É de berço que se aprende a ser voluntária
QUANDO NÃO ESTÁ na UGI Mogi Guaçu, exercendo a função de agente
administra va, Márcia Maria Rodrigues Pereira integra o chamado “Ramo
Santa Teresa D’Ávila” da Pastoral da Criança, en dade social ligada à Igreja
Católica. Inspirada pela mãe, que par cipou dos primeiros trabalhos da
Pastoral naquele município há 30 anos, Márcia é voluntária do projeto desde
2005. “Quando o padre de minha paróquia disse que queria iniciar a Pastoral
da Criança em meu bairro e precisava de voluntários, eu me ofereci para
ajudar”, conta. “Sempre gostei de crianças e, quando surgiu a oportunidade
de trabalhar na Pastoral, fi quei muito animada”.
Por mais de uma década, Márcia se dedica a visitar grupos carentes
de atenção básica, como crianças e gestantes. Também realiza encontros
religiosos e capacita lideranças, além de criar, organizar e divulgar a vidades
voluntárias. “Não nha noção que, para par cipar da Pastoral, teria de
fazer muitos cursos. Mas isso é o que me anima: estar sempre estudando,
aprendendo e orientando as crianças, mães e gestantes”, diz.
Além da mãe, outra fonte de inspiração para Márcia é a Dra. Zilda Arns
Neumann, fundadora da Pastoral da Criança, por ter colocado sua carreira de
médica pediatra e sanitarista a favor do desenvolvimento de métodos para
salvar a vida das crianças carentes e desnutridas. “A Dra. Zilda nha a clara
consciência de que a transformação da sociedade se faz a par r da base que se
mobiliza, sem deixar, contudo, de cobrar do Estado as suas obrigações”, ressalta.
Desde 2017, quando par cipou da “Ofi cina do Amor e Ação” pela
Pastoral, percebeu que a missão de levar alegria não deveria ser somente
Uma forma de alimentar sonhos
voltada às crianças. Daí surgiu a
sua segunda a vidade voluntária: o
“Doutores Castelo da Alegria Interior
– CAI”, onde encarna a clown Dra.
Baby, que faz visitas a asilos, escolas e
eventos missionários. Lá descobriu que
o tradicional trabalho de palhaço não
é apenas brincadeira, destacando que
“envolve um conhecimento interno e
ninguém pode oferecer uma alegria aos
outros se não tem a paz e tranquilidade
em seu interior”.
“Quando doamos nosso tempo para
ajudar as pessoas carentes (fi nanceira
e afe vamente) recebemos em dobro.
Um sorriso de uma criança ou idoso é a
minha recompensa. Não há dinheiro no
mundo que pague a realização pessoal
em estar a serviço de quem necessita”,
conta Márcia, fi nalizando seu depoimento
com a seguinte frase: “Fica sempre
o cheiro de perfume nas mãos que
oferecem rosas”.
AS COLABORADORAS Efi gênia Almeida
Fernandes, Fá ma de Lima Barbosa e
Vera Lúcia Matos Silva, respec vamente
agente fi scal e agentes administra vas,
hasteiam a bandeira do voluntarismo
na UGI Centro. “Nossa cooperação se
resume em colaborar mensalmente com
várias ins tuições de assistência e apoio
à criança”, comentam as colegas, que
costumam dedicar parte de seu tempo
a en dades como o Grupo de Apoio ao
Adolescente e à Criança com Câncer –
GRAACC, a Associação de Assistência à
Criança Defi ciente – AACD e o Centro de
Apoio à Criança Carente com Câncer –
Cândida Bermejo Camargo.
Além das contribuições mensais,
e principalmente com a chegada das
festas de final de ano, o trio repete uma
ação que já virou tradição: ir à agência
dos Correios e “adotar cartinhas”
enviadas por crianças de até 10 anos na
campanha “Papai Noel dos Correios”.
O ato de presentear é o mesmo que
“promover a alegria e alimentar
sonhos”, destacam. ◘
JORNALISTA GUILHERME MONTEIRO
Voluntário de carteirinha
Para ser voluntário(a), pesquise também:
Nações Unidas no Brasil
nacoesunidas.org/vagas/voluntariado
Portal de Voluntariado Atados
www.atados.com.br
Centro de Voluntariado de SP
www.voluntariado.org.br
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R E V I S T A CREA-SP
“O voluntariado deve ter como principal
obje vo o aprimoramento pessoal. Não
adianta fazer caridade na rua, mas ser
desonesto no trabalho e não se relacio-
nar bem com as pessoas. Humildade
também importa. Tem voluntário que só
quer ajudar do jeito dele, sem se abrir
para escutar o outro a respeito do que
ele realmente precisa. No meu trabalho,
incen vo a criação cole va de soluções.
Se eu estou a serviço de alguém, é esse
alguém que deve ser o protagonista das
ações, não o voluntário”.
O depoimento do parágrafo
acima é do colega Gustavo Leutwiler
Fernandez, agente de comunicação
do Departamento de Comunicação e
Eventos, que, em suas férias anuais,
já viajou para quatro países para
trabalhar como voluntário – África do
Sul, Zimbabwe, E ópia e Pales na –,
além de outros locais no Brasil. Ou
seja, é preciso muita disponibilidade
de espírito para isso e, entre uma
viagem e outra, não deixa a peteca
cair: escreveu o livro “Africanamente:
o que vivi e aprendi como voluntário
na África”, pela Editora Autografi a, e
criou a plataforma Trip Voluntária (para
conhecer, acesse www.tripvoluntaria.
com.br ou @tripvoluntaria no Facebook
e Instagram).
Três dicas para se
tornar um voluntário
1. Defi na a sua causa
O primeiro passo é saber
qual causa social mais
mexe com você. De
inicia vas com crianças,
jovens, adultos e idosos a
sustentabilidade ambiental
e capacitação profi ssional
de refugiados, são muitas
as oportunidades para você
se situar.
2. Comprometa-se
Se interessou por
alguma opção de
trabalho voluntário?
Boa! Agora, você tem o
perfi l requisitado e sabe
desempenhar a função
que a ins tuição está
buscando? Algumas vagas
têm horário fl exível e
outras não. Você tem
disponibilidade no horário
determinado, ou para a
quan dade de horas que a
ins tuição está pedindo?
Feitas estas perguntas, tudo
certo, é só seguir para o
terceiro e úl mo passo.
3. Candidate-se a uma vaga
Encontrada a vaga, basta
se inscrever. Agora a
ins tuição está contando
com a sua colaboração,
por isso, não faça pouco
caso da sua inscrição e
compareça. Se algum
imprevisto surgir e
não puder ir, avise o
responsável pela vaga com
o máximo de antecedência
possível.
Com informações de
“Atados”.
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