Sônia Araújo
Mestre em Educação
EMPATIA
EM QUALQUER MOMENTO E LUGAR!
A
empatia, esta arte de saber se colocar no lugar do outro, via
imaginação, vivendo e compreendendo seus sentimentos, é
necessária ao ser humano. O problema é que nem todos
possuem esse dom e alguns poucos o conhecem ou valorizam.
Este dé cit de empatia, esta di culdade de nos colocarmos no lugar da
outra pessoa, de nos identi carmos emocionalmente e poder ver o
mundo através de olhos diferentes dos nossos, di culta os
relacionamentos e passa a ser um problema social.
Por não estarmos “na pele” do outro, não conseguimos sentir o que se
passa com ele. Muitas vezes não percebemos: uma criança que
necessita de amparo, um desconhecido que passa por nós, sem receber
um bom dia ou um adolescente que está sofrendo horrores com as
práticas de cyberbullying.
Evidências de dé cit de empatia na sociedade estão em toda parte:
crianças e adolescentes com poder aquisitivo diferentes, estudam em
escolas separadas e não podem ser amigos; quando civis perdem suas
vidas em guerras, a violência política e étnica, a intolerância religiosa, a
pobreza e a fome que assolam vários países e abusos dos direitos
humanos.
Isto para citar apenas alguns motivos, para que passemos a pensar a
empatia como uma força coletiva capaz de trazer mudanças sociais e
políticas e não somente como uma relação entre indivíduos.
O maior responsável por esta situação é a cultura. Vivemos num país
considerado multicultural, assim, essa mistura de crenças, cores e
valores, nos diz a todo momento que nossa principal meta de vida é ser
rico, magro, jovem, “sarado”, famoso e bonito.
Esta “padronização” da beleza é um elemento a ser discutido, pois
estamos falando de gente, do ser humano e que sabemos, são
diferentes, para o bem de todos nós. Portanto estipular o que é bonito
ou não, é um grande engano, pois essa beleza depende da visão de cada
um.
A empatia possui dois aspectos: o positivo, que é facilitar a
comunicação e com isso a resolução dos problemas. A comunicação
representa um aspecto extremamente amplo tanto na vida humana
quanto na das organizações, devido ser o cerne de toda e qualquer
atividade viva e que se impõe como uma necessidade básica e inerente
ao próprio ser.
Ela consegue informar, motivar, ensinar, emocionar, vender, distrair,
entusiasmar, construir mitos, destruir reputações, formar opiniões,
deformar pensamentos, distorcer fatos, orientar, desorientar, fazer rir,
chorar, inspirar, reduzir a solidão e – num paradoxo que con rma a
grande magnitude do seu potencial – produzir até mesmo a falta de
comunicação. Isto porque o bombardeio de notícias dos veículos de
comunicação é tão intenso, que o indivíduo não consegue interpretar
todas as informações recebidas.
O segundo aspecto da empatia, o negativo, é quando vivemos com
base nos mesmos valores, da mesma forma que viveram nossos
antepassados, sem acompanhar as mudanças que exigem de nós, todo
e qualquer tipo de aceitação ou adaptação a elas.
O fato de não aceitar as mudanças atuais e necessárias para um bom
convívio, impede o acompanhamento, a vivência e o conhecimento do
outro, di cultando assim, os relacionamentos humanos,
imprescindíveis no nosso cotidiano.
Outro ponto a ser considerado é que não podemos confundir a
empatia com o viver a vida do outro. O fato de sermos capazes de
entender outras vivências e conseguir nos visualizar na mesma
situação, não pode ser confundido ou esquecido. Faz-se necessário
lembrar que é o outro quem está vivendo determinado problema ou
situação.
A empatia, quando aplicada ao cyberbullying, necessita de ser entendida
e aceita, principalmente pelos autores da referida prática. Eles
precisam saber o resultado de suas atitudes e para isso, nada melhor do
que levá-los a se colocar no lugar desta. São formas simples e práticas
que surtirão efeito rápido, pois de fácil entendimento para todos.
As pessoas empáticas possuem hábitos que conseguem mudar nossas
mentes e levar-nos a perceber que a empatia é o cerne da natureza
humana. Conseguem ativar a curiosidade e tirar “nossa máscara
emocional”, transportando-nos para outras mentes via artes: cinema,
música, literatura, redes sociais e internet. A imaginação também é
uma arte a ser exercitada na empatia, pois possibilita o “viajar”
consciente para colocarmo-nos no lugar do outro, inclusive dos
próprios inimigos ou daqueles que possuem culturas diferentes da
nossa.
A família, escola e sociedade em geral devem considerar a empatia
como uma prática natural, segura e que, quando trabalhada junto aos
adolescentes, trará retornos num curto espaço de tempo.