de classes CEAP > = III e
o grau III para tratamento de doença
linfática.
Este artigo pretende responder á
seguinte questão: A utilização de
meias de contenção elástica regressiva até ao joelho permite melhorar
a performance de atletas de alta
competição?
A eficácia da utilização destas meias elásticas em pacientes
com doença venosa (CEAP I-III) na
prevenção do edema resultante de
esforços extraordinários, como por
exemplo uma caminhada até ao
Santuário de Fátima, é reconhecida
por qualquer cirurgião vascular.
Este edema resultará provavelmente
da falência da “bomba muscular”
dos membros inferiores que não
está preparada para o esforço em
causa, associada á doença valvular
venosa pré-existente e agravada pela
libertação de metabolitos vaso-dilatadores e défice da “esponja plantar”. É um edema com causalidade
diferente do que ocorre no paciente
em desempenho profissional, onde o
fenómeno “estase” é o mais relevante.
Realizou-se um estudo em 50
pacientes, os quais foram submetidos a Eco-Doppler colorido para
avaliação da circulação venosa dos
membros inferiores. Realizaram
prova de esforço em tapete rolante
com 4min de duração, inclinação
de 9% e velocidade de 9 km/h. Após
os registos em repouso, realizámos determinação comparativa do
refluxo venoso nas componentes
de “peak flow” e duração. Verificámos que na maioria dos pacientes o
esforço moderado tendia a reduzir
o refluxo venoso pré-existente e
nalguns casos a eliminá-lo.