Revista Cantera CANTERA 9 | Page 30

Em fome pela Recoleta À meia noite, Buenos Aires é um delírio De pólvora e concreto esfarelado Quando a fome entra ligeira, garganta a dentro, E cada metro percorrido faz da calle Corrientes, um pedaço esquecido do mundo Na próxima esquina, a do esquecimento inóspito, dos chicas se devoram em meio às sombras da madrugada Juntas, pulsam ao ritmo elétrico da boate fluorescente Hay vivir solo, cabron ?Si, pero ya lo soy, che? Pigarreio as horas ?Lo que puedo hacer, sonreir? Dois meninos cambaleiam até um velho automóvel El chico uno lleva gafas O outro, um cacho de bananas nanicas Que me doem de desejo Me acosté con hambre los últimos tres días E os faróis e estações caminham pela calle Santa Fe Tudo converge para o vendaval que preenche as cadeiras vazias do Rincon Norteño Me gustaria una hamburguesa completa Mi humanidad pide que mi hambre se va A fome é o desejo de esfarelar o cotovelo gasto, o arranhar da barba pela vitrine fedorenta na dispersão da noite, o rasgo no saco de lixo tóxico na esquina com a calle Riobamba Como son felices, no? Padre, Madre y chicos Assim como o meu salto desgraçado pelo sistema métrico que cruza o Oceano Índico e termina a dois passos do Sul em meio a transa dos trópicos No puedo ayudarte, joven Todos sabem que é impossível medir o desejo Ou os passos entre a lua e o pé do estômago 30