Revista Crea-SP | nº 05 | Page 14

FINANÇAS VIVER BEM: não gastar mais do que ganha é o segredo 14 | R E V I S T A CREA-SP As aparências enganam: a única coisa certa na vida é que neste momento estamos vivos e, se estamos vivos, precisamos nos programar para o futuro. Com o passar dos anos, nosso corpo não é o mesmo e os planos de saúde são mais caros a partir de certa idade, estou errada? Porém podemos não ter os mesmos gastos que temos na juventude. Os filhos já estão criados, os custos de casa podem ser menores. Tudo é uma questão de planejamento. Não há mágica. O equilíbrio é a chave de tudo. Conheço pessoas que ganham muito dinheiro e vivem endividadas tanto quanto aquelas que ganham pouco. Que adianta ganhar 50 mil por mês e gastar 60? Essas pessoas têm o mesmo problema que aquelas que ganham mil e gastam dois mil. Qual o segredo então? Gastar menos do que ganha. Ponto. Sem mágica. Mas aí me perguntam: e como eu faço? Eu ganho muito pouco. Vou dizer: todos ganham exatamente o que merecem. Essa é a verdade e parece muito dura. Ninguém gosta de ouvir isso. Mas é a pura verdade. A questão é: o que estamos fazendo para mudar este cenário? Quem trabalha pelo dinheiro simplesmente empobrece. Isso é muito pequeno. Grandes mentes trabalham por propósito. Quem trabalha para pagar contas terá cada vez mais contas e menos dinheiro. Quando não há propósito qualquer coisa serve. Inclusive gastar naquilo que gera custo. E manter um círculo vicioso de viver para pagar contas e investir naquilo que gera custo. É muito fácil reclamar. Colocar a culpa nos outros, na empresa, na vida, nas oportunidades, mas a questão é: o que estamos fazendo para mudar nosso ciclo? Quais os cursos que estamos fazendo (há uma série de cursos gratuitos)? Quais atividades extras estamos fazendo para gerar renda? Onde estamos colocando nosso dinheiro? A ideia é primeiro poupar para depois investir; só que as pessoas, de uma forma geral, tem um comportamento errado diante dos investimentos: investem naquilo que gera custo quanto o correto é investir naquilo que gera renda. Dia desses conheci um executivo da HP fazendo UberBlack. Comecei a conversar e a questionar o motivo disso. Era um carro importado, custos de IPVA, seguro, estacionamento, combustível, etc. Fazia sentido o compartilhamento e achei o máximo. Ele estava fazendo exatamente o correto. Para que ter um carro daqueles parado? Ligava o aplicativo na ida ao trabalho e na volta também. O veículo tinha que se pagar. Muitas pessoas se endividam para ter um carro que fica a maior parte do tempo na garagem. Isso é jogar dinheiro fora. A classe média - de uma forma geral - faz isso. Endivida-se para ter carro, casa, etc. e não gera renda passiva. De uma maneira geral, lazer é a categoria de consumo que mais traz gastos mensais para o brasileiro. Em média, os gastos são compostos por R$ 389 por mês com atividades de entretenimento (cinema, boates, bares e outros), R$ 223 com produtos em geral (roupas, calçados, acessórios e outros) e R$ 137 em serviços (telefonia móvel, TV a cabo, plano de saúde e outros). Os dados fazem parte de uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito - SPC Brasil e pelo portal de educação financeira Meu Bolso Feliz, junto a 620 pessoas maiores de 18 anos, de todas as capitais brasileiras. Então vamos imaginar uma pessoa com 30 anos e que faça esse tipo de gasto até os 50. Estamos falando de duas décadas. Se houvesse uma poupança nessa proporção, estaríamos falando de aproximadamente R$ 347 mil reais. Muito dinheiro que poderia gerar mais dinheiro se fosse investido naquilo que gera renda e não custo. Mas depende do propósito e da disposição para mudar. Mudar dói. Faz com que saiamos da zona de conforto. Quantos estão dispostos a isso? Poucos. A vontade de fazer a diferença e de fazer diferente é a chave para o sucesso. ◘ A Chefe da Unidade de Contabilidade Janaína Macedo Calvo é consultora nas áreas de Contabilidade, Finanças, Administração e Recursos Humanos e já levou a centenas de pessoas do Brasil e de outros países palestras e treinamentos mostrando que é possível ser feliz e não pagar caro por isso. R E V I S T A CREA-SP | 15