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á estamos chegando ao final do ano e, mais um novo ano se aproxima. As esperanças
renascem em nossos corações. E, com elas, ressurgem novas ilusões, que dentro de nós,
estávamos guardando. Esperamos que aconteçam coisas diferentes e que nos deixem mais
alegres, mais contentes e mais realizados.
À luz da ciência, a virada de ano não passa de um limite cronológico, o período de 365 dias e
6 horas da translação, quando a Terra completa uma volta ao redor do Sol. E a tradição nos
permite dar a essa passagem o clima feérico que nos leva a pular ondas, fazer brindes, vestir o
branco, comer lentilha, romã e distribuir louros.
Debaixo das superstições, contagiados pela oportunidade que o novo começo nos dá de
recomeçar, talvez seja a hora de mudar. E a mudança brota da consciência para se concretizar
na química que nasce da união de coração e mente.
Quem sabe seja a hora de parar de fumar, de recuperar a boa forma, de buscar o novo
trabalho, de comprar um carro, encontrar a cara-metade, morar na casa própria, casar...
Mas, melhor seria que, ao mesmo tempo, tivéssemos olhos para as conquistas abstratas, para
a renovação dos valores e das prioridades.
Já passou do tempo do ser humano entender que a felicidade não é um bem material, mas um
estilo de vida que se adota e se preserva em cada atitude, em cada pensamento em cada
palavra. Demoramos a notar que as mansões de nada valem quando seus ocupantes são
incapazes de transformá-las em lares. Desperdiçamos tempo sem perceber que anéis não
reluzem sem dedos que os ostentam, carrões não se justificam quando rodam com
passageiros e rumo a destinos incertos.
O mundo ainda gira em torno do homem e o homem se perde na vertigem de rodar numa
busca desesperada do que só se encontra dentro de si próprio.
Pergunte-se: Qual é, verdadeiramente, o sentido da palavra felicidade para você? Quais são,
verdadeiramente, os seus prazeres? Você já deu um abraço forte nas pessoas que você ama,
nesta semana? Conseguiu se espreguiçar na cama por uns dois minutos de manhã? Quantas
horas você dedicou para curtir o carinho de seus filhos, nesta última semana? Quanto tempo
você ficou debruçado na janela para ver o espetáculo que a última chuva, ou o pôr-do-sol,
proporcionou? Por alguma razão, em algum momento da vida, você deixou de curtir esses
pequenos prazeres?
Muitas pessoas estão deixando de curtir as coisas mais importantes da vida. Estão deixando a
vida, simplesmente, passar. Pense: quanto custaria a você gastar um pouquinho de seu tempo
para, simplesmente, curtir esses pequenos prazeres? Nada!
Perceba que curtir a vida pode não custar nada. Porém, você não consegue aproveitar nem
uma pequena parcela da enorme quantidade de presentes que Deus lhe dá, todos os dias.
22 - REVISTA AMOORENO - OUTUBRO 2018