Revista Crea-SP | nº 11 | Page 10

PERFIL Tenacidade e amor à profissão Se você é daqueles (daquelas) que não veem a hora de se aposentar para fi car de pernas para o ar e nunca mais encarar o mercado de trabalho (nada contra, afi nal é um direito seu), pode ser que as próximas linhas te inspirem a pensar diferente. Afinal o nosso entrevistado desta edição é alguém que, remando contra essa maré, encarou um processo seletivo aos 63 anos de idade, já aposentado, para se tornar assistente técnico no Crea-SP: o engenheiro José Hildebrando Pinto, que trabalha no Departamento de Apoio ao Colegiado 1, na Sede Angélica. Nascido em 11 de outubro de 1945 na área rural de Gonçalves, sul de Minas, na época ainda um distrito de Paraisópolis, é fi lho de agricultores que veram oito fi lhos, dos quais seis já faleceram. “Sou o caçula, fi lho temporão”, enfa za. Cursou o primário em Paraisópolis e o ginásio em São Bento do Sapucaí. Por infl uência do pai, admirador da profi ssão, resolveu seguir a Engenharia, matriculando- se no então Ins tuto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá, fundado em 1913, hoje Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI. Órfão de pai aos 12 anos e de mãe aos 20, foi a primeira pessoa de toda a família a ter formação universitária. Ano que vem, 10 | R E V I S T A CREA-SP Hildebrando Hildebrando completa cinco décadas de formado Engenheiro Eletricista. “Mas já estou no Sistema Confea/Crea há 51 anos, pois me registrei antes como Técnico em Topografi a”, diz. É membro da Associação dos Diplomados da Universidade Federal de Itajubá, da qual foi diretor no Vale do Paraíba e vice-presidente nacional. “Também fui paraninfo da 100ª turma de engenheiros de Itajubá, tanto da Elétrica quanto da Mecânica”, ressalta. Pra camente saiu dos bancos da universidade para um emprego de engenheiro de equipamentos na PETROBRAS (“naquela época, a oferta era maior do que a procura”, diz), onde par cipou da ampliação do Terminal de São Sebas ão – Tebar e da construção do oleoduto e da estação intermediária de São José do Rio Pardo. “O que mais me orgulha é a estação de bombeamento da PETROBRAS em Rio Pardo, que acompanhei desde o desmatamento da área até o funcionamento das bombas, uma obra feita a toque de caixa, tocada em dois anos”, relembra. Já com especialização em Segurança do Trabalho (concluída em 1975) atuou nessa área por 12 anos na Johnson&Johnson em São José dos Campos, antes, havia sido inspetor especial do onde chegou a Gerente do Departamento Conselho em São Sebas ão). “Achei que de Segurança e Saúde Ocupacional. De lá, poderia voltar a ter uma a vidade fi xa e transferiu-se para a AmBev (Companhia de vislumbrei o Crea-SP como uma possibi- Bebidas das Américas, antes Brahma e hoje lidade interessante. Apesar da idade, eu a mul nacional Anheuser-Busch InBev). nha uma disposição muito grande, então Também foi professor da modalidade na me revigorei com o trabalho”, diz. Faculdade de Engenharia da Universidade do Nos três primeiros anos de casa, atuou Vale do Paraíba e da Escola Técnica Professor na área de manutenção e, em 2012, foi Everaldo Passos, em São José dos Campos. para a Superintendência de Colegiados, Sobre a Engenharia, avalia: “É uma onde já atuou como assistente técnico de profi ssão que mexe com o progresso; diferentes Câmaras Especializadas. onde está o engenheiro alguma coisa está “Até pela minha idade, eu converso sendo pensada, planejada, projetada ou com os conselheiros mais como amigos, construída; a presença do engenheiro então isso facilita e muito o trabalho. signifi ca progresso, a melhoria da qualidade A minha experiência profi ssional em de vida das pessoas está in mamente vários segmentos tem ajudado bastante ligada à engenharia. Eu me reconheço como também, me sinto bastante confortável”, alguém que procurou diz, citando Confúcio: “‘a melhorar o ambiente experiência é uma lan- “Apesar da idade, em que trabalha”. terna dependurada nas eu tinha uma Paralelamente à costas que apenas ilumina disposição muito Engenharia, chegou o caminho já percorrido’. grande, então me a cursar Matemá ca Por isso, diante de uma revigorei com em Itajubá por situação já vivida, sabemos o trabalho” quatro anos. Anos mais ou menos o resultado, depois, formou-se não nos apavoramos diante em Direito e, em 2008, ‘ rou’ sua carteira de uma situação por mais complexa que da OAB. “Como a Engenharia de Segurança seja. Meu lema de vida é não levar a vida do Trabalho está pautada em leis, esse muito a sério; momentos de descontração conhecimento foi extremamente ú l para sempre fazem bem; por maior que seja o mim”, analisa. problema, vamos manter a calma que a Aposentado em 2000, dedicou-se à solução aparecerá”. consultoria de Engenharia de Segurança do Os colegas de trabalho celebram Trabalho e Perícia Judicial e, oito anos depois, a convivência. “Tenho por ele o maior foi aprovado no concurso do Crea-SP (anos respeito e admiração pelo profi ssional R E V I S T A CREA-SP | 11