Revista Arte e Design Revista Arte e Design - Tarsila | Page 22

22 Antoprofagia Veremos um dos momentos mais importantes na carreira de Tarsila, onde suas obras ficaram bem populares e a criação de umas de suas obras mais importantes, o Abaporu. Texto por: Gabriela Bueno Tarsila estava empolgada, pois, queria dar um presente para seu marido Oswald de Andrade, e em uma noite sozinha pin- tou o quadro mais popular de sua carreira como pintora, o “Abaporu”, quando seu marido viu a tela ficou fascinado e impres- sionado dizendo que era o melhor quadro que ela já havia feito. Ele chamou seu amigo para apreciar a obra com ele, e o mesmo mostrou a mesma reação de Oswald, eles não sabiam o que o quadro se tratava. Tarsila consultou um di- cionário de Tupi Guarani, ela queria dar um nome único e selvagem a sua criação e ba- tizou de Abaporu, o que significa “homem que come carne humana” o antropófago. Assim a partir dessa obra Tarsila junto de seu marido fundaram o movimento antropofágico, a obra de Abaporu sim- bolizou o movimento que queriam engolir a cultura europeia que era a mais popular da época, assim valorizando o nosso país e a nossa arte e cultura. Tarsila contou que o Abaporu era fruto de imagens do seu inconsciente, e que tinha haver com a lembrança das histórias que as negras contavam para ela quando era ap- enas uma menina da fazenda. Oswald escreveu o manifesto antropofági- co onde coloca “Tupi or not tupi” para 23 mostrar a grande essência do movimento criado. As obras de Tarsila no movimen- to foi feita grande parte de seus sonhos onde tinham as histórias infantis contadas para ela, fazendo quadros que marcari- am o período. Demorou muito para que a tela do Abaporu fosse compreendida pe- las pessoas, e principalmente para que se tornasse uma das telas mais caras da história brasileira. Em 1929 Tarsila fez sua primeira exposição individual no Brasil, neste mesmo ano teve a crise da bolsa de Nova York com a crise do café no Brasil, assim a vida da artista mudou completa- mente, seu pai perdeu muito dinheiro teve várias fazendas hipotecadas fazendo Tarsi- la ir trabalhar para conseguir se sustentar. Depois se separou de Oswald, pois, o mes- mo a traiu com uma estudante de dezoito anos conhecida como Pagu. “Tarsila contou que o Abaporu era fruto de imagens do seu inconsciente, e que tinha a haver com a lembrança das histórias que as negras contavam para ela quando era apenas uma menina da fazenda.” ANTROPOFAGIA, 1929, óleo sobre tela, 79x101 cm. Fundação José e Paulina Nemirovsky, SP. Nesta obra a pintora fez a fusão dos quadros A Negra e o Abaporu. Alguns elementos aparecem com diferenças das obras originais. Os rostos da Negra e do Abaporu estão diferentes, assim como os pés e as mãos. Mas isso não interfere na percepção da união das duas obras, e na magnitude do conjunto formado. Texto e imagens retiradas do site da Tarsila oficial tarsiladoamaral.com.br