Revista da OPAN /Edição 1 | Page 22

Fotos : Adriano Gambarini / OPAN
O povo Rikbaktsa conta atualmente com uma população de cerca de 1.800 pessoas que circulam ao longo de pelo menos 37 aldeias nas Terras Indígenas ( TI ) Erikpatsa , Japuíra e Escondido , no noroeste de Mato Grosso . Muitos escolheram viver às margens do rio Arinos , essencial para a vida Rikbaktsa . É especificamente desse rio que tiram madeiras para fazer o pilão , brincos de orelha para os jovens , bolsas , panelas , o peixe para alimentação física e espiritual . Eles são o rio . Chegam a se autodenominar , nas festas das aldeias , de “ gentepeixe ”. Seus rituais , suas danças e suas vocalizações imitam a vida que corre no leito do Arinos . O relatório técnico conclui que para que o povo Rikbaktsa possa existir em sua singularidade constitucionalmente resguardada , o rio Arinos , o tutãra itsik , e seu ambiente são fundamentais em sua integralidade .
O TUTÃRA
Em meio à importância do Arinos , o colar tutãra ascende como um verdadeiro tesouro dos Rikbaktsa . O artefato é uma composição feita de conchas do molusco tutãra ( Paxyodon syrmatophorus ), bivalve que só é coletado por eles no leito do rio Arinos , além de discos de tucumã ou coco e penas de diversas aves . Os indígenas cuidadosamente lixam as conchas , imprimindo com a força das mãos o formato de uma cauda de peixinho . Eles usam as conchas para modelar suas panelas , mas não deixam as mulheres grávidas participarem do processo de produção , temendo o efeito nos bebês que ainda estão no ventre . As panelas das mulheres Rikbaktsa esculpidas com a concha que sai do Arinos constituem uma disputada herança . São passadas para as gerações após a morte das anciãs .