REVISTA CEP EM CENA REVISTA TEATRO CEP N1 | Page 24
M
as no drama a dimensão do ‘dialogo’ é re-
duzida a falas entre os personagens ficcionais e não
leva em conta a relação direta artista-espectador. Já
nesta nova escrita, que amplia a ‘forma dialogada’
e “inclui na estrutura dramatúrgica também o eixo
comunicativo com o público, de modo a criar efeitos
estéticos e reflexivos exatamente a partir da copre-
sença problemática destes dois eixos” (BAUGÄR-
TEL, 2011) se permite expor ao olhar crítico dos es-
pectadores a narrativa e as ações dos personagens, e
mostrar ao mesmo tempo a língua enquanto estru-
tura verbal objetiva que atravessa o sujeito falante.
A figura em cena vira tanto agente enunciante dessa
estrutura quanto sujeito que é sujeito à estrutura da
linguagem verbal.
Para tanto encontramos nestes textos teatrais con-
temporâneos algumas características próprias deste
universo que se abre. Como a escrita por fragmen-
tos, onde o discurso foge a uma unidade de tempo,
espaço ou ação. Em Psicose 4.48, no trecho abaixo,
Sarah está conversando sobre o ferimento que ela
mesma fizera em seu braço, sobre estar doente ou
não e na sequência altera o caminho do discurso.
Como se fechasse uma história e começasse outra,
sem mesmo ter terminado.
- (Olha) E você acha que não está doente?
- Não.
- Eu acho. A culpa não é sua. Mas você tem que as-
sumir a responsabilidade pelos seus atos. Por favor
não faça isso de novo.