ENTREVISTA
ENTREVISTA COM ANTONIO BANDERAS
National Geographic conversa com o ator protagonista de Genius: Picasso
NG: Qual foi o seu primeiro contato com o artista? Qual é a relação que você teve com ele durante toda a sua vida?
AB: O primeiro contato com Picasso foi durante muitos anos de minha juventude. Em 1960, a cidade de Málaga ainda estava imersa na ditadura de Franco. Nós não temos muitos heróis nacionais, e muito menos um de carácter internacional. Naquele tempo a figura de Pablo Picasso foi muito proeminente, mesmo que o regime não tinha relações com o pintor que, obviamente, não poderia viver na Espanha, especialmente desde que entrou para o Partido Comunista.
NG: Conhecendo sua admiração por ele, como você reagiu quando recebeu a ligação?
Já houve algumas abordagens para eu interpretar Picasso ao longo da minha carreira. Em termos gerais, os primeiros que ocorreram me oprimiram, já que o senso de responsabilidade entrou em cena quando interpretamos um personagem tão admirado. No começo, eu estava recuando, eu estava com muito medo.
Não dei um passo à frente até a proposta de Carlos Saura, que também foi uma proposta muito infeliz. Descobriu-se que o roteiro ficou preso em um concurso de financiadores, um segundo foi escrito, mas eu não estava satisfeito e tentamos recuperar o primeiro. E aí eles passaram muitos anos em diferentes tentativas.
NG: Conte-nos sobre o relacionamento de do gênio com as mulheres.
Praticamente todas as mulheres que faziam parte da vida de Picasso eram suas musas. Elas abrem novos períodos dentro de sua pintura. Há algo um pouco "draculino" no Picasso. O pintor precisava de alguma forma da emoção desse novo amor para continuar criando.
Ele estava procurando por essa entrega emocional que ocorre no começo de um relacionamento. Mas, ao mesmo tempo, há um fato muito curioso: ele não quer que suas mulheres o deixem. Ele quer mantê-las de alguma forma em uma "vitrine" muito injusta. Eu não acho que ele fez isso por maldade, acho que ele realmente as amava porque ele sempre se importava com cada uma delas até o fim de seus dias.
NG: O que Antonio Banderas e seu personagem têm em comum além de serem ambos de Málaga?
Pouquíssimas coisas. Pablo Picasso tem pouco a ver com a maioria dos artistas, é um ser mais especial. Ele é um homem com uma tremenda capacidade de expressar as coisas com sua pintura e que também visita um grande número de estilos dentro do seu trabalho, sendo esta uma das suas características. Desde ter pintado como Velázquez, aos 19 anos, e passado pelo mundo de Toulouse Lautrec quando chegou a Paris, demonstrando a versatilidade artística.
Os acontecimentos trágicos, como a morte de Carlos Casagemas, abriram seu período azul - que já sai no período rosa. Inaugurou seu período cubista depois de uma partilha com Braque e Juan Gris. Também participamos da exploração, juntamente com María Teresa Walter, do estilo neoclássico. Passou por tudo.
Trailer da nova série do NatGeo, protagonizada por Antonio Banderas, "Picasso".