Revista da OPAN /Edição 1 | Page 32

Henrique Santian / Rede Juruena Vivo
" As oficinas virtuais têm sido muito importantes para nós , comunicadores indígenas . Aprendemos sobre os meios de comunicação e essa troca de experiências nos deixou cada vez mais ativos na luta pelos nossos direitos . Hoje , temos dois pontos de acesso de internet instalados , um no centro da aldeia e outro na ponta , com velocidade de 5 MB , ou seja , um sinal lento . É fundamental ter acesso na aldeia , algumas pessoas que não tinham internet agora conseguem falar com suas famílias , que moram distantes . Agentes de saúde e professores utilizam a internet para encaminhar seus trabalhos da aldeia , sem precisar sair para cidade .” Localizadas no município de Tapauá , sul do Amazonas , as Terras Indígenas dos Paumari utilizavam o sistema de radiofonia e não tinham nem mesmo telefone público em suas aldeias .
Essa realidade mudou com o avanço das tecnologias . Germano Paumari , coordenador financeiro da Associação Indígena do Povo das Águas ( AIPA ), explica como a internet vem auxiliando no enfrentamento à covid-19 . “ Sentimos muita falta de ter acesso à internet quando há necessidade de remoção de pacientes . Por radiofonia , a comunicação não funciona . Se não fosse a internet , o enfermeiro estaria sem notícias para saber qual dos pacientes precisa ir para a cidade , ou qual já teve alta , por exemplo ." A internet também é novidade nas aldeias do povo Kayabi de Mato Grosso . Antes , os indígenas utilizavam o sinal que abastecia as escolas da região . Com a pandemia e o aumento do tráfego de dados , a internet compartilhada não atendia mais , como relata Dineva Kayabi , da aldeia Tatuí . “ Moram 484 pessoas na aldeia . A internet é da escola e durante a pandemia nós ficamos sem comunicação . Foi por meio da OPAN que conseguimos a instalação da internet rural .”